Debate

BBB21: o que podemos aprender com os canceladores?

<i>Reality</i> tem chamado atenção para a violência psicológica sofrida por quem errou e precisa ser "cancelado" para aprender.

Na Mira, divulgação / assessoria

Atualizada em 27/03/2022 às 11h04
Participantes do BBB 21.
Participantes do BBB 21. (Foto: divulgação)

BRASIL - O Big Brother Brasil, além do maior reality show do país, se mostra um interessante objeto de estudo acerca da sociedade na qual vivemos, queremos e buscamos construir. Nas últimas edições, pautas como machismo, homofobia e racismo se tornaram frequentes no programa, reflexo da mudança de comportamento social que ocorre desde o começo do século acerca destas temáticas.

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Em meio a todo esse cenário de desconstrução e aprendizado, a forma como os ensinamentos tem sido conduzidos no programa se tornaram o objeto central de discussão na edição deste ano. Assim, o termo “cancelado” é alvo de debate devido à violência e o dano psicológico que esse ato pode causar a quem precisa “se tornar uma pessoa melhor”.

Mas afinal, o que é estar cancelado? A especialista em autoconhecimento, fisiologia e meditação Debora Garcia define que o ato de “cancelar” consiste em ignorar e boicotar um indivíduo de modo que este reflita as próprias atitudes e tome consciência de como fazer o certo.

Quem são os canceladores?

A análise chama atenção não apenas para as atitudes da pessoa que errou e precisa "aprender por meio do cancelamento", como de quem promove essa ação: o cancelador. Quem ele é? Um ser humano que não erra? Alguém que já aprendeu e agora precisa evitar que os mesmos erros aconteçam?

“O grande problema do cancelador é que, em tese, ele é um ser humano tão falho quanto o cancelado, por isso, em nenhum momento ele é respaldado pela lógica se ‘ser superior’ como está acontecendo dentro do reality ou tem o direito de isolar e constranger uma pessoa por um deslize que ela tenha cometido”, aponta Debora Garcia.

Segundo a especialista, o ato de discordar ou não gostar de como uma pessoa age ou pensa em um espaço de convivência mútua dá o direito de questionar, mas é necessário prestar atenção no grau de agressividade colocado ao expor “verdades” e crenças.

“O fato de eu não gostar ou me sentir agredido por algo que uma pessoa fez, não significa que eu tenha que cancelar essa pessoa ou, ainda, convidar outras a ter o mesmo comportamento. O que precisa ser estabelecido é um diálogo, que deve considerar como atitudes e palavras impactam no relacionamento e na saúde mental dos envolvidos”, explana.

O grande problema visto pela especialista acerca da figura do cancelador e do cancelado, está no fato do ser humano estar sempre em busca de um personagem ilusório, elegendo ícones e ídolos como se essas pessoas não fossem normais, seres humanos com defeitos e qualidades. “A falta de autoconhecimento e a baixa autopercepção também endossam a questão, visto que os comportamentos que estão sendo apontados costumam ser reproduzidos por aqueles que o julgam. Por isso a importância de fazer um exercício de se observar e se conhecer para não projetar no outro, aspectos que estão em nós”, alerta a fisiologista.

“Nós não precisamos estreitar laços com pessoas que acreditamos que não tenham condutas que condizem com o que acreditamos. Em sociedade, a pessoa não cometeu um crime por pensar diferente e precisamos aprender a ter cuidado com as palavras, assim como respeitar pessoas com posicionamentos distintos, pois ninguém precisa estar moldado ao nosso gosto, é preciso apenas ter respeito pela singularidade de cada um e saber ensinar de forma saudável”, defende Debora Garcia.

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