CURITIBA - O novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, foi afastado do posto de titular da operação pelo Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
A decisão atende a uma representação do desembargador federal Marcelo Malucelli, que afirmou que o filho dele, João Eduardo Barreto Malucelli, recebeu uma ligação telefônica com "ameaças".
João Eduardo Barreto Malucelli é sócio do ex-juiz Sergio Moro. O pai dele, Marcelo Malucelli, se declarou suspeito para analisar casos que envolvem a Lava Jato em abril deste ano.
O juiz Eduardo Appio disse que não sabe nada sobre o seu afastamento.
Na decisão do conselho, os magistrados apontaram indícios de que o Appio tenha feito a ligação telefônica para o filho de Marcelo Malucelli. O juiz federal tem15 dias para apresentar defesa.
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Na representação feita pelo desembargador Marcelo Malucelli, há sustentação de que a ligação feita para o filho dele aconteceu de um número bloqueado. A pessoa que fez a chamada se identificou como servidor da área de saúde da Justiça Federal e se apresentou como Fernando Gonçalves Pinheiro.
Apesar disso, segundo a decisão, não existe nenhum servidor com o nome de Fernando Gonçalves Pinheiro na Justiça Federal da 4ª Região.
Na ligação, o suposto servidor teria mencionado valores a devolver e despesas médicas de João Malucelli, "como se detivesse informações de cunho relevante, capazes de causar algum tipo de intimidação, de constrangimento ou de ameaça", segundo o relatório.
O documento cita ainda que o suposto servidor teria questionado o sócio de Moro sobre se ele estaria "aprontando".
Semelhança
O relatório do conselho aponta que há "muita semelhança entre a voz do interlocutor da ligação telefônica suspeita e a do juiz federal Eduardo Fernando Appio. Por isso, a presidência do TRF4 e a Corregedoria Regional encaminharam os fatos à Polícia Federal e solicitaram a realização de perícia para comparação do interlocutor da ligação suspeita com aquele magistrado federal".
A Polícia Federal, por sua vez, afirmou que "o resultado corrobora fortemente a hipótese" de que a voz era de Appio.
Aliados de Appio esperam que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reverta a decisão do afastamento. O ministro Luis Felipe Salomão é o corregedor do órgão.
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