PH Revista: Morgana no Punto Mare
E mais: Grandes filmes de 2025
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Luzinhas de Natal
Apesar da crise que ameaça ceifar empregos e encolher salários, não há árvore, porta, marquise, vitrine, praça, rua, edifício e até automóvel sem as luzinhas Made in China. O enfeite luminoso cresceu e se multiplicou, como uma nuvem mundial de gafanhotos – presentes nos cinco continentes do planeta Terra e até na “louça” de alguns banheiros psicodélicos.
As luzinhas começaram trepando no tronco das árvores em Nova York. Depois, mudaram-se para o Hemisfério Sul, como uma nuvem de andorinhas à pilha. E ganharam os galhos das figueiras, o frontispício dos prédios, as torres das igrejas oitocentistas, o perfil dos palácios e das mansões, a silhueta das pontes, o alto dos morros e até o tijolo salpicado dos barracos das palafitas – tornando verdadeiro o famoso verso de Orestes Barbosa e Sílvio Caldas em “Chão de Estrelas”.
E as luzinhas se tornaram uma espécie de sarampo alado, metástase feérica, epidemia de brilhos. Vagalumes alpinistas que se reproduziram fora do cativeiro chinês. E, como não usam camisinha, multiplicam-se numa velocidade maior do que as baratas e os pernilongos.
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As luzinhas foram se tornando rebeldes como as aves de Os Pássaros, “suspense” magistral de mestre Alfred Hitchcock. E ameaçam se transformar em adereços pessoais, brincos, pulseiras, piercings, balangandãs e até próteses dentárias. Já imaginaram um sorriso só de luzinhas?
De tanto se reproduzir, as luzinhas acabaram invadindo as salas da administração pública e até as assembleias dos sindicatos. Elas alumiam as reuniões dos inconfidentes, prejudicam a escuridão predileta dos ladrões, atrapalham os políticos que conspiram para assumir uma vaguinha “sem voto”.
Falta pouco para que as luzinhas conquistem o pescoço das peruas, os olhos dos gatos, o rabo dos cachorros – assumindo o papel de ágeis faróis pendulares.
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Não haverá surpresa se na ceia da próxima quarta-feira, último dia do ano, em pleno “rito de passagem”, as luzinhas surgirem na lapela dos garçons, no orgulhoso Chester de peito iluminado, nos fosforescentes pernis de porco – também as luzinhas precisam “ciscar pra frente” – e até num tender, piscando, com suas luzinhas vermelhas.
É tanta luzinha que só quero ver a conta, sempre salgada, de energia no fim do mês. Ou será que até as luzinhas já aprenderam a “fazer gato”?
Bicudo e o mito Orfeu
O produtor cultural Fernando Bicudo, que brilhou nos anos 1990 como diretor do Teatro Arthur Azevedo, lança, no ano que vem, o livro “Meus próximos 80 anos”, quando o artista celebra oito décadas de vida.
Além disso, prepara nova montagem de “Orfeu”, do alemão Christoph Gluck (1714–1787).
A ópera inspirou, em 1956, “Orfeu da Conceição”, texto de Vinicius de Moraes e música de Tom Jobim, que transporta o mito grego para uma favela carioca, tendo no elenco Haroldo Costa, que nos deixou há duas semanas.
Migração de homicídios
Nos últimos anos, houve significativa migração de homicídios no país. O sudeste, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, encabeçavam a lista dos estados onde mais se praticavam crimes de morte no Brasil.
De uns anos para cá, contudo, essa estatística vem passando por sensível alteração. Enquanto o Rio de Janeiro e São Paulo desencadearam agressivas políticas contra os homicídios, Pará, Maranhão, Pernambuco e Bahia assumiram o ranking de ocorrências de crimes contra a vida.
Nesses estados do Norte e Nordeste do país, a violência cresce em proporção geométrica e o combate sistemático ao crime cresce em proporção aritmética.
Se não houver uma política eficaz e forte para punir o crime e os criminosos, essa proporção tende a aumentar e deixar a sociedade insegura e em pânico.
Grandes filmes de 2025
Meu ranking afetivo dos filmes lançados no Brasil neste ano tem obras da Austrália, do Brasil, dos EUA, da França e da Itália. Menções honrosas para “F1: O Filme”, “Uma Bela Vida”, “Sing Sing” e “A Natureza das Coisas Invisíveis”.
Não deixem de ver alguns dos melhores filmes de 2025:
“Uma Batalha Após a Outra”, de Paul Thomas Anderson. As duas horas e 40 minutos passam voando, porque o diretor fez uma mistura fascinante de comédia maluca, comentário político e filme de ação - incluindo sequência antológica de perseguição de carro. Sean Penn rouba a cena na pele do militar Lockjaw, sujeito ao mesmo tempo ridículo e perigoso, reprimido e agressivo. (HBO Max)
“Pecadores”, de Ryan Coogler. Pelo menos uma cena desta mistura de drama histórico, musical blues e terror com vampiros já entrou para a história do cinema. É um plano-sequência na noite de abertura do clube dos gêmeos Fumaça e Fuligem (vividos por Michael B. Jordan), uma grande, contagiante e comovente celebração da música como meio de expressão das dores e das alegrias da comunidade negra, a música como veículo de acesso as suas origens e de prospecção por dias melhores, a música como um território de identidade, comunhão e liberdade. (HBO Max)
“O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, e “Foi Apenas um Acidente”, de Jafar Panahi.
