Solenidade

Dia da Democracia no Brasil é celebrado com alusão à ditadura e ao 8 de janeiro

A data lembra a morte do jornalista Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, ocorrida sob tortura em São Paulo.

Agência Senado

Solenidade especial foi realizada no Plenário do Senado
Solenidade especial foi realizada no Plenário do Senado (Waldemir Barreto / Agência Senado)

BRASÍLIA - Em sessão especial realizada nesta sexta-feira (29), em Plenário, o Senado comemorou o Dia da Democracia no Brasil, celebrado anualmente em 25 de outubro. A data lembra a morte do jornalista Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, ocorrida sob tortura nas dependências do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) em 25 de outubro de 1975, em São Paulo.

Realizada por iniciativa da senadora Leila Barros (PDT-DF), a sessão contou a presença de parlamentares, membros do corpo diplomático, estudantes do ensino fundamental e de uma jovem senadora, representante do DF em 2023.

Na abertura da sessão, Leila prestou homenagem ao jornalista e a todos os desaparecidos durante a ditadura militar no Brasil, que vigorou de 1964 a 1985, quando teve início o processo de redemocratização.

“Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, durante a ditadura, 434 pessoas morreram ou desapareceram, e uma delas foi exatamente Vladimir Herzog. Presto minhas homenagens e os meus respeitos a ele e a todas as outras vítimas da ditadura”.

A senadora também fez menção aos episódios ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília, referindo-se aos “manifestantes inconformados com os resultados das urnas, que invadiram palácios, destruíram patrimônio público e instigaram a derrubada das instituições estabelecidas”.

“Muitos estão presos ou sendo processados. Desses acontecimentos, tiramos uma lição importante e dolorida. Aqueles que desejam pôr fim à sociedade democrática devem ser punidos. É preciso ainda que a pena tenha um papel pedagógico para que outros não se arrisquem a atentar violentamente contra o Estado democrático. É preciso aprender a ganhar e é preciso aprender a perder. Democracia não se ensina, é fruto de um longo e, muitas vezes doloroso, percurso de autoaprendizado. É a duras penas que nós, brasileiros, estamos aprendendo a viver democraticamente”, afirmou.

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De acordo com a presidente da sessão, a democracia depende de vários mecanismos, entre os quais, o direito de liberdade de expressão.

“Para funcionar, é bastante exigente. Demanda, dentre outras coisas, que as pessoas possam ter a liberdade de expressar suas ideias, que as pessoas sejam capazes de se associar livremente com os outros e não precisem da permissão de ninguém para informarem e serem informadas.  Exige, ainda, que as eleições sejam livres, ou seja, não podem acontecer fraudes ou manipulações. É fundamental, também, que o direito de voto seja o mais amplo possível. Salvo algumas poucas exceções, todos devem ter o direito ao voto e o direito de ser votado”, afirmou.

Leila destacou ainda que o Congresso Nacional “tem que olhar com a devida atenção o tanto que a data se torna forte e tem um simbolismo maior” depois dos ataques de 8 de janeiro. Em sua fala, a senadora fez menção ao documentário “Democracia para sempre”, produzido pela TV Senado, que retrata “um momento crucial na defesa do Estado democrático de direito e dos desafios do Brasil no seu processo de amadurecimento como nação”.

A arte do equilíbrio

Em sua fala, a estudante e jovem senadora Maria Paula Haraguchi destacou a importância do movimento Diretas Já, em defesa da redemocratização, ocorrido no Brasil em 1983.

“Esse movimento contemplava o anseio do povo de escolher novamente os rumos da nação brasileira. A democracia não é somente um sistema político, mas também a arte de equilibrar posicionamentos divergentes, a arte que preza por um ambiente em que o direito à expressão é priorizado. Infelizmente, o nosso país apresentou e ainda apresenta movimentos que desrespeitam e ferem o pleno exercício da cidadania. Espanto-me, como jovem, como cidadã brasileira, ao ver tantos cidadãos que apoiam tais atitudes antidemocráticas, mesmo que a presença de movimentos assim seja incessante ao longo da história do nosso país”.   

A diretora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (IPol-UnB), Danusa Marques, explicou que a instituição é um espaço diário de construção da democracia, em que as decisões são tomadas de forma colegiada, visando a construção do conhecimento de forma inclusiva e responsável para o fortalecimento democrático do país.

Representando o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o promotor de Justiça Ruy Reis Carvalho Neto falou sobre data de 25 de outubro , que “simboliza os valores e ideais que norteiam a Nação”. Ele destacou ainda que a democracia, “mais do que um sistema político, representa a devida tolerância, participação e diversidade, cidadania e soberania popular, fruto de muitas lutas e sacrifícios ao longo da história”. O promotor afirmou ainda que a democracia “não é uma coisa dada ou definitiva, mas algo que precisa ser constantemente defendido e aprimorado com o compromisso de todos os setores da sociedade”.

Em nome da Advocacia-Geral da União (AGU), o procurador-geral da União, Marcelo Eugênio Feitosa Almeida, disse que “a democracia precisa ser alimentada, cultivada, defendida e reafirmada diariamente”.

“A nossa democracia brasileira é sólida, o sistema eleitoral é sólido e capaz de realizar a sua missão constitucional”.

Além da senadora Leila, o requerimento para a realização da sessão (RQS 50/2023) foi subscrito pelas senadoras Daniella Ribeiro (PSD-PB), Mara Gabrilli (PSD-SP), Soraya Thronicke (Podemos-MS) e pelos senadores Esperidião Amin (PP-SC), Jorge Kajuru (PSB-GO), Nelsinho Trad (PSD-MS) e Rogério Carvalho (PT-SE).

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