Greve continua

Rodoviários afirmam não haver sinalização de discutir soluções para encerrar greve de ônibus na Grande São Luís

A única proposta de negociação foi feita pelo prefeito Eduardo Braide, o qual se comprometeu em conseguir uma nova saída até esta quinta-feira (28).

Imirante.com

Atualizada em 26/03/2022 às 19h17
Trabalhadores voltam de bicicleta para casa, por causa da falta de ônibus. / Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante.
Trabalhadores voltam de bicicleta para casa, por causa da falta de ônibus. / Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante.

SÃO LUÍS - O Sindicato dos Rodoviários do Maranhão informou, nesta quarta-feira (27), que, até o momento, não houve qualquer sinalização de um novo encontro no intuito de discutir soluções, que visam atender as reivindicações dos trabalhadores do transporte coletivo de São Luís, que estão paralisados há sete dias na Grande São Luís.

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Segundo o sindicato, a entidade segue à disposição dos empresários e da Prefeitura de São Luís, para que possa retomar o diálogo e garantir aos rodoviários os seus direitos e, assim, o transporte público volte a circular normalmente na Ilha.

“A última proposta feita pelos empresários foi na segunda-feira (25), durante reunião com o prefeito Eduardo Braide, em que chegaram a oferecer 2% de reajuste salarial, o que não foi aceito pelos trabalhadores, que decidiram pela manutenção do movimento grevista. Sem avanços, os ônibus permanecem dentro das garagens, e os rodoviários aguardando por uma decisão”, disse o sindicato em nota.

Após a reunião com a prefeitura da capital, o prefeito Eduardo Braide se comprometeu em conseguir uma nova saída até esta quinta-feira (28). A resposta dependerá do que a gestão municipal definir para atender às demandas apresentadas pelos empresários.

Sete dias sem ônibus na Região Metropolitana de São Luís

Os terminais de ônibus do sistema de transporte público de São Luís estão há sete dias sem movimentação em razão da greve de rodoviários na ilha. O impasse entre patrões e empregados continua. Muitos passageiros estão indo para as paradas em busca de transporte alternativo.

Nas avenidas, como a 203 da Cidade Operária, o fluxo é diferente do que a população estava acostumada a ver; os ônibus que circulam são apenas aqueles de fretamento.

Fluxo ainda tranquilo na avenida 203, na Cidade Operária, no início da manhã. Foto: Imirante.com.
Fluxo ainda tranquilo na avenida 203, na Cidade Operária, no início da manhã. Foto: Imirante.com.

A rotina de quem dependia dos coletivos alterou nos últimos dias. Desde a última quinta-feira (21), muita gente enfrenta dificuldades ao sair de casa para o trabalho e também para retornar. A passagem está pesando no bolso, e quem não pode pagar um transporte por aplicativo, recorre aos carrinhos-lotação ou vans.

Paradas de ônibus agora servem para carrinhos e vans buscarem passageiros. Foto: Douglas Pinto/TV Mirante.
Paradas de ônibus agora servem para carrinhos e vans buscarem passageiros. Foto: Douglas Pinto/TV Mirante.
Carrinhos-lotação é uma das opções mais baratas para os passageiros. Foto: Reprodução/TV Mirante.
Carrinhos-lotação é uma das opções mais baratas para os passageiros. Foto: Reprodução/TV Mirante.

No fim da tarde dessa terça-feira (26), a Justiça do Trabalho no Maranhão divulgou uma nota pública sobre a greve, afirmando que tem buscado uma nova mediação entre patrões e empregados do setor de transportes.

Ainda segundo o órgão, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, desembargador José Evandro de Souza, fez audiências isoladas nesta terça com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema), Sindicato das Empresas de Transportes (SET) e município de São Luís.

“O presidente comunicou a todos os envolvidos o resultado das conversas e aguarda que, os sindicatos patronal e dos empregados, acolham a proposta que lhes apresentou como resultado da conversa com o município”, disse a nota da Justiça do Trabalho.