O filme brasileiro e o filme iraniano correm na mesma raia. Os dois podem ser definidos como thriller político; retratam a vida sob um governo autoritário, sempre impregnada pelo medo; mostram como a memória e a verdade podem ser turvas ou até manipuladas; abordam a dificuldade de lidar com um trauma que é tanto pessoal quanto coletivo; têm personagens estranhos uns aos outros que se reúnem por uma causa comum; pontuam a tensão e a violência com momentos cômicos; começam na estrada, seguindo a viagem de um carro; e terminam com uma cena que convida a refletir sobre seu significado. Com um epílogo mais poderoso, Foi Apenas um Acidente fica um degrau acima de O Agente Secreto. (Ambos estão em cartaz nos cinemas)
DE RELANCE
Amar algo que não tem idade
É muito grande o número de pessoas que detestam revelar a idade e não perdoam quando algum indiscreto ousa indagar “quantos anos?”.
As mulheres sempre foram em maior número do que os homens. Afinal, podem mudar a cor do cabelo, pintar os cabelinhos brancos que começam a aparecer, e tudo faz parte de uma característica que é estar bem maquiada e bela. Mulher e maquiagem são íntimas como um contato indispensável.
Muitas das pessoas que são minhas amigas reclamam quando falo a minha idade.
A frase que mais ouço é esta: que existe o mito de que a plenitude vai só até certo ponto de nossas vidas.
E discordo, tem gente tão jovem, tão meia idade, tão cuidadosa com a pele e não são felizes, quase se torturam quando se trata de conquistas amorosas da beleza.
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Mas é muito fácil indagar: “e a medicina? E todos os cirurgiões plásticos, e os cremes caríssimos e dissimuladores?” Quem faz a idade é o estado de espírito, é não olhar para um calendário e ficar contando o tempo.
Outro ponto que pode ser considerado, quando a idade é uma e o tempo é outro. Mas é quando falta um pouco de lógica, de realismo, de cuidado, de conformação e de técnica.
Porque essa palavra técnica? Ora, é preciso considerar que existe uma técnica na maneira como se entrega ao ato amoroso ou luta contra o tempo. Também aceitar a diferença de temperamentos.
O resto, afinal, é muito fácil, ninguém ensina nada.
Na pole position
Os órgãos de trânsito do país asseguram que grande parte dos acidentes, fatais, ou não, resulta das imperícias, imprudências ou negligências dos motoqueiros.
De acordo com os registros dos Detrans, em dez estados já existem mais motocicletas do que carros em circulação.
O Maranhão, por exemplo, é um dos campeões nacionais de motocicletas e ultrapassaram o dobro do número de carros.
Na Capital e no interior, as motos são os maiores meios de transporte de locomoção, mas também são acusadas pelo maior aumento de óbitos.
Consumo de peru
O Natal deste ano foi o que apresentou o maior consumo de peru em São Luís. Dias antes da noite natalina, já não se encontrava mais peru em qualquer supermercado da cidade.
A falta da ave não foi por causa da pouca disponibilidade nos supermercados, que estavam todos preparados para atender a demanda, só que a voracidade dos consumidores foi maior.
Este ano, não foi apenas a classe privilegiada que consumiu o peru. Os setores médios e menos dotados de poder aquisitivo da sociedade mostraram-se dispostos a devorar a saborosa carne da ave a qualquer preço.
Material de construção
Há quem pense que em final de ano apenas as lojas que vendem artigos para presentes faturam bem. Esses, certamente desconhecem que as lojas de material da construção civil faturam tanto ou mais que as especializadas em presentes.
Motivo: comprovadamente dezembro é o mês de maior procura de material da área de construção civil, porque ricos, remediados e pobres gostam de festejar o Natal e o Ano Novo com as casas ou apartamentos bem arrumados e limpos e preparados para receberem a ornamentação natalina e Papai Noel.
Maranhenses no Rio
Todo final de ano, e 2025 não está sendo diferente, a presença de maranhenses no Rio de Janeiro é incontável.
O objetivo é um só: passar as festas de réveillon e ver o espetáculo pirotécnico em Copacabana.
Este ano, contudo, muita gente se arrependeu de trocar São Luís pela Cidade Maravilhosa. Motivo: o calor abrasador que assola a terra carioca está torrando incautos e turistas.
