SÃO LUÍS – O Maranhão não terá atletas de vôlei de praia na Olimpíada do Rio de Janeiro. Mas isso não significa que o Estado não terá importância nas disputas desta modalidade no maior evento do planeta. Você pode não imaginar, mas um maranhense terá a missão de “deixar tudo nos trinques” para que os melhores jogadores possam dar show nas areias cariocas. O nome dele? Mauro Câmara.
Para quem não o conhece, Mauro Câmara é um maranhense bastante respeitado no cenário do vôlei de praia não apenas no Brasil. Ele é árbitro internacional da modalidade e contabiliza participações em Mundiais e Pan-Americanos. Porém, no Rio de Janeiro, ele não atuará como árbitro, e sim, como supervisor da modalidade. Ou seja, é dele a função de organizar a competição olímpica nos bastidores para que tudo dê certo dentro de quadra.
O Imirante Esporte descobriu que, aos 41 anos, Mauro é um verdadeiro apaixonado pelo vôlei de praia. Na verdade, loucamente apaixonado pela modalidade escolhida na adolescência por “brincadeira”. De uma simples “brincadeira”, este maranhense ganhou o mundo e o mundo do vôlei de praia o ganhou.
“Comecei mesmo como brincadeira há 23 anos na época de escola. Eu jogava vôlei e eu tinha um professor de matemática que se chama Mario Ferro. Ele fez um curso de arbitragem e, como eu jogava e a federação precisava de gente nova, eu me propus a fazer o curso e passei. Aí, nesse caminho, eu fui me destacando e tendo oportunidades fora do Brasil. Eu comecei a viajar no vôlei de praia em 98, quando foi a minha primeira competição”, explicou,
Aos poucos, aquela sensação de arbitrar tornou-se mais forte. O desejo de voltar à quadra para trabalhar era evidente. Não demorou muito para que este maranhense fosse se transformando em um árbitro com grande destaque. E, quando se deu conta, Mauro já era profissional internacional.
“Eu nunca costumei a me programar com as coisas. Eu sempre fui um cara de sempre dar o meu melhor ao fazer as coisas. Muita gente acha que é simples ou fácil, mas não é. É bem complicado. Existem muitas coisas que você tem que estar ciente do que tem que ser feito, da postura dentro e fora de quadra, a questão do teu caráter, o convívio com as pessoas. Graças a Deus eu consegui fazer Isso, que foi um dos meus pontos fortes para poder estar no patamar que estou hoje”, disse.
Orgulho maranhense
Quando as oportunidades surgem na vida de uma pessoa, não se pode desperdiçá-las. Perder a chance de ser feliz fazendo o que mais lhe dar prazer foi algo que não fez parte da rotina de Mauro Câmara. O árbitro internacional de vôlei de praia não esconde o orgulho de ser um maranhense que se destaca no mundo pelo seu trabalho.
“Hoje é uma questão de orgulho muito grande. Toda vez que eu viajo para fora do país, nas competições internacionais, eu me sinto importante na questão de estar representando o meu Estado porque nós somos carentes de muitas coisas do meio esportivo. Já tivemos muita evolução a respeito disso. Já tivemos uma equipe na Superliga, equipes na Liga de Basquete Feminino e isso, para população, é muito legal. Eu vivencio todas estas competições, mas o povo do meu Estado não vivencia. É com orgulho muito grande que eu tenho de representar o meu Estado e o meu país. De ser um maranhense que teve a oportunidade e poder vivenciar o alto nível por esse tempo todo. Sou muito grato a Deus”, analisa.
Mas a maior oportunidade de Mauro foi ter trabalhado ao lado de Nereu Martins Marques, ex-coordenador de arbitragem do vôlei de praia da Comissão Brasileira de Arbitragem de Voleibol. Nereu morreu em 2010, mas foi um dos maiores incentivadores para que Mauro Câmara chegasse ao nível atual no cenário do vôlei de praia mundial. Tanto que as lágrimas é uma consequência natural do carinho e admiração.
“Antes de subir na cadeira para apitar um jogo, olho pra cima e agradeço muito a ele [Nereu Martins Marques] por tudo, pelas oportunidades e para ele me dar força”, emociona-se Mauro.
Coração dividido
O que seria de um homem sem sua família? E o que seria de Mauro sem a sua pequena Mariana, de apenas 5 aninhos? O vôlei de praia proporcionou, sim, experiências fantásticas na vida deste árbitro. Como uma pessoa que ama o esporte e ama o que faz pelo esporte, às vezes falta tempo para a família.
A ausência em casa é compreendida pela Mariana. Claro que a menina gostaria de ter o papai mais para ela. A saudade também dá aquele aperto no coração de Mauro, que usa o apoio incondicional da família e, principalmente, da filha para nunca desistir de seus sonhos.
“Para minha família é só uma questão de orgulho porque eu sou meio que um tratorzinho, motorzinho porque o vôlei de praia é um trabalho a parte. Eu trabalho em São Luís e minha vida é meio que uma loucura para você poder repor seus horários, para você poder viajar, etc. Graças a Deus por onde eu passei, as pessoas entendem isso e nunca quiseram brecar isso. Eu sou grato a todo mundo, mas a questão da família hoje aperta muito meu coração. Mas faz parte, é uma coisa que eu conquistei e que não deixa de ser importante tanto para minha família quanto para mim”, concluiu.
Saiba Mais
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.