BRASÍLIA - O presidente Lula (PT) admitiu nesta terça-feira a possibilidade de exoneração do número 2 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti. O petista afirmou que se a polícia mostrar relação entre Moretti e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da instituição, a sua permanência no cargo fica insustentável.
Ramagem foi alvo de uma ação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal (PF), por participação num suposto esquema de espionagem na Abin a autoridades políticas. O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também foi alvo de busca e apreensão no bojo da mesma investigação.
A suspeita levantada desde a semana passada, contudo, é de que o número 2 da Abin também possa ter repassado informações a Ramagem nos últimos anos, por isso a pressão de alguns aliados do presidente pela demissão.
Lula não chegou a citar o nome de Moretti, mas em entrevista admitiu a possibilidade de demissão de um alto escalão da Abin.
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Sem clima
Sem citar Moretti diretamente, Lula afirmou durante entrevista que "tinha um cidadão que mantinha relação com Ramagem" e que "se isso for verdade, não há clima para esse cidadão continuar".
“A gente nunca está seguro. O companheiro que eu indiquei para ser o diretor-geral da Abin (Luiz Fernando Corrêa) é o companheiro que foi meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2010. É uma pessoa que eu tenho muita confiança e por isso o chamei, já que não conhecia ninguém dentro da Abin. E esse companheiro montou a equipe dele. Dentro da equipe dele tinha um cidadão, que é o que está sendo acusado, que mantinha relação com o Ramagem, que é o ex-presidente da Abin do governo passado. Inclusive, relação que permaneceu já durante o trabalho dele na Abin. Se isso for verdade e está sendo provado não há clima para esse cidadão continuar na polícia. Mas antes de você fazer simplesmente a condenação, é importante investigar corretamente”, disse.
Na investigação, a PF cita um possível conluio entre investigados na operação e a atual gestão da Abin. Em relatório apresentada ao ministro Alexandre de Moraes, os investigadores citaram que esse suposto acordo causou prejuízo para a apuração dos fatos, para os investigados e para a própria Abin, constituindo interferência à investigação.
No documento, a PF cita que "as ações realizadas pela alta gestão atual, dessa forma, se mostram prejudiciais à investigação posto que transparecem aos investigados realidade distinta dos fatos". Pelo que apuraram as investigações, a atual direção da Abin teria montado, com os investigados, um acordo para formação de uma estratégia conjunta e um acordo para "cuidar da parte interna".
"Há 10 meses a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A ABIN é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações", disse o órgão.
A PF cita ainda trechos de depoimentos que afirmam que a DG, referência à Diretoria-Geral, teria convencido os servidores de que "há apoio lá de cima".
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