Não adiantou

Área técnica do governo alertou para 'riscos' de MP de Lula

Setor técnico do Governo alertou para os riscos jurídicos, uma vez que Lula optou por reonerar a folha de pagamentos depois de o Congresso decidir justamente o contrário.

Ipolítica, com informações do Globo

Atualizada em 24/02/2024 às 11h25
Apesar de alertado sobre jurisprudência adotada pelo STF, Lula decidiu editar MP contrariando matéria aprovada pelo Congresso
Apesar de alertado sobre jurisprudência adotada pelo STF, Lula decidiu editar MP contrariando matéria aprovada pelo Congresso (Reprodução)

BRASÍLIA - Ao analisar a Medida Provisória assinada pelo presidente Lula (PT), a área técnica do governo federal fez um alerta sobre os riscos jurídicos de reonerar a folha de pagamento para 17 setores intensivos em mão de obra, depois de o Congresso Nacional ter decidido justamente o contrário, após longa análise do tema por deputados e senadores.

Trata-se de um parecer emitido pela Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos (SAJ), vinculada à Casa Civil, que apontou que o ato poderia ser questionado no Supremo Tribunal Federal (STF) por estar revendo uma decisão do Congresso. 

A função da SAJ é analisar a viabilidade jurídica de todos os atos assinados pelo presidente da República. 

Apesar do alerta da SAJ, Lula insistiu na pauta - insatisfeito com a derrota no Congresso -, e regulamentou o tema por meio de medida provisória, onde não cabe, num primeiro momento, análise pelo Legislativo.

Em 2023 o Congresso Nacional aprovou a desoneração da folha estendida até 2027. O projeto foi vetado pelo presidente Lula, mas o veto foi derrubado pelos parlamentares. Em dezembro, porém, a Presidência da República restabeleceu a reoneração por meio de medida provisória, num ato encarado pela oposição como “ditatorial” e de “desrespeito” ao Congresso.

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Riscos

O parecer da SAJ afirma ser necessário “alertar sobre o risco jurídico diante das recentes posições do Supremo Tribunal Federal a respeito da edição de Medidas Provisórias que tratem de matéria analisada pelo Poder Legislativo.”

A secretaria citou como exemplo um julgamento do STF que suspendeu uma MP editada pelo então presidente Jair Bolsonaro, por considerar que ela contrariava decisões do Congresso sobre a Lei Paulo Gustavo e sobre o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

“Logo, esse aspecto merece atenção, considerando-se os riscos jurídicos envolvidos”, destaca trecho do texto.

A MP do governo contraria uma proposta promulgada pelo Congresso, que permitia a empresas desses 17 setores substituírem a contribuição previdenciária — de 20% sobre os salários dos empregados — por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento, que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o setor e o serviço prestado.

Procurada, a Casa Civil afirmou em nota que o “parecer reconhece a total constitucionalidade do conteúdo da medida provisória, em especial a reoneração da folha de salário.”

“Neste caso, o que houve foi um mero alerta de potencial questionamento, algo padrão em qualquer manifestação jurídica. A análise de todos os cenários jurídicos possíveis, como uma matriz de risco, não deve ser entendida como óbice jurídico para subscrição da medida provisória pela Presidência da República”, afirma a nota.

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