SÃO LUÍS - Nesta quarta-feira (27), a psicóloga especialista em Análise do Comportamento, Ana Paula Martins, e o advogado em Privacidade e Proteção de Dados, Fernando Linhares, foram os entrevistados da Mirante News FM no programa Atualidades. Durante a entrevista, eles falaram sobre como a exposição excessiva de crianças em redes sociais pode causar danos.
“A criança tem o direito à privacidade, como está previsto na LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], a proteção de dado e a privacidade da criança e do adolescente. Existe um termo que hoje está em bastante discussão, que é o sharenting, que é a junção de duas palavras, que é o share (compartilhar) e o parenting (parentalidade), que é nada mais é do que um fenômeno onde os pais têm o hábito de compartilhar o dia-a-dia das crianças, seja na escola, em casa. Isso está em bastante discussão, porque existem alguns argumentos que são favoráveis ao compartilhamento, a Doutora Ana com certeza vai explicar melhor a parte do aspecto social e psicológico, mas também existem alguns argumentos contrários, que podem gerar efeitos negativos para a criança, até na possibilidade de crimes que podem ocorrer tanto virtualmente quanto fisicamente”, disse Fernando Linhares.
“Muitas vezes a gente quer falar um pouquinho da exposição da criança e como ela chega a essa exposição, e a gente não para, para pensar, no modelo que a gente tem dentro de casa. Então, como é que vamos cobrar crianças, que até a faixa dos 17 anos, estão aprendendo a ter uma personalidade, um modelo, se em casa os pais estão dando o mesmo modelo 24 horas?! Então, a gente precisa primeiramente falar do contexto em que a criança vive, e tudo isso acaba prejudicando porque elas não estão sendo ensinadas a ter outros convívios a não ser dentro da Internet”, afirmou Ana Paula Martins.
A exposição de crianças nas redes sociais pode ter impactos significativos no desenvolvimento e na segurança dos mesmos. Apesar de muitas vezes acontecer inadvertidamente por parte dos pais, ou até sem o conhecimento deles, não há como fugir dessa responsabilidade.
Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, cerca de 24% dos entrevistados relataram iniciar sua jornada online na primeira infância, ou seja, até os seis anos. Isso representa um aumento expressivo desde o levantamento de 2015, quando essa proporção era de 11%.
O Instagram lidera como a plataforma mais usada por usuários de 9 a 17 anos, alcançando 36% das crianças e adolescentes entrevistados. Logo atrás, vêm as demais redes sociais populares no país, como o YouTube (29%), TikTok (27%) e o Facebook (2%).
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