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COLUNA
André Siqueira
Cineasta de Formação, estudou Psicologia e Marketing até fundar a startup Viu Review, criadora do "Indika".
André Siqueira

"Aftersun"

Meus queridos leitores, mesmo que isso possa depor contra essa coluna, eu preciso te dizer: quanto menos você souber sobre "Aftersun", melhor será a sua experiência!

André Siqueira

Atualizada em 15/03/2024 às 10h54

Meus queridos leitores, mesmo que isso possa depor contra essa coluna, eu preciso te dizer: quanto menos você souber sobre "Aftersun", melhor será a sua experiência! 

No entanto, e isso é preciso que se diga também, ao dar o play, essa não será uma jornada das mais tranquilas e nem todos vão se conectar com a proposta intimista, reflexiva e cheia de sensibilidade que a diretora estreante Charlotte Wells propõe. 

Talvez o primeiro ponto a se levantar seja justamente a forma como Wells retrata sensações e sentimentos bastante particulares quando evocamos algo tão preciso em nossa vida: as memórias de um ente querido ou de um tempo que, infelizmente, não voltará.

 

Aqui, a diretora, com habilidade, pesa na mão ao discutir as relações familiares pela perspectiva de uma garota de 11 anos em uma viagem de férias com seu pai - como em "Um Lugar Qualquer" existe um desconforto entre a nostalgia e a melancolia que, de fato, nos corrói por dentro. 

Mas atenção, embora "Aftersun" brinque com uma sensação de que algo impactante pode acontecer a qualquer momento, eu alinho sua expectativa: esse filme não é sobre um fato e sim sobre o contexto que aqueles personagens viveram (já que o filme é basicamente uma página de um livro de memórias).

Sophie (Celia Rowlson-Hall na versão adulta) reflete sobre a alegria e a melancolia das férias que ela (Frankie Corio, na versão pré-adolescente) passou com seu pai Calum (Paul Mescal) na Turquia, 20 anos antes. Em um jogo de memórias reais ou simplesmente imaginárias, Sophie tenta preencher as lacunas entre o pai amoroso e cuidadoso que conheceu, com o homem cheio de marcas e dores que ela acreditava nem existir. 

Com uma linguagem quase experimental, uma identidade marcante e um conceito independente bem latente, o filme é tocante na sua essência e emocionante na sua simplicidade.

Mesmo que definido pela própria Charlotte Wells como uma história autobiográfica, "Aftersun" sabe exatamente como escapar do egocentrismo com poesia e simbolismo, e assim entregar uma jornada autêntica, generosa e profundamente verdadeira sobre o que há de mais particular, e por isso inquestionável, na experiência humana quando o amor está acima de tudo.

Vale seu play!

Para aquela análise ainda mais profunda, clique nesse link: https://indika.tv/filme/1355-aftersun

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Até semana que vem!

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