ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Ricardo Cappelli divulga relatório final sobre atos em Brasília

Documento traz detalhes sobre ação de vândalos no dia 8 de janeiro em ataque a sede dos Três Poderes.

Ipolitica com informações do g1

Atualizada em 27/01/2023 às 15h25
Ricardo Cappelli divulga relatório final sobre atos em Brasília
Ricardo Cappelli divulga relatório final sobre atos em Brasília (Divulgação)

BRASÍLIA- Ricardo Cappelli, interventor na segurança do Distrito Federal, divulgou nesta sexta-feira (27) relatório sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília. Segundo o documento, ficou claro que houve "falha operacional" das forças de segurança durante os ataques. O relatório traz ainda detalhes sobre a invasão e depredação da sede dos Três Poderes além de conclusões que podem auxiliar nas investigações. 

Segundo relato das forças policiais, os acampamentos montados em frente ao QG do Exército, em Brasília, durante meses, serviu como base para os atos antidemocráticos. "Todos os eventos, o evento do dia 12 de dezembro, a tentativa de explosão de bomba e bloqueio do aeroporto. Todos os eventos passam de uma forma ou de outra pelo acampamento. Acampamento criminoso que perturbou a ordem pública do DF", afirmou. 

Acampamento golpista

Segundo Cappelli, houve tentativas da PM e outras forças de segurança locais para desmobilizar o acampamento. No entanto, o Exército não permitiu a entrada deles no local. De acordo com o interventor, houve momentos de pico e queda da participação de pessoas no local.

"Logo após a posse, há uma redução do acampamento. As investigações vão dizer se foi uma tática. No dia seguinte à posse, há um processo de desmobilização, mas nos dias 6 e 7, ele explode novamente. Em todos esses eventos, esses elementos saíam do acampamento, praticavam atos e depois regressavam para dentro do Setor Militar Urbano", disse.

Preparação para atos

Já na sexta-feira anterior aos atos, 6 de janeiro, um documento da Secretaria de Segurança Pública já afirmava que os grupos falavam em "tomada de poder" durante os atos e, mesmo assim, a segurança não foi reforçada. "E aí tá descrito tudo o que poderia acontecer. Está documentado isso. Não faltou informação. Na sexta-feira, o gabinete do secretário recebeu a informação", disse.

Segundo Cappelli, mesmo sabendo do risco, o comandante-geral da Polícia Militar à época, não acionou batalhões que poderiam atuar na ocasião."O comandante encaminhou esse memorando para algumas unidades. E não atingiu batalhões importantes como o Batalhão de Operações Especiais Bope. Não foram sequer acionados. Há falha operacional", disse.

O interventor, no entanto, disse que, no dia dos atos, o ex-comandante-geral, Fábio Augusto Vieira, "atuou, tentou defender as linhas, tentou defender o Congresso Nacional, atuou no STF e, apesar do esforço individual dele, tentativas de mobilizar as tropas e outros batalhões, os apelos e ordens não foram atendidos".

Resposta aos atos

Segundo Cappelli, no dia 8 de janeiro, enquanto os golpistas caminhavam para a Esplanada dos Ministérios, a PM já abordou pessoas com máscaras, bola de gude e "aparatos que já manifestavam a intenção de uma ação mais violenta".

Ele também citou demora na resposta das forças de segurança. "A quebra da linha de contenção na altura da Alameda das Bandeiras se dá por volta de 14h43. Entre as 13h até a chegada na linha de contenção, tivemos em torno de 1h40, tempo suficiente para que fosse acionado efetivo, tropas. Mas o acionamento se deu somente às 15h, quando os três poderes já estavam invadidos", disse.

Segundo Cappelli, os gradis e barreiras de contenção colocados para conter os manifestantes não eram suficientes. Ele comentou que chefias das forças de segurança estavam em férias durante os atos.

"Nós tínhamos uma grande parte dos comandantes dos batalhões mais importantes de férias, no dia 8. O chefe do departamento de operações pediu uma dispensa na semana do dia 8. Tínhamos 9 pessoas do comando que não estavam em atuação", disse.

Responsabilização

Questionado, Cappelli criticou as indicações políticas nas forças. "Quando tem na PM político indicando, a gente tem dificuldade de manter a hierarquia e a disciplina. O Poder público não pode politizar indicações".

Segundo o interventor, seis coronéis que estavam em posições de comando foram exonerados. E seis processos administrativos foram abertos pela Corregedoria da PM para apurar responsabilidades. Também foi aberto um inquérito específico sobre as falhas durante o ataque ao STF. Cappelli ainda voltou a criticar a atuação do ex-secretário de Segurança Anderson Torres.

"Fica claro o impacto da posse de Anderson torres e da instabilidade que ele gerou na SSP com nomeações e trocas. A questão aqui é de liderança, de comando. O gestor público que lidera a operação deve ter. Tudo isso faltou no dia 8, na melhor das hipóteses", disse.

Relatório encaminhado

O relatório final também foi protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF), para análise do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que apuram os fatos na Corte.

A previsão inicial era de que o documento fosse entregue a Moraes na quinta-feira (26) mas, segundo a assessoria de Cappelli, a data foi adiada para esta sexta, para que fosse possível apurar mais detalhes sobre os ataques ocorridos na sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Novas imagens dos atos terroristas, divulgadas na quarta (25), mostravam, com mais detalhes, a depredação cometida no local. 



 

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