BRASIL - Com a aproximação do último capítulo de “Vale Tudo”, um velho hábito nacional voltou a dominar as conversas: tentar descobrir quem matou Odete Roitman. O suspense que movimenta as redes, rende apostas entre amigos e invade as mesas de almoço prova que o público brasileiro nunca resistiu a um bom mistério. E, mais uma vez, todos se sentem detetives, analisando cada pista como se estivessem dentro da própria novela.
Essa empolgação coletiva não é por acaso. A estrutura do mistério em torno de um assassinato é uma fórmula clássica do entretenimento e tem até nome próprio: whodunit (ou whodunnit), expressão que vem do inglês “who [has] done it”, que significa “quem fez isso?”.
O que é o gênero whodunit
O termo define um subgênero do suspense e da ficção policial centrado em descobrir o culpado por um crime, geralmente um assassinato. O público acompanha a investigação, analisa suspeitos, cria teorias e espera ansiosamente pela revelação final.
Os autores usam recursos como o “red herring”, a pista falsa, para confundir o espectador e aumentar o suspense. E os detetives, muitas vezes excêntricos, trazem doses de humor e engenhosidade à história.
É uma estrutura simples, mas poderosa: a dúvida constante sobre “quem matou” sustenta a narrativa e mantém o público emocionalmente preso até o último minuto.
Como o whodunit conquistou as novelas brasileiras
A teledramaturgia brasileira soube adaptar o formato como ninguém. Desde os anos 1970, o “quem matou” virou um recurso narrativo de sucesso, capaz de unir o país em torno de um mesmo mistério.
O caso mais emblemático é, claro, o de Odete Roitman, vilã interpretada por Beatriz Segall em “Vale Tudo”. Em 1988, a dúvida sobre quem a matou virou um verdadeiro fenômeno nacional: o mistério durou apenas 13 capítulos, mas mobilizou o público, virou manchete de jornal e fez a Globo gravar cinco finais diferentes para evitar vazamentos, um marco no storytelling televisivo.
O mesmo acontece agora com a nova versão da novela, que repete o sucesso e reacende a paixão do público pelo mistério.
Por que o “quem matou” funciona tão bem
A força dessa fórmula está em sua capacidade de engajamento. O público não é apenas espectador, ele se torna parte da investigação. A dúvida sobre o culpado desperta a curiosidade, estimula teorias e transforma cada capítulo em um evento.
- Criação de suspense e expectativa: o mistério central prende o público até o desfecho.
- Engajamento emocional: o público discute, cria teorias e participa ativamente da trama.
- Audiência garantida: o suspense coletivo se traduz em altos índices de audiência.
- Impulso narrativo: o crime conecta personagens e subtramas em torno da investigação.
- Recurso consagrado: inspirado em clássicos do suspense e da literatura policial.
O legado das novelas com “Quem matou?”
Depois de “Vale Tudo”, outras novelas seguiram a trilha do suspense: “A Indomada” (1997), “Celebridades” (2003), “Avenida Brasil” (2012) e “O Sétimo Guardião” (2018) mantiveram o público à beira do sofá com assassinatos misteriosos e finais surpreendentes.
O sucesso dessas tramas mostra que o fascínio pelo mistério é atemporal. Enquanto houver perguntas sem resposta e suspeitos demais para apontar, o público continuará voltando, pronto para descobrir, mais uma vez, quem matou.
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