Consumo de cerveja
Os templos da boemia tradicional de São Luís atestam que, neste final de ano, o consumo de cerveja foi dos mais altos.
Os motivos e as razões que levaram o sanluisense a beber tanta cerveja, no fechar de 2025, são desconhecidos.
Os bares e restaurantes da cidade, das áreas nobres e periféricas, redobraram os esforços para dar conta da demanda que ultrapassou as expectativas.
Enquanto isso, tem sido drástica a redução do consumo de destilados, por causa do medo de estar contaminado por metanol. Que é mortal.
Saudade até que é bom
Sinti-me vestido de saudade, ou seja, de lembranças tantas ao ler o artigo “Hoje eu gosto da saudade”, do excelente escritor Carpinejar.
Confesso que durante muito tempo, fugia das recordações porque sofria muito, mas hoje o presente me gratifica e me sinto feliz pelo passado que vivi com os meus pais. Parecia-me muito pequeno diante da grandeza deles, que me pareciam verdadeiros gigantes pela inteligência e pelo amor exagerados. Trabalharam muito pela minha felicidade, que se concretizava na realização dos meus ideais.
A educação primorosa foi o alvo maior. “A saúde é uma bendita segurança”, diz o escritor. Olavo Bilac já dizia “A saudade é a presença dos ausentes”.
O enigma
De Jorge Luís Borges, escrito de forma enigmática: “No final do século 19 morreram em Paris dois homens de gênio, Eça de Queiroz e Oscar Wilde. Que eu saiba, nunca se conheceram, mas teriam se entendido admiravelmente”.
Na biblioteca íntima borgiana, “ninguém é mais encantador” que Wilde: no diálogo informal, na amizade, nos anos felizes como nos adversos. Ele foi um homo ludens. Jogou tragicamente com o destino assumindo causa perdida que o levou ao cárcere (no desterro voluntário de Paris, Wilde disse a André Gide que tinha pretendido conhecer “o outro lado do jardim”). Tudo isso pouco os aproxima.
Eça e Wilde (Gide também) teriam em comum obras que não estão em um só livro, um só tema, um só gênero, mas na soma e nos contrastes deles todos. Obras tocadas pelo encanto de seus autores. E que guardam o frescor das manhãs.
Sábado e domingo
Sim, quando chega o fim de semana, sábado e domingo, lembraria que muitos fanfarrões costumam afirmar que as necessidades básicas do ser humano são comer, beber, dormir e fazer sexo. E tem um acréscimo final, dizem: “Sem sexo não se vive”.
Lembrar desse aforismo irresponsável. Acredito que talvez ele tenha um mínimo de culpa pela liberdade sexual que tem provocado crimes monstruosos nos últimos anos. Envolve fatos estarrecedores como uma empregada que vivia “brincando” com o sexo de uma criancinha de 10 meses de vida.
O órgão sexual da criança já estava ficando irritado quando descobriram.
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Nesta semana que finda, surge a história do pai e dos dois filhos machos que estupraram a própria filha e irmã de quatorze anos e ainda não descobriram quem era o pai do menino, até o momento em que lia a notícia.
Então, lembrei a minha crença de que a realidade é cada vez mais poderosa, para o bem ou para o mal, do que a ficção. Refleti um pouco sobre os dias que vivemos e fiquei convicto que o sexo conquistou a sua liberdade.
Fazer sexo é como beber água quando se tem sede e comer quando estamos com fome. Mas tudo tem seu preço, todos os crimes dos pedófilos cruéis, estupros, sofrimento ou audácia de meninas que logo passaram dos dez anos já estão se considerando com o direito de “brincar de sexo”.
Então os tarados entraram no jogo e estão fazendo horrores.
Para escrever na pedra:
“O amor e a razão são dois viajantes, que nunca vivem juntos na mesma hospedaria: quando um chega, parte o outro”. De Walter Scott.
TRIVIAL VARIADO
Investimentos: Vendas do Tesouro Direto somaram R$ 6,2 bi em novembro. No mês passado, houve emissões líquidas de R$ 2,826 bi.
Trocas: Passado o Natal, o varejo de São Luís vira a chave neste sábado para a temporada de trocas de presentes. O movimento é encarado como estratégia para gerar uma “segunda venda”.
Fluxo: A expectativa é que o fluxo seja intenso hoje (27), impulsionado também por consumidores que deixaram para comprar o “look” do Réveillon na última hora. O setor estima que o Natal fechou com alta de vendas próxima de 7% na Capital.
Jornalismo: O jornalista paraense Geovany Dias, formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), venceu o Emmy Award nos Estados Unidos, na categoria Melhor Cobertura Jornalística.
Tem mais: A premiação reconheceu uma série de reportagens investigativas sobre a prisão de um xerife na Flórida envolvido com o crime organizado. Radicado nos EUA desde 2017, Geovany já acumula cinco indicações ao prêmio. A conquista coloca um profissional formado na Amazônia no topo da academia de televisão norte-americana.
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