CHECAGEM

Vídeo com policial não prova que invasão ao Congresso foi “farsa”

Uma publicação nega o ocorrido dizendo que as pessoas entraram nas sedes dos três Poderes, em Brasília, com o apoio da polícia, o que não é verdade.

Projeto Comprova

Vídeo com policial não prova que invasão ao Congresso foi “farsa”.
Vídeo com policial não prova que invasão ao Congresso foi “farsa”. (Reprodução/Projeto Comprova)

Enganoso

Post engana ao afirmar que o Congresso não foi invadido em 8 de janeiro de 2023 e que a invasão por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não passaria de uma farsa. Como foi possível acompanhar ao vivo por veículos de comunicação e como mostram documentos como o relatório final da Polícia Federal e a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre os atos antidemocráticos, os manifestantes foram orientados por um grupo do qual fazia parte Bolsonaro.

Conteúdo investigado: Post com legenda dizendo que “nunca houve invasão dos patriotas” e “acabou a farsa”. O vídeo mostra um homem afirmando que acompanhou um policial que entrou no local e que ele teria dito “A gente está com vocês”. Atrás desse homem há pessoas com a bandeira do Brasil amarradas ao corpo falando com um policial e, sobre o vídeo, o texto: “A polícia chamou os patriotas pra dentro do Congresso. Patriotas não invadiram nada; Acabou a farsa do ‘golpi’”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Diferentemente do que afirma post viral, o Congresso foi invadido em 8 de janeiro de 2023. Uma publicação nega o ocorrido dizendo que as pessoas entraram nas sedes dos três Poderes, em Brasília, com o apoio da polícia, o que não é verdade.

Conteúdos de desinformação tentando tirar a culpa dos golpistas circulam desde 2023. Exemplo: um dia após o ataque antidemocrático, o Aos Fatos publicou que os manifestantes acusavam falsamente pessoas infiltradas pelo vandalismo. Segundo o veículo, em reportagem publicada um dia depois da invasão, os próprios manifestantes, bolsonaristas, divulgaram imagens em que celebravam os atos de vandalismo.

Os ataques de 8 de janeiro, que puderam ser acompanhados ao vivo, foram feitos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como mostra o relatório final da Polícia Federal. O documento afirma haver elementos que comprovam a “interlocução entre lideranças das manifestações antidemocráticas e integrantes do governo do então presidente Jair Bolsonaro para dar respaldo e intensificar os movimentos de ataque às instituições”.

E, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso, os manifestantes foram orientados por um grupo do qual fazia parte Bolsonaro. O documento narra que “os participantes daquela jornada desceram toda a avenida que liga o setor militar urbano ao Congresso Nacional, acompanhados e escoltados por policiais militares do Distrito Federal” e que “mais adiante, a multidão, que estava contida em lugar a distância cautelosa da Praça dos Três Poderes, viu-se livre de todo obstáculo policial para ali chegar e tomá-la de assalto”.

No vídeo usado no post verificado, um homem dentro do Congresso afirma que um policial teria dito que estava apoiando os manifestantes. O Comprova não conseguiu confirmar a afirmação, mas, ainda de acordo com a PGR, policiais estariam alinhados com o movimento golpista. Em fevereiro deste ano, o procurador-geral, Paulo Gonet, pediu a condenação da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por conta dos ataques.

Carolina Barreto Siebra, advogada do homem que aparece no vídeo, reafirmou o conteúdo do post em contato com o Comprova. “Eles foram chamados para entrar, sim, e os policiais ainda disseram que eles se mantivessem lá, que era o local mais seguro”, disse. Informada de que não foi isso o que foi informado na ação penal contra seu cliente, ela respondeu que o documento “não conseguiu provar absolutamente nada, não individualizou conduta alguma”.

A reportagem tentou contato com o autor do post, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O post foi visualizado mais de 285 mil vezes até 20 de março.

Fontes que consultamos: Relatório final da Polícia Federal e denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre os atos golpistas, ação penal contra o homem que aparece no post e reportagens sobre o tema.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Como informado acima, os desinformadores publicam conteúdos enganosos sobre os atos antidemocráticos desde que eles ocorreram, em janeiro de 2023. O Comprova já verificou, por exemplo, que imagens do 8 de janeiro não foram vazadas e nem provam que Lula (PT) armou invasão e que vídeo antigo de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, é usado para negar que ataques foram tentativa de golpe.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

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