SÃO LUÍS - Sem Carnaval em 2021, o Na Mira procurou dois cantores, cujas vozes já são marcantes e muito ouvidas no período momesco pelo Maranhão inteiro, para saber como ficou a vida de quem vive de cultura. Erlanes Duarte, do Jegue Folia, e Roberto Brandão, do Bicho Terra, relembraram o Carnaval passado.
Eles, que estiveram no corredor da Beira-Mar no Carnaval do Maranhão 2020, agitando uma multidão, comentaram a falta que a festa faz na vida de cada um. No entanto, destacaram a necessidade de haver este resguardo para conter o novo coronavírus e, dessa forma, no próximo ano, possamos voltar a nos abraçar e cantar juntos no Carnaval e que máscaras não sejam mais que meros adereços.
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Na Mira: Pode comentar de que forma a pandemia o atingiu tanto no meio profissional quanto na vida pessoal?
Erlanes Duarte (Jegue Folia): Sem dúvidas a pandemia atingiu a classe artística em cheio. Então todos os profissionais da área do entretenimento foram impactados de maneira muito negativa nos seus trabalhos, nas suas atividades. Então, isso atingiu todo mundo, desde os primeiros aos grandes artistas. E é um momento muito delicado porque, ao mesmo tempo que você precisa produzir, você precisa trabalhar na arte, você precisa tem que ter a sensibilidade também de perceber o momento, a crise, né? E a crise não é só sanitária, é uma crise política, uma crise econômica… Então você tem que lidar com várias crises ao mesmo tempo, mas o importante é aguentar firme. Muitos amigos passaram por situações bem difíceis, bem delicadas, e a gente conseguiu passar com todos os trabalhos, as demandas que a gente tinha, nós conseguimos resistir. Mas sem dúvidas foi um momento muito complicado que afeta a todo mundo.
Na Mira: Algum plano alternativo para o Carnaval 2021 como live, por exemplo, já que o oficial foi suspenso?
Erlanes Duarte: A expectativa é que se crie mecanismos como foi o caso da Lei Rouanet no final do ano passado pra que os grupos, as brincadeiras, elas possam se apresentar, e a live é uma das opções. Agora é importante também ressaltar que outras ideias e outras soluções sejam necessárias também nesse momento, além da live. É uma ferramenta muito importante, se mostrou uma ferramenta muito eficaz, e uma maneira de interagir de colocar os profissionais para trabalhar nesse momento. Acho que expandir isso é muito importante, mesmo que não seja durante o Carnaval especificamente (…). Se por ventura não houver o São João, haja uma outra possibilidade das brincadeiras se apresentarem, receberem também, pra que os profissionais sejam pagos de alguma forma, remunerados, mesmo não tendo o São João (…). Que a gente possa expandir ainda mais esse leque de opções para que todos os profissionais, não só os grupos da cultura popular já conhecidos e reconhecidos, mas aqueles pequenos profissionais também que cantam num bar, por exemplo, nos lugares menores, e que foram impactados também. Não é necessário apresentar os shows agora, mas que esses shows de Carnaval, essas lives, esse momento do Carnaval possa ser feito nos meses subsequentes.
Na Mira: Fale um pouco sobre as dificuldades para quem trabalha no meio musical e do entretenimento. Como sobreviver em meio à pandemia que barrou nossas festas?
Erlanes Duarte: São poucos os grandes artistas que chegam ao estrelato e têm uma renda espetacular. A maioria absoluta dos artistas sobrevive. A pandemia dificultou ainda mais desse mercado, que de forma complexa depende da aglomeração. Você precisa do público. Eu acho que o debate também nesse momento é a reflexão do cenário pós-pandêmico. Como é que a gente vai conseguir retornar as atividades (…). O artista também tem família para sustentar, ele depende daquela renda, daquele trabalho para sua dignidade. A gente tem que ter esperança, mesmo diante do cenário difícil que a gente vive. Mas a esperança de que dias melhores virão e que a gente vai poder voltar à normalidade mesmo que infelizmente tendo perdido milhares de vidas, esse é o prejuízo maior, nossa maior perda são as vidas humanas.
Na Mira: Pode comentar de que forma a pandemia o atingiu tanto no meio profissional quanto na vida pessoal?
Roberto Bandão (Bicho Terra): Com essa pandemia, na vida pessoal não foi um prejuízo tão grande, muita gente ficou em casa com os seus, ficou perto de sua família. O grande prejuízo foi o externo, a pessoa não poder desenvolver suas atividades, perdendo seus trabalhos. Mas pra gente na vida artística foi um baque muito grande. A gente acostumado a fazer todos esses anos a fazer São João, fazer Carnaval e não ter acontecido, a gente teve que se reinventar, através das lives, a gente não tinha essa troca de energia com o público, foi bastante complicado. Mas a gente tem esperança que tudo volte ao normal, que a gente volte a encontrar com nosso público. Porque essa energia dessas grandes festas, as pessoas alegres, as pessoas conspirando sempre coisas boas, todo mundo se abraçando, isso é muito importante pra energia do planeta. E que isso tudo volte logo!
Na Mira: Algum plano alternativo para o Carnaval 2021 como live, por exemplo, já que o oficial foi suspenso?
Roberto Bandão: Com a não realização do Carnaval esse ano, nós resolvemos também não fazer live. Nós vamos talvez fazer agora o pré-lançamento de um trabalho que fizemos, que gravamos.
Na Mira: Fale um pouco sobre as dificuldades para quem trabalha no meio musical e do entretenimento. Como sobreviver em meio à pandemia que barrou nossas festas?
Roberto Bandão: Realmente ficou muito difícil para as pessoas que trabalham na área de cultura. Foi o primeiro setor que fechou e acho que vai será o último que vai abrir plenamente. Muitos artistas estão tendo muita dificuldade de sobreviver. Muitos são pais de família, são pessoas que mantêm a sua família. Alguns editais, alguns apoios foram dados. Eles amenizam um pouquinho mas poderiam ser mais ações para esse segmento. Espero que todos se recuperem. A energia dos artistas, a força vai ser superior.
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