VÍDEO

Crianças estudam em casebre de barro e palha, em Peritoró

Em vídeo, alunos e pais pedem melhorias em escola municipal.

Neto Cordeiro/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h34
 Escola funciona em casebre de barro e palha. Foto: Divulgação/JAP.
Escola funciona em casebre de barro e palha. Foto: Divulgação/JAP.

PERITORÓ – A triste realidade dos alunos da escola municipal Nossa Senhora da Conceição no Povoado Mendonça, no município de Peritoró, revolta pais e preocupa um grupo de jovens que se mobilizou, por meio de redes sociais. As crianças pedem cadeiras, merenda, banheiros e alegam que assistem às aulas em um casebre (assista ao vídeo ao fim desta publicação).

O local, onde, apenas, dois professores tentam transmitir algum conhecimento aos pequenos peritoroenses é uma casinha de barro coberta por palha. Antes de ser colégio, a pequena casa era uma capela.

Izaquiel Souza, de 18 anos, que faz parte do grupo Juventude em Ação de Peritoró (JAP), foi ao local, com alguns colegas, e registrou as condições precárias do ambiente. Ele confirmou que falta merenda para as crianças, que acabam sendo liberadas mais cedo por sentirem fome.

 No local, já funcionou uma capela. Foto: Divulgação/JAP.
No local, já funcionou uma capela. Foto: Divulgação/JAP.

Ele e o amigo Fabiano Silva, contaram que, depois da divulgação, receberam um convite para comparecerem ao Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente nessa terça-feira (8). No entanto, nenhum deles atendeu à convocação. “Depois da divulgação nas redes sociais, os conselheiros tutelares queriam causar medo e intimidar a gente”, afirmou Izaquiel. A reportagem procurou o conselheiro tutelar Valdir Barros Filho, mas ainda não obteve resposta.

 Convite do Conselho Tutelar de Peritoró. Foto: Izaquiel Souza.
Convite do Conselho Tutelar de Peritoró. Foto: Izaquiel Souza.

Por telefone, a presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Maranhão, Elisângela Cardoso, informou que o órgão, ainda, não tomou conhecimento da questão. O conselheiro estadual, Francisco Lemos, informou, também por telefone, que a ação dos conselheiros de Peritoró tem o respaldo do Estatuto da Criança e do Adolescente. Ele explicou que é dever deles averiguar o caso para saber se existe violação dos direitos da criança por parte do município.

Nessa terça-feira (8), os pais dos estudantes se reuniram para reforçar a reclamação dos filhos. Eles, também, não entenderam a postura do Conselho Tutelar, já que a intenção dos jovens é buscar melhorias na educação do município.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação de Peritoró afirmou que uma pessoa, orientada por políticos de oposição, levou as crianças para um casebre, montou um cenário com carteiras que estavam descartadas e trouxe partidários da oposição para produzir um vídeo com informações falsas.

Leia, na íntegra, a nota divulgada pela Prefeitura de Peritoró.

A Secretaria Municipal de Educação de Peritoró, em resposta a matéria divulgada na imprensa e nas redes sociais, referente a o funcionamento de uma escola no Povoado Mendonça, vem a público esclarecer o que segue:

A escola citada na matéria funcionava desde a administração passada numa casa da Associação de Moradores da localidade. Quando o prefeito Padre Jozias assumiu, determinou que fosse feito um diagnóstico da situação, e identificou esse problema na comunidade. Ano passado, a Secretaria de Educação reuniu com as famílias do Povoado Mendonça, e propôs o deslocamento dos alunos para a comunidade mais próxima chamada Prazeres. Neste caso, a Prefeitura disponibilizaria uma van com monitor para cuidar exclusivamente do transporte, dando mais segurança para as crianças, enquanto seria construída uma Escola Padrão. Duas reuniões foram feitas e a comunidade não aceitou a proposta, resistindo à mudança.

A pedido da comunidade, a Prefeitura contratou um professor residente na localidade e dirigente da mesma, pois em Mendonça quase todos são parentes. A Secretaria determinou que a partir deste ano letivo, os alunos de Mendonça seriam deslocados para o Povoado São João das Neves. Essa determinação foi tomada justamente porque será construída, no Povoado Frei Solano, a trezentos metros de Mendonça, uma escola do Programa Escola Digna, do Governo Estadual que vai atender toda região. Como na localidade não existem prédios com estrutura física adequada para o funcionamento de salas de aula, a Prefeitura sugeriu estas mudanças e esse ano irá funcionar assim.

Para nossa surpresa, essa pessoa de maneira irresponsável, sem o conhecimento da Secretaria de Educação, orientado por políticos de oposição, levou as crianças para um casebre, onde funciona a igrejinha da comunidade, montou um cenário com carteiras que estavam descartadas, e trouxe partidários da oposição para produzir um vídeo e divulgar nas redes sociais, inclusive induzindo as crianças a se expressarem cobrando providências, como se ali funcionasse uma escola. O vídeo divulgado foi produzido com o único objetivo de criar fatos desfavoráveis para administração municipal.

Diante do exposto, esclarecemos a todos, que o local mostrado nas filmagens não tem autorização da Prefeitura para funcionamento de sala de aula, essa pessoa usou de maneira intencional, para criar um fato político. As crianças desta localidade, como esclarecido acima, assistirão aulas no povoado São João das Neves, enquanto será construída a escola do povoado, onde o processo está bem encaminhado.

Aproveitamos também para repudiar o uso político de imagem das crianças do povoado Mendonça, com o único objetivo de construir palanque, devido ao processo eleitoral que se aproxima. Neste caso, a Secretaria de Educação está acionando o Conselho Tutelar e o Ministério Público para as providencias cabíveis.

Informamos ainda que estamos à disposição de qualquer órgão da imprensa e da comunidade em geral para prestar qualquer esclarecimento referente ao caso.

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