Flexibilização de medidas preventivas tem causado aumento nos casos de Influenza, aponta infectologista
No Maranhão, as unidades de saúde públicas e privadas têm registrado uma grande procura de pessoas com síndrome gripal. Uso das máscaras, higienização das mãos e isolamento podem ajudar a conter o surto de gripe.
SÃO LUÍS - O aumento dos casos de síndrome gripal no Brasil tem causado preocupação, diante da grande demanda pelos serviços hospitalares. No Maranhão, as unidades de saúde públicas e privadas têm registrado uma grande procura.
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Segundo especialistas, o Brasil está enfrentando um surto gripe causado pelo vírus Influenza, tanto do subtipo H1N1 quanto da variante H3N2. Em entrevista ao Imirante.com, o infectologista Fabrício Silva Pessoa destacou que o aumento do número de casos de infecção por Influenza podem ter sido motivados pela flexibilização das medidas de prevenção contra a Covid-19.
“Nas últimas semanas houve um declínio no número de casos de Covid-19. E como consequência, houve a flexibilização de uma série de medidas em vários Estados. Essa flexibilização junto com a questão da não adesão às medidas já bem conhecidas pela população, como o uso das máscaras, higienização das mãos, aglomeração, favoreceu, de fato, para o aumento desses números de casos de Influenza no Maranhão e outros Estados do Brasil”, destaca o infectologista.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), até agora, o Maranhão registrou 175 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao vírus Influenza em 2021.
A maior preocupação dos órgãos de saúde em relação à gripe, no momento, é em relação à variante H3N2, que pode causar casos de síndrome respiratória aguda grave em idosos e imunocomprometidos.
No Maranhão, até o momento, 29 casos de Influenza A/H3N2 foram confirmