SÃO LUÍS - Nesta sexta-feira (13), a vice-presidente do Boi D'Itapari, Gláucya Oliveira, o cantador do Boi D'Itapari, Dudu Nagandaya, a presidente do Boi Encanto da Ilha, Carla Rodrigues e o cantador e diretor do Boi Encanto da Ilha, Rafael Encanto, foram os entrevistados da Mirante News FM no programa Atualidades.
Durante a entrevista, cada um dos representantes dos grupos de bumba boi falou sobre as expectativas para o São João do Maranhão deste ano.
Boi D'Itapari
O Boi D'Itapari tem como marca registrada a adaptação de obras literárias em seus temas para o São João.
“O Bumba-boi D'Itapari tem um grande diferencial que é trabalhar história e ao longo desses 10 anos, nós já passamos por diversos temas. Ano passado, a gente cantou e homenageou uma obra literária de José Sarney, que é o Dono do Mar, a gente transformou o livro em uma toada. Foi um trabalho, um desafio, tão grande quanto desse ano, porque falar dos tambores de São Luís ainda é mais complexo, porque um livro, com inúmeros capítulos, e a gente teve que escolher qual capítulo focar para poder extrair uma toada de 4 a 5 minutos, qual seria o sotaque que a gente vai colocar, qual seria exatamente a história que nós tínhamos que seguir. Aí foi uma trajetória que a gente tá começando de novo no São João com um novo tema”, destacou Gláucya Oliveira.
A composição das toadas dos grupos de bumba-boi, inclusive a do Boi D'Itapari, tem suas características únicas.
“Geralmente, as toadas chegam para gente cruas, vamos dizer assim, e a gente já procura identidade para a canção. Graças a Deus, todas as músicas que chegam para a gente, através do Lucas Neto, que é um dos compositores da frente do boi, a gente incrementa e com certeza vem fazendo sucesso. Graças a Deus, a nossa voz tem uma identidade em todas as toadas, mas também graças ao trabalho do Amões, que também é um trabalho maravilhoso, a gente sempre costuma dar identidade às canções”, afirmou Dudu Nagandaya.
Para este São João de 2025, o Boi D'Itapari prepara um espetáculo, que mistura tradição, literatura e resistência, inspirado no romance “Os Tambores de São Luís”, de Josué Montello. Com sede em São José de Ribamar, o grupo aposta em uma leitura artística e sensível da obra, usando a história de Damião, personagem símbolo da luta e da ancestralidade negra, como fio condutor da apresentação em 2025.
O boi carrega em sua essência o compromisso com a valorização da cultura maranhense e da memória afrodescendente. Cada detalhe — das toadas ao figurino — é pensado para manter viva a herança de um povo que encontrou nos tambores e na festa um caminho de expressão e pertencimento.
A orquestra do Boi D’Itaparí tem papel central na construção dessa identidade. Misturando músicos experientes e novos talentos, o grupo aposta no diálogo entre tradição e inovação. As composições mergulham no universo do livro, trazendo para a cena a atmosfera das ruas, vielas e ritos que marcam São Luís como uma cidade profundamente musical e simbólica.
Boi Encanto da Ilha
Boi Encanto da Ilha há 29 anos entrega tradição no São João. É um boi de orquestra sediado no bairro do Goiabal, na Madre Deus. Nesse ano de 2025 vem trazendo o tema "Juçara da Nossa Cor, Símbolo de Beleza e Resistência"".
“A gente também escolhe, temos os nossos temas, a gente também trabalha, assim como o Boi D'Itapari, um tema de relevância, a gente sempre trabalha. Ano passado, a gente trabalhou com o Encanto da Ilha: Guardiões da Mata, das Florestas, esse ano a gente já vem falando da juçara, que é uma palmeira nativa nossa, é da nossa terra, tem o açaí, mas a nossa é juçara”, pontuou Carla Rodrigues.
Um dos principais objetivos do Boi Encanto da Ilha, é inserir a geração atual dentro da cultura bumba-boi.
“A nossa relação [entre os integrantes do grupo] é uma das melhores. A gente busca trazer os jovens a estarem inseridos na nossa cultura e o Boi Encanto da Ilha é um boi de família e amigos. A maior parte, ou é da família ou é amigo”, ressaltou Rafael Encanto.
Assista a entrevista:
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