Canonização

Relação com políticos e empresários foi pilar de obra social de Irmã Dulce

Sem tomar partido de grupos políticos, religiosa construiu rede de relações que viabilizou projetos.

Jornal Folha de São Paulo

Atualizada em 27/03/2022 às 11h11
Irmã Dulce dos Pobres e o então presidente da República, José Sarney.
Irmã Dulce dos Pobres e o então presidente da República, José Sarney. (Foto: divulgação)

SALVADOR - Ela conviveu com presidentes da República de diferentes épocas, de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) a Fernando Collor (1990-1992). Com sua persistência, teimosia e senso de oportunidade, transformou essas relações em um dos principais pilares de seu trabalho social.

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Irmã Dulce dos Pobres será canonizada neste domingo (13)

Entre a atuação solitária junto a pobres e doentes nas favelas de Salvador e a consolidação de um complexo que faz atualmente 3,5 milhões de atendimentos por ano, Irmã Dulce (1914-1992) precisou gastar muita saliva para angariar apoio financeiro entre políticos e empresários.

A freira será canonizada no domingo (13), em cerimônia chefiada pelo papa Francisco, no Vaticano, após ter dois milagres reconhecidos pela Igreja Católica. Ela será a primeira santa brasileira.

Sua relação mais próxima foi com José Sarney, que patrocinou a indicação da freira para o prêmio Nobel da Paz em 1988.

Em entrevista ao jornalista Graciliano Rocha, autor da biografia “Santa Dulce dos Pobres”, o empresário Norberto Odebrecht deu a dimensão da proximidade entre Irmã Dulce e Sarney ao relatar uma conversa sua com o ex-presidente. “Aquela mulher é uma santa, Norberto. O que ela pedir eu dou”, afirmou Sarney, segundo relato do empreiteiro.

Além de recursos para a construção de uma nova ala do hospital gerido por Irmã Dulce, Sarney ainda deu o contato do telefone direto da sua mesa, para que a freira falasse com ele sem interlocutores.

Ao presidente Irmã Dulce fez sua única homenagem a um político: batizou a nova ala do hospital com o nome de José Sarney —isso em uma época na qual o presidente enfrentava uma grande impopularidade.

Da mesma forma que Irmã Dulce conseguia doações e verbas por meio de presidentes e governadores, os políticos se valeram de sua influência. Mas, em geral, a freira não fazia lisonjas a políticos nem gostava quando eles usavam seu nome para atrair eleitores.

Com Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), três vezes governador da Bahia, teve uma relação dúbia, mas cordial. O político costumava atender aos pedidos da freira, que na infância havia sido sua vizinha e o chamava pelo primeiro nome.

Mesmo assim, não há registro de nenhum momento no qual a freira tenha tomado partido de um determinado grupo político. “Ela nunca pediu voto para ninguém” afirma o chefe da Assessoria de Memória e Cultura das obras Irmã Dulce, Osvaldo Gouveia.

A própria Irmã Dulce afirmou: “Não entro na área política. Não tenho tempo para me inteirar das implicações partidárias. Meu partido é a pobreza”.

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