Fé e união

Maranhenses participam do Círio de Nazaré em Belém (PA), que retorna após dois anos de pandemia

Nesse fim de semana, procissões tomaram ruas da capital paraense com fiéis agradecendo, homenageando ou pagando promessas a Nossa Senhora de Nazaré.

Neto Cordeiro/Na Mira

Atualizada em 10/10/2022 às 19h01
Imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas de Belém (PA). (Foto: Gabriel Zarjitsky/Assessoria Vale)
Imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas de Belém (PA). (Foto: Gabriel Zarjitsky/Assessoria Vale)

BELÉM - O Círio de Nazaré 2022 voltou a ser realizado, após uma pausa de dois anos por causa da pandemia da Covid-19, reunindo cerca de 2,5 milhões de pessoas em Belém (PA). Entre os turistas que estiveram nesta grande celebração de Nossa Senhora de Nazaré, havia um grupo de maranhenses.

Eles partiram de São Luís ainda na quinta (6). O grupo de ludovicenses viajou cheio de sentimento de fé e gratidão. “Fomos na basílica, assistimos à missa, passeamos. Eu agradeço muito por essa oportunidade, a gente vem todos os anos aqui na casa da mãe agradecer a ela pela felicidade que ela faz por nós, por nossa saúde”, contou dona Deusamar Eulina, de 57 anos, da paróquia de São Roque, no bairro Lira, na capital.

Deusamar viajou do Maranhão ao Pará onde participou do Círio. (Foto: Arquivo Pessoal)
Deusamar viajou do Maranhão ao Pará onde participou do Círio. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem também viajou de São Luís até Belém foi o diácono Silvio Carlos, da paróquia Nossa Senhora da Vitória, Catedral da Sé. “Há 37 anos venho participar do Círio de Nazaré. Vim por conta própria, porém partilhando fraternalmente esse momento com todos meus irmãos e irmãs em Cristo”, disse. E confirmou a presença de mais maranhenses no local. “Sei que muitos maranhenses estão presentes aqui nesta linda festa Mariana, porém deduzo que alguns de nossos irmãos estejam pagando suas promessas”, acrescentou.

Diácono Silvio Carlos na celebração da apresentação do manto de Nossa Senhora de Nazaré, na basílica. (Foto: Arquivo Pessoal)
Diácono Silvio Carlos na celebração da apresentação do manto de Nossa Senhora de Nazaré, na basílica. (Foto: Arquivo Pessoal)

O diácono ludovicense fez uma reflexão sobre o evento que une pessoas de todas as idades, de tantos lugares do Brasil e também de várias religiões. “O Círio é acolher o próximo tal como Maria acolhe seu filho Jesus em seus braços maternos. É desejar que o próximo siga o exemplo de espiritualidade de Maria, buscando cada vez mais aproximar-se de Deus, buscando a santidade, praticando as boas ações sob à luz do Santo Evangelho de Jesus Cristo”, comentou Silvio Carlos.

Trasladação

Na noite do sábado (8), véspera do Círio, milhares de fiéis se reuniram para a procissão. Após a missa, os romeiros caminharam rumo à Catedral de Belém.

A saída é realizada do Colégio Gentil Bittencourt, segue pela Av. Magalhães Barata, Av. Nazaré, Av. Presidente Vargas, Av. Boulevard Castilho França, Av. Portugal, Rua Padre Champagnat até a chegar à Catedral da Sé, no bairro da Cidade Velha.

A corda puxada pelos promesseiros é um dos maiores símbolos da grande procissão do Círio e da Trasladação. Hoje, ela tem 400 metros de comprimento, duas polegadas de diâmetro e é produzida em titan torcido de sisal oleado. Enfileirados, homens e mulheres puxam a corda, onde fortalecem suas crenças, seus agradecimentos e sonhos. Atualmente são cinco estações de corda durante as procissões do Círio e da Trasladação.

O único carro que sai em procissão na Trasladação é a Berlinda – que conduz a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. Os outros 14 carros de promessas só poderão ser vistos na grande procissão do Círio.

O Grande Dia do Círio

O ponto alto do evento ocorreu na manhã desse domingo (9). Desde as 5h, os fiéis já se concentravam na Igreja da Sé de Belém para a missa e realização do Círio Nazaré.

Por volta das 7h, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré foi cuidadosamente inserida na Berlinda. Então deu-se o sinal verde para a procissão até a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, a cerca de 3,7 quilômetros de distância.

O percurso começa na Catedral da Sé, percorrendo a Rua Padre Champagnat, seguindo na Av. Portugal, Castilho França, Av. Presidente Vargas, Av. Nazaré até a Basílica de Nazaré.

Por onde passava a imagem de Nossa Senhora, havia pessoas emocionadas, fazendo saudações e pedindo proteção e bênçãos.

Alguns promesseiros seguem de joelhos durante toda a procissão. Quem alcançou uma graça geralmente carrega consigo um objeto que represente o pedido feito. Por exemplo, uma casa de papelão que simboliza o sonho da casa própria realizado por intermédio de Nossa Senhora de Nazaré.

Alguns devotos pagam promessas fazendo cortejo de joelhos. (Foto: Gabriel Zarjitsky/Assessoria Vale)
Alguns devotos pagam promessas fazendo cortejo de joelhos. (Foto: Gabriel Zarjitsky/Assessoria Vale)

A decoração nas mangueiras e demais árvores ao longo do trajeto traz palavras como paz, união, fé e amor. E assim, em clima de harmonia e muita devoção, os romeiros fazem o cortejo debaixo do sol, a cada minuto mais forte. Por isso, não falta gente distribuindo água ou jogando o líquido para o alto.

O Círio de Nazaré ocorre sempre no segundo domingo de outubro. Ele é registrado desde 2004 como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e foi reconhecido mundialmente, em 2013, como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Vale e o Círio de Nazaré

Há 20 anos, a Vale faz parte deste momento, ao lado do povo paraense, patrocinando o Círio, e, hoje, por meio do Instituto Cultural Vale, atua ainda mais de perto ao apoiar a preservação e manutenção da celebração que representa a identidade do paraense em toda a sua diversidade de detalhes e sensações.

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa.

São mais de 300 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal em execução em 2022. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA).

Em 2022, patrocina mais de 25 projetos no Pará. O investimento em cultura soma mais de R$ 23 milhões. Entre os projetos patrocinados estão o Vale Música Belém e o Círio de Nazaré.

No Círio de 2022, a Vale e o Instituto Cultural Vale lançaram campanha institucional em Belém, exaltando uma das definições do paraense para esse momento único: Círio é cultura não se explica, se vive!, numa tentativa de traduzir as emoções desse momento que se repete todos os anos, mas sempre de maneira diferente para cada um que participa.

*Repórter viajou a convite do Instituto Cultural Vale

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.