Jovens sofrem para escolher a carreira

G1

Atualizada em 27/03/2022 às 13h53

RIO DE JANEIRO- Os jovens têm um olho na vocação e outro no mercado de trabalho. Ganhar dinheiro é tão importante quanto fazer o que gostam. Mas eles também são imediatistas, e a profissão escolhida poderá nem ser tão rentável assim no futuro. “Vou fazer medicina, porque é um sonho”, comenta um estudante.

O professor Moisés Balassiano, especialista em estudos sobre carreiras, tem um projeto de pesquisa que associa a escolha dos jovens à capacidade de tomar decisão em jogos de computador. O estudo vai durar cinco anos, mas ele já deduz um comportamento a partir de entrevistas prévias com estudantes.

“Existe uma metáfora hoje que a vida é um jogo. Então, o jovem vive a vida como se a vida fosse um jogo. E, como em um jogo, se não der certo, o que você faz? Recomeça. Tem jovem que entra no curso e faz três diferentes antes de se formar, porque não se encontrou. Nós estamos sendo obrigados a tomar decisões sobre as nossas carreiras, pelo menos, um ano antes do que há 20 anos. Os jovens hoje são muito imaturos, pelo menos a maioria deles. Então, você junta essas duas coisas e tem a receita perfeita para uma insatisfação nas suas decisões”, avalia o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Balassiano.

“Acho que está cada vez mais difícil hoje. Tem que buscar também. Tem que pensar na parte financeira. Não tem que pensar só no que você gosta. Tem que pensar numa coisa que você gosta e dê retorno financeiro”, afirma o estudante Argemiro Passos Júnior.

O estudante Gustavo Duarte do Amaral já pensou em fazer cinema e psicologia. Agora, ele se decidiu por desenho industrial. “Acho que é complicado, principalmente pela questão financeira. É difícil viver de cinema, por exemplo. Muita gente brigou comigo, porque é difícil. Até desenho industrial ainda escuto bastante”, comenta Amaral.

Um professor diz que a família tem uma grande responsabilidade pelos erros na escolha dos jovens. “Eu acho que essa ausência, às vezes, dos pais em função do trabalho e essa busca intermitente pelo dinheiro criam na vida desses meninos um certo abandono. Eles passam a se formar sozinhos. Isso faz com que eles, em alguns momentos, tenham uma escolha errada”, defende.

Não existe fórmula para escolher a profissão, mas o professor Rui Alves Gomes de Sá aponta um caminho para chegar lá. “De cada quatro alunos que fazem uma escolha, um normalmente verifica que aquilo não é o desejado. Você tem que tentar sempre e aproveitar aquele seu erro e consertar, fazer aquilo que gosta. Se ele não fizer isso pela paixão, pela vocação, ela não vai ser um profissional feliz”, finaliza Sá.

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