Datas do vestibular preocupam estudantes de escolas públicas

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 13h53

SÃO LUÍS - Estudantes de escolas da rede pública estadual estão apreensivos com a realização da primeira etapa do vestibular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no dia 16 de dezembro. O principal problema é que, em decorrência da greve dos professores, que durou 87 dias, o conteúdo programático está atrasado e deverá ser concluído somente em fevereiro do ano que vem.

Nas escolas estaduais, as aulas do terceiro bimestre ainda estão sendo iniciadas e o quarto bimestre, segundo diretores, deverá ser iniciado em dezembro. “A nossa projeção é de que as provas da primeira etapa da UFMA aconteçam na transição entre o terceiro e o quarto bimestre. Isso porque estamos dando aulas aos sábados para recuperar o conteúdo. A UFMA não está errada em pensar na recomposição do seu calendário letivo, mas não é justo não pensar na comunidade antes de tomar uma decisão como esta. Porque nem mesmo o sistema de cotas pode funcionar, já que o nível dos alunos pode cair bastante nesse caso”, criticou o diretor do Centro de Ensino Governador Edison Lobão (Cegel), Waldenêr Costa Melo.

Por isso, não somente os alunos como também os professores precisam buscar alternativas para recuperar o tempo perdido. Os alunos criam grupos de estudo, procuram cursinhos ou estudam por conta própria. Já os docentes, reprogramaram todo o conteúdo, priorizando os assuntos que mais são cobrados no vestibular. Ou seja, com metodologia similar à dos cursinhos. “A nossa prioridade não é o vestibular, mas temos que adotar alternativas para que os nossos alunos não sejam prejudicados. Eu vou tentar fazer de tudo para dar condições de competitividade aos meus alunos, embora saiba que essa não é uma missão fácil”, afirmou o professor de História Pedro Cordeiro.

DESISTÊNCIA

A aluna do 3° ano do Cegel, Thácila Raquel Barbosa, de 18 anos, por exemplo, já desistiu de fazer o vestibular da UFMA por causa das datas em que ele será realizado. “Vou fazer apenas o PSG (Programa de Seleção Gradual), já que o vestibular deve cair em período de provas e não teria como estudar para estas e para o seletivo da UFMA ao mesmo tempo”, disse a estudante, que esse ano já estudou em cursinho, tem um grupo de estudo com colegas de classe, e estuda entre seis e oito horas por dia, tudo para conseguir uma vaga no curso de Medicina.

Carliane Sousa, aluna do Liceu Maranhense, afirmou que, mesmo estudando quatro horas por dia, não tem muita esperança de ser aprovada. “Só passo nesse vestibular por milagre. O conteúdo está muito atrasado e os professores estão ‘correndo’ com as aulas e nisso surgem dúvidas que nem sempre são tiradas por mais que eu me esforce. Essa data foi prejudicial somente aos alunos da escola pública”, observou ela.

E há alunos que, para diminuir os transtornos da greve dos professores relacionados com as datas escolhidas pela UFMA para a realização dos exames da primeira etapa do vestibular, conseguiram que seus pais fizessem um esforço a mais para pagar cursinhos para que pudessem estudar o conteúdo do 3° ano do ensino médio. “Mesmo assim, não é a mesma coisa. No cursinho, os professores apenas ‘pincelam’ os assuntos. E agora estamos em uma situação complicada, porque também na sala de aula os conteúdos são ‘pingados’ sem uma discussão que de fato prepare o aluno para o vestibular”, afirmou Crislane Moura, que cursa o 3º ano no Liceu Maranhense.

De acordo com o reitor da UFMA, Natalino Salgado, a realização do vestibular em dezembro não prejudicará os estudantes da rede pública. “Essa data foi fixada para adequar o calendário da UFMA e a pedido dos próprios professores, alunos e diretores de escolas e donos de cursinhos. No caso da rede pública, temos consciência dos problemas ocorridos, mas a divisão das vagas por cotas garante a igualdade da concorrência para cada estudante”, afirmou Salgado.

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