Seca

Meteorologia espera maiores volumes de chuva em março, no Maranhão

Para trimestre, Estado registra volumes abaixo da média histórica.

Maurício Araya / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h45
 Esperança para a recuperação da média histórica é o mês de março. Foto: Flora Dolores / O Estado (arquivo).
Esperança para a recuperação da média histórica é o mês de março. Foto: Flora Dolores / O Estado (arquivo).

SÃO LUÍS – Chuvas isoladas e de forte intensidade, mas, ainda assim, volumes abaixo da média histórica: o prognóstico para os próximos meses no Maranhão não é um dos mais satisfatórios, mas a meteorologia, ainda, não disparou o alerta vermelho. Com o saldo negativo nos meses de janeiro e fevereiro, a esperança é que o mês de março – como nos remete a canção de Tom Jobim – possa compensar o volume de precipitação no trimestre. Para o próximo mês – considerado o segundo mais chuvoso no Estado, sendo o primeiro o mês de abril –, a expectativa é que o volume acumulado alcance os 400 mm.

O motivo para a falta de chuvas no Estado é uma combinação de fatores, segundo o que explica o meteorologista Márcio de Aquino Elói, do Laboratório de Metereologia (LabMet) ligado ao Núcleo Geoambiental (Nugeo) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema): a localização da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que traz a umidade do Atlântico para o continente; e o dipolo positivo do Atlântico Sul, resultante da interação dos oceanos e a atmosfera, caracterizado por uma alteração na temperatura da superfície do Atlântico. "Esse comportamento está associado à má distribuição das chuvas", diz o meteorologista. A situação observada se repete, pelo menos, desde 2012.

 Meteorologista Márcio de Aquino Elói, do LabMet/Nugeo/Uema. Foto: Biné Morais / O Estado (arquivo).
Meteorologista Márcio de Aquino Elói, do LabMet/Nugeo/Uema. Foto: Biné Morais / O Estado (arquivo).

O LabMet/Nugeo/Uema participa – assim como instituições estaduais e federais, universidades, sociedade civil, além de parceiros internacionais – do Monitor de Secas do Nordeste (MSNE), que integra o conhecimento técnico de especialistas da região. A constatação é que o Maranhão atravessa um dos períodos mais críticos de seca, situação que se repete, em média, a cada 50 anos.

 Ilustração mostra volume de chuvas entre 1981 e 2014. Foto: Divulgação / CPTEC / Inpe.
Ilustração mostra volume de chuvas entre 1981 e 2014. Foto: Divulgação / CPTEC / Inpe.

Um gráfico elaborado pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – com sede no interior paulista –, ajuda a visualizar essa nova realidade: na linha em vermelho, estão os volumes de chuva registrados em parte do Maranhão, no ano de 2014; na linha de cor preta, está a média histórica de chuvas, compreendido entre os anos de 1981 e 2010. Somente os meses de maio e junho registraram volume acima da média histórica.

Abastecimento

Com a falta de chuva, a Reserva do Batatã, na capital maranhense, registrou, nesta semana, apenas 1% do volume total de capacidade da represa, que atende o sistema Sacavém/Batatã – que recebe, ainda, águas dos rios do Prata e Mãe Isabel. O sistema atende o abastecimento d’água nas regiões do Centro, João Paulo, Monte Castelo, Liberdade, Bairro de Fátima e áreas adjacentes – entenda como funciona o sistema de abastecimento d'água de São Luís.

Mesmo com o baixo volume, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) evita falar em crise: informa que a reserva tem uma contribuição importante, mas são poços que dão grande contribuição à produção d’água para estações de tratamento e distribuição nos bairros atendidos.

Apesar disso, outros poços estão sendo perfurados e o sistema passará a receber uma contribuição do Italuís, que capta água do rio Itapecuru, no Km 56 da BR-135. Nesta semana, a companhia começou perfuração no Bairro de Fátima, e já programa outras perfurações no Monte Castelo, Vila Passos, Outeiro da Cruz, Parque do Bom Menino e São Pantaleão.

Crise?

Com toda essa situação, o temor de parte da população é que se repita, aqui, a crise de abastecimento que se vê na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com o meteorologista Márcio Elói, não é possível comparar as duas realidades, já que outros pontos devem ser estudados e levados em consideração, como, por exemplo, as bacias hidrográficas – que, no caso da capital maranhense, são bem mais ricas comparadas à maior cidade da América Latina –, a expectativa de demanda populacional para os próximos anos e o impacto desses fatores no sistema Italuís.

Elói faz um alerta importante: "uma coisa que o Brasil não prestou atenção foi nas nascentes", destaca, referindo-se ao bem tratado como permanente, e que não levou em consideração os impactos do crescimento urbano no país.

Para quem acredita que a situação é temporária, a meteorologia avisa: essa configuração das chuvas deve durar entre 10 e 20 anos.

Áreas de risco

Para evitar acidentes em áreas de risco de desabamento, alagamentos e inundações com as chuvas isoladas e de forte intensidade em São Luís, a Defesa Civil municipal iniciou, nesta semana, a Campanha de Prevenção de Riscos e Desastres. O primeiro ponto visitado pelos técnicos da Defesa Civil foi o bairro Sá Viana. Foram identificados outros 59 pontos, entre eles: Salinas do Sacavém, Coroadinho, Vila Bacanga, Vila Isabel, Quinta dos Machado, Vila Embratel, Itapera, Quebra-Pote, Sacavém, Geniparana, Residencial José Reinaldo Tavares, Vila Lobão, Vila Ayrton Senna, Recanto Canaã e Vila Funil.

 Campanha de Prevenção de Riscos e Desastres da Defesa Civil. Foto: Flora Dolores / O Estado (arquivo).
Campanha de Prevenção de Riscos e Desastres da Defesa Civil. Foto: Flora Dolores / O Estado (arquivo).

Dos pontos identificados anteriormente e que não são mais classificados como de risco de deslizamento, estão: Vila Apaco/Cidade Operária, Vila Embratel, Alto da Esperança, Coroadinho e Goiabal.

Para casos de emergência ou informações, o telefone da Defesa Civil é o 153.

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