Política

Líderes devem decidir, nesta segunda, data da eleição para presidência da Câmara

Renúncia de Eduardo Cunha colocou mais lenha no ambiente político brasileiro.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h31
(Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

BRASÍLIA - A semana na Câmara dos Deputados promete ser movimentada em razão da disputa para a sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Casa. O primeiro ponto de tensão gira em torno da definição da data da eleição. Desde a renúncia de Eduardo Cunha, na quinta-feira (7), aliados do peemedebista travam uma disputa com o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que determinou a realização do pleito na próxima quinta-feira (14).

Líderes de partidos da base aliada do governo do presidente interino Michel Temer convocaram uma reunião do colégio de líderes, quando defenderam a fixação da data da eleição para terça-feira (12), desautorizando a decisão do presidente interino Waldir Maranhão. Participaram da reunião os líderes do PMDB, PEN, PTB, PSC, PP, PTN, PR, PRB, PV, PHS, SD, Pros e PSL.

Descontentes com a fixação da eleição para terça-feira, os líderes do PT, PSDB, PSB, DEM, PDT e Rede abandonaram a reunião. Segundo essas lideranças, a eleição na terça-feira seria uma forma de ajudar Eduardo Cunha, pois inviabilizaria a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), marcada para votar o parecer de recurso do deputado contra a aprovação, na Comissão de Ética, de seu pedido de cassação.

Mas sexta-feira (8), Waldir Maranhão publicou decisão revogando a deliberação do colégio de líderes partidários tomada na tarde de quinta-feira de convocar para a terça-feira (12) uma sessão extraordinária para a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, mantendo a eleição para o dia 14.

A data da eleição poderá ter seu desfecho nesta segunda-feira (11), quando haverá reuniões tanto da Mesa-Diretora quanto do colégio de líderes para bater o martelo sobre a data.

Ao lado do debate em torno da data, a eleição também chama atenção pela quantidade de candidatos dispostos a ocupar o mandato-tampão até fevereiro de 2017. Até o momento, seis candidatos já registraram as candidaturas, e outras duas foram anunciadas, mas ainda não oficializadas. Mas a expectativa é que o número aumente consideravelmente a partir de segunda-feira, o que pode levar a um recorde de candidaturas.

Maior bancada da Câmara dos deputados, o PMDB, com 66 deputados, saiu na liderança no quesito número de candidaturas, com dois nomes, até o momento, disputando o cargo oficialmente: Marcelo Castro (PI) e Fábio Ramalho (MG).

Além desses, há a expectativa do registro de candidatura de mais alguns correligionários do presidente interino Michel Temer. Nos bastidores, ventilam-se os nomes dos deputados Baleia Rossi (SP), Osmar Serraglio (PR), Carlos Marun (MS) e Sérgio Souza (PR) como possíveis candidatos do partido.

Ao lado de Castro e Ramalho, já registraram, oficialmente, candidaturas os deputados Fausto Pinato (PP-SP), Carlos Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-ES) e Heráclito Fortes (PSB-PI). Já os deputados Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara, e Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do delator do mensalão Roberto Jefferson, anunciaram a intenção de concorrer, mas ainda não formalizaram as candidaturas.

Também são aguardadas as candidaturas dos deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rogério Rosso (PSD-DF). Há, ainda, a possibilidade de uma candidatura do PSol.

Maia tentar costurar o apoio a sua candidatura fora do chamado centrão, tentando aglutinar o PSDB, PPS e PSB. Maia tenta ainda o apoio de partidos da oposição, como o PT e o PCdoB. Já Rosso, apesar de negar que está na disputa, busca se viabilizar como o candidato de consenso do Planalto.

A renúncia de Eduardo Cunha, na quinta-feira passada, colocou mais lenha no ambiente político brasileiro. Alguns parlamentares acusaram uma manobra de Cunha, visando colocar um aliado no comando da Casa. A medida foi encarada como uma espécie de cartada final para escapar da cassação do mandato.

Na intenção de consolidar o governo, em uma eventual confirmação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, para Temer é fundamental que um aliado de confiança ocupe o posto. Cauteloso, o Planalto tem monitorado com discrição as movimentações para a sucessão de Cunha.

Contudo, aliados do presidente interino já encaram a situação como uma espécie de sinal amarelo, uma vez que a quantidade de candidaturas aponta para uma dispersão entre os aliados de Temer. Em várias ocasiões, integrantes do governo declararam que Temer não vai envolver-se na disputa, com receio de que uma candidatura oficial venha a levar um racha na base do governo.

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