Longa espera

Criança com hidrocefalia aguarda por cirurgia após suspensão na pandemia

Justiça obriga o município de Bom Jardim e o Estado a garantir cirurgia ao menino.

Imirante.com, com informação do MP-MA

Atualizada em 27/03/2022 às 11h03
Não foi possível realizar o procedimento na criança no Hospital Municipal de Bom Jardim por falta de leito e infraestrutura.
Não foi possível realizar o procedimento na criança no Hospital Municipal de Bom Jardim por falta de leito e infraestrutura. (Foto: arte / Imirante.com)

BOM JARDIM - Atendendo a pedido do Ministério Público do Maranhão, a Justiça determinou, no último sábado (17), que o município de Bom Jardim e o Estado do Maranhão providenciem, no prazo de dois dias, a realização de cirurgia em criança de cinco anos diagnosticada com hidrocefalia congênita e forneçam medicamento essencial para a saúde do menino.

Assinou a Ação Civil Pública, com o pedido de medida liminar, o promotor de Justiça Fábio Santos de Oliveira. Proferiu a sentença o juiz Marcelo Moraes Rego de Souza.

Diagnosticada com a doença desde os primeiros dias de vida, a criança se encontra com a saúde comprometida, necessitando com máxima urgência de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrico para realização da cirurgia denominada “Derivação Ventricular para Peritôneo/Atrio/Pleura/ Raque - implante de DVE”.

A criança precisa, ainda, do uso contínuo da medicação Topiramato 50 mg e da realização de angioplastia.

Segundo a ação, os procedimentos devem ser realizados em qualquer Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) da rede pública ou conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS), de preferência no local onde a criança já esteja aguardando atendimento. Em caso de impossibilidade de realização na rede pública, todos os procedimentos devem ser realizados na rede particular, com todas as despesas custeadas pelos demandados.

Em caso de desobediência, foi fixado pela Justiça o pagamento de multa no valor de R$ 1 mil por dia de descumprimento, até o limite de R$ 100 mil.

Impasse

No dia 19 de fevereiro de 2020, a criança deu entrada em estado grave no Hospital Universitário da UFMA (HUUFMA), em São Luís, quando foi solicitada a realização de ressonância do crânio.

Após a realização do procedimento no mês de abril de 2020, a criança foi atendida por um neurocirurgião, no HUUFMA, no dia 1º de dezembro de 2020. O médico constatou o aumento da pressão craniana em razão da doença congênita da criança.

Foi solicitada a autorização para internação hospitalar para a realização do procedimento cirúrgico “Derivação Ventricular para Peritôneo/Atrio/Pleura/Raque”, de caráter eletiva, cuja data de realização estava agendada para o dia 5 de dezembro de 2020.

No entanto, desde o atendimento médico inicial e até o mês atual, todos os procedimentos eletivos estão suspensos nas unidades hospitalares devido à pandemia de Covid-19, razão pela qual a criança ainda não teve o atendimento médico necessário.

Sem encontrar solução, no dia 15 de abril de 2021, a mãe da criança compareceu à Promotoria de Justiça de Bom Jardim para relatar o agravamento severo da saúde do menino, o qual, em razão da pressão craniana e ausência da realização do procedimento adequado, já perdeu a visão, grita de dor, está com o perímetro cefálico aumentado, com diminuição da atividade motora, com febre e dor de cabeça intensa.

Urgência

A Promotoria de Justiça de Bom Jardim conseguiu, com a ajuda do Centro de Apoio Operacional da Saúde e contato com a Secretaria de Neurocirurgia do HUUFMA, avaliação médica para a criança nessa segunda (19).

Em razão do risco de óbito e atual estado grave da criança, foi solicitado auxílio perante a Secretaria Municipal de Saúde. Porém, não foi possível realizar o procedimento na criança no Hospital Municipal de Bom Jardim, porque este não possui leito disponível e infraestrutura.

Sem leito de UTI pediátrica disponível, o menino foi encaminhado, no dia 17 de abril, ao Hospital Socorrão em São Luís, para implante de DVE com urgência. Contudo, até o momento, segundo a assessoria do MP-MA, a criança está “internada” nos corredores do hospital.

Posicionamento

Por meio de nota, a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), informou ao Imirante.com que a criança citada na reportagem passou por avaliação com especialista em neurocirurgia, no Hospital Socorrão I, após ser transferida da cidade de Bom Jardim (MA). Após autorização médica, o paciente foi encaminhado ao Hospital da Criança, para nova avaliação clínica com a realização de exames, sendo recebido na unidade às 17h30 do dia 17 de abril deste ano.

Ainda em nota, a Semus informou também que, em nova avaliação da equipe do Socorrão I, foi constatado a necessidade de procedimento específico, e providenciado todos os trâmites para a transferência da criança para o Hospital Universitário Materno Infantil, onde encontra-se internado, atualmente.

Leia a íntegra da nota:

"A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informa que a criança citada na reportagem passou por avaliação com especialista em neurocirurgia, no Hospital Socorrão I, após ser transferida da cidade de Bom Jardim (MA). Após autorização médica, o paciente foi encaminhado ao Hospital da Criança, para nova avaliação clínica com a realização de exames, sendo recebido na unidade às 17h30 do dia 17 de abril deste ano.

Em nova avaliação da equipe daquela unidade, foi constatado a necessidade de procedimento específico, e providenciado todos os trâmites para a transferência da criança para o Hospital Universitário Materno Infantil, onde encontra-se internado, atualmente."

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, por meio de sua assessoria, que "o paciente já foi transferido para o Hospital Universitário onde aguardará procedimento cirúrgico que será definido pela equipe médica do hospital".

*Matéria atualizada às 8h33 de 21 de abril

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