Dica de Saúde

Todas as gestações oferecem risco potencial para prematuridade

Pré-natal de qualidade deve ser aliado à identificação de possíveis fatores de risco.

Divulgação/Agência Notisa

Atualizada em 27/03/2022 às 11h59

SÃO LUÍS - No editorial “Prematuridade: quando é possível evitar?”, publicado em outubro na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, pesquisadores do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), discorreram sobre possíveis abordagens preventivas para a prematuridade.

“Apesar da evolução tecnológica e científica das últimas décadas, a prematuridade ainda constitui um grande desafio — é a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal, além de ser uma das principais causas de morte em crianças com menos de um ano”, afirmam os autores no artigo. Segundo eles, dados recentes da OMS indicam que a maioria dos países apresentou aumento das taxas de prematuridade.

Referem-se, então, a três razões potenciais: a maior frequência de gestações múltiplas secundárias a tratamentos de esterilidade, associadas ao crescimento do número de mulheres que buscam engravidar em idade avançada; a interrupção eletiva da gestação, que engloba o fato de, nas últimas décadas, o uso do corticoide antenatal, o surfactante e os avanços nos cuidados neonatais terem melhorado o prognóstico do prematuro e modificaram a percepção do risco diante de intercorrências maternas; e as possíveis medidas preventivas, que não têm contribuído para diminuir esse problema.

De acordo com os pesquisadores, várias abordagens preventivas já foram sugeridas. Para eles, a baixa redução da incidência de prematuridade tem origem na multiplicidade de fatores de risco envolvidos, que podem ser desconhecidos ou não modificáveis. Além disso, referem que os melhores resultados limitam-se a situações pouco frequentes na população geral de gestantes.

Dessa forma, mostram que a prevenção primária da prematuridade consiste em uma busca por indicadores clínicos que permitam o controle dos riscos e uma evolução favorável da gestação. “O atendimento médico adequado pode detectar algumas situações de risco que devem ser evitadas ou controladas (por exemplo, hipertensão arterial, diabetes, infecções urinárias e genitais, obesidade, desnutrição, distúrbios emocionais, tabagismo, consumo de drogas e transferência de mais de um embrião em fertilizações in vitro)”, destacam no estudo.

Segundo a equipe, antecedente de prematuridade espontânea é um fator de risco, sendo a progesterona indicada para esses casos, contanto que a gestação seja de feto único. Outra característica que pode favorecer a prematuridade é o colo uterino curto, presente em 2 a 3% das gestantes. Nestas situações, demonstram os autores, deve ser aplicada progesterona natural por via vaginal. Quando há incompetência cervical, por outro lado, sugerem a circlagem cervical. Contam também que o pessário cervical no colo uterino curto tem sido introduzido quando as gestações são únicas, mas ainda não há comprovações sobre sua eficácia.

Em relação à prematuridade em gravidez gemelar, explicam que não se sabe de uma intervenção que atue comprovadamente. Já os uterolíticos, que inibem as contrações uterinas, formam a prevenção terciária, segundo os pesquisadores. Eles problematizam, porém, que através desse método apenas é possível adiar o nascimento por alguns dias, fornecendo tempo para algumas intervenções, mas não sendo suficiente para evitar o parto prematuro.

Visto isso, enfatizam que se deve “considerar todas as gestações como sendo potencialmente de risco para a prematuridade. É preciso identificar e afastar os possíveis fatores de risco antes da gestação e oferecer um pré-natal o mais adequado possível, a fim de que se possa minimizar, ao máximo, as possibilidades do nascimento prematuro”.

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