Também se manifestou sobre o movimento grevista, nesta terça, o Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA). Segundo o órgão ministerial, ele não foi acionado pelos sindicatos para agendamento de uma terceira audiência de mediação.

 As vans têm sido muito procuradas neste dias de paralisação.
As vans têm sido muito procuradas neste dias de paralisação.

Movimento grevista

A greve foi anunciada no último dia 13, após o Sttrema e o SET não chegarem a um acordo quanto aos pedidos da categoria. Os motoristas e cobradores afirmaram que cruzariam os braços a partir de 21 de outubro para exigir da classe patronal os seguintes benefícios:

- 13% de reajuste salarial;

- jornada de trabalho de seis horas

- tíquete de alimentação no valor de R$ 800;

- manutenção do plano de saúde e a inclusão de um dependente;

- a concessão do auxílio-creche, para trabalhadores com filhos pequenos.

Decisão da Justiça

Após o anúncio da greve, a Prefeitura de São Luís informou, na última quarta-feira (20), que garantiria a circulação de 90% da frota de ônibus em São Luís. A decisão liminar foi proferida pela desembargadora federal do Trabalho, Ilka Esdra Silva Araújo. Na decisão da Justiça, ficou determinado - tanto ao Sttrema quanto ao SET que:

Fosse garantido o percentual mínimo de 90% da frota de ônibus em funcionamento, em todas as linhas e itinerários e em todos os horários, com os respectivos motoristas e cobradores em todos os horários;
Não houvesse coação ou impedimento aos trabalhadores que não queiram aderir ao movimento de trabalhar;
Não houvesse bloqueio das entradas/garagens das empresas prestadoras de serviço de transporte público municipal;
Não fosse praticada qualquer tipo de greve, tal como “greve branca”, “operação tartaruga”, “greve de zelo”, “greve de ocupação”, “greve ativa”, “greve intermitente”, “greve seletiva” ou qualquer outra que venha a prejudicar a prestação do serviço público.

Em caso de descumprimento das medidas, a Justiça do Trabalho estabeleceu multa diária de R$ 50 mil ao Sttrema e ao SET.

Apesar da determinação judicial, a Grande São Luís amanheceu na quinta (21) sem ônibus nas ruas. Nas primeiras horas da manhã, os usuários do transporte coletivo se encontravam nas paradas, amargando longa espera, já que não há nenhum coletivo circulando. Alguns passageiros desistiram e procuraram alternativas para chegar ao seu destino.

Por meio de nota, a Prefeitura de São Luís informou que havia disponibilizado fiscais para que a decisão judicial fosse cumprida.

"A Prefeitura está com fiscais desde às 4h da manhã para garantir que o percentual mínimo da frota circule na cidade e que vai buscar as medidas necessárias para que a decisão judicial seja cumprida, uma vez que a população de São Luís não pode ser penalizada", disse a nota.

A Prefeitura de São Luís também afirmou que "por meio da Procuradoria Geral do Município, tendo em vista o descumprimento da decisão judicial - que garantia o percentual mínimo de 90% da frota de ônibus nas ruas - já acionou a Justiça do Trabalho para que os ônibus voltem a circular na capital. Dentre as medidas requeridas pela Prefeitura está a determinação de que o serviço seja prestado em sua totalidade, com 100% da frota em todas as linhas e horários, com imediato restabelecimento do serviço".

Veja mais imagens registradas neste sétimo dia de paralisação dos rodoviários da Grande São Luís:

Pedestre atravessa a Ponte José Sarney, no São Francisco. Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante.
Pedestre atravessa a Ponte José Sarney, no São Francisco. Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante.
Fluxo de veículo nesta quarta na ponte Bandeira Tribuzzi. Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante.
Fluxo de veículo nesta quarta na ponte Bandeira Tribuzzi. Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante.
Mototaxista afirma que está faturando bem mais. Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante
Mototaxista afirma que está faturando bem mais. Foto: Matheus Soares/Grupo Mirante

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