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Mulher Maravilha: a heroína, as meninas e a luta de 76 anos por representatividade

Mulher-Maravilha é o primeiro longa solo da mais importante super-heroína.

Divulgação *

Atualizada em 27/03/2022 às 11h22
Mulher Maravilha. Foto: Reprodução
Mulher Maravilha. Foto: Reprodução ( )

Durante décadas, enquanto Batman e Superman corriam e voavam nas telas de cinema, sua colega de trabalho, A Mulher-Maravilha, mais bem qualificada e poderosa, já que teve de treinar duas vezes mais que seus amigos meninos, não ganhava uma promoção para a massa. Meninas cresceram, tiveram filhas e faleceram sem nunca poder ver sua heroína no cinema.


A indústria do entretenimento, segregacionista e sexista de berço, criou o mito do “um filme com uma mulher super-heroína não é algo que alguém queira ver”, ou “não vai dar dinheiro”.


No meio da caminho a Fox trouxe Elektra, da Marvel, em um filme daquele jeito que se tinha no começo dos anos 2000. Tem seu valor, a produção deixou a desejar, mas ali o mito do “ninguém vai ver” já ruía.


Então vieram os anos 2010 e a busca pro representatividade feminina ganhou proporções que só a internet pode dar. A Marvel trouxe seus vários filmes com meninos correndo e voando, e uma menina entre eles. Tantos longas depois, a Viúva Negra, ou mesmo a Vespa nunca ganharam filmes ou foram devidamente desenvolvidas.


A DC se apressou em começar o seu próprio universo extendido, ainda que menos coeso que da concorrência. Mas a DC, que chegou atrasada, deu um passo à frente, uma galopada, diga-se: apenas três filmes depois de lançar o seu universo no cinema, ela fez o longa solo da Mulher-Maravilha.
Caem-se os mitos machistas e misóginos. Meninas de oito, 10 anos estão se vestindo como a maior heroína dos quadrinhos de todos os tempos. São fotos de poder, goste você ou não. São crianças meninas negras, meninas latinas, meninas com problemas de saúde, outras ao lado de seus irmãos de Superman, ou mesmo de Capitão América.


Mas ainda há muito o que galopar com a espada da palavra em riste. Uma única sessão de Mulher-Maravilha exclusiva para meninas será feita em uma quarta-feira nos Estados Unidos. Uma única sessão, em um meio de semana, mas o insulto é tão grande que homens lá e aqui no Brasil, que se dizem fãs da personagem, mas não sabem reconhecer seus simbolismos, estão nervosos e aos berros.


A resposta da empresa de cinema Alamo Drafthouse, na cidade de Austin, no Texas? Toma aqui uma sessão extra só para meninas. Com direito a carta irônica do prefeito, homem, da cidade escancarando o quão vergonhosos são os comentários revoltados com as sessões. Dos mesmos autores de racismo reverso, surge o sexismo reverso. É vergonhoso, quando não cruel.


Já na bilheteria, outro mito se desfez. Mulher-Maravilha ganhou US$100.5 milhões de 4,165 salas de cinema nos Estados Unidos nos primeiros dias de exibição, a maior abertura de todos os tempos para um filme com um diretora.


Fora de casa, o filme arrecadou em sua abertura US$223 milhões, incluindo o 1º lugar no tão disputado mercado chinês, com US$38 milhões.
Não parece, mas o ano é 2017, se passaram 76 verões desde que Diana de Themyscira virou Wonder Woman, mas meninas ainda precisam brigar por representatividade. E não se enganem, brigar elas irão.

*Texto produzido por Tayna Abreu.

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