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COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

Reminiscências de médicos

Com alguma frequência ex-colegas da Faculdade de Medicina se encontram em algum simpósio por este Brasil

José Ewerton Neto

 
 

Com alguma frequência ex-colegas da Faculdade de Medicina se encontram em algum simpósio por este Brasil 

- Puxa vida, cara! Não me leve a mal, se você fosse um pouco mais alto e menos gordo, me faria lembrar um grande colega que eu tive na República, o Sinésio, que a gente chamava  Margarina.

- Coincidência! Eu também sou Sinésio. Mas nada de Margarina hehehe.

- Bem, eu formei em Recife, mas fiz residência no Rio e você?

- Eu também fiz residência no Rio.

- Ora, você é mesmo o Margarina... Quer dizer, o Sinésio.

- Sem dúvida. E você é o Ernesto Cara de Banjo. Vi logo pela cara... hehehe

Abraçaram-se efusivamente.  A eles, juntou-se  Wamberg,  da mesma época.    Mandaram às favas o simpósio e seus palestrantes e logo estavam num  bar.

- Quer dizer que o Renato Branco agora é deputado.

- Sim, um ano depois que se tornou cirurgião largou o bisturi.

- Parecia tão empolgado com a Medicina. Por que teria largado o bisturi?

- Na verdade, não largou. Esqueceu na barriga de um paciente. Quiseram processá-lo, mas  mobilizou colegas, advogados e sindicatos a favor do direito  humano de errar. Angariou amizades influentes depois que o assunto dominou as páginas da imprensa. Daí pra  frente foi um passo. Elegeu-se deputado e agora quer ser  senador.

- O Branco senador! E o Fulgêncio? Alguém sabe seu paradeiro? Dava até pena, o coitado,  tremia quando via sangue,  vê se pode.

- O Fulgêncio tá na Alemanha.

- Na Alemanha? Fazendo curso?

- Não, dando o curso. É um dos mais renomados especialistas mundiais em medicina quântica e constantemente é chamado para palestras na Europa e até na China.  

- Medicina Quântica? Que diabo é isso, alguém sabe?  Que vida imprevisível. E o que foi feito do Armando Bocudo? Metido a bonitão,  comia todas na Escola. E se gabava disso.

- Casou-se com a Claudete Chilique.

- Como? A Claudete Chilique? Não dá para acreditar, mandei-a passear quando quis dar pra mim num fim de festa.  Era tão sem graça que diziam que o canudo de papel que ela segurava com tanta firmeza na diplomação era a coisa mais dura que ela ia segurar nas mãos pro  resto da vida.

- Também soube. O Bocudo realmente apaixonou-se por ela. Formou-se em psiquiatria e hoje está numa clínica para loucos.

- O Bocudo virou dono de clínica? Ou dá expediente por lá?

- Nem uma coisa nem outra. É paciente. Ficou tantã depois que a Claudete Chilique o encheu de chifre.

- Essa não! Que vida mais louca! Mas por falar em Claudete isso me faz lembrar a Vânia.

- A Vânia da pediatria?

- Essa mesma. Gostosa, burra que nem um poste.

- É, mas acho que um poste não escreveria medicina com dois esses na sua tese de formatura.

- O Profeta também era doido por ela.

- O que foi feito dele? Bebia feito um condenado.

- O Profeta é um dos maiores cirurgiões plásticos do Brasil. Só atende celebridade global.

- Parou de beber?

- Depende. Dizem que  hoje só bebe quando faz cirurgia. Deve ser seu grande  segredo.

- E devia ser também o nosso. Hehehe. Garçom,  traz mais uma!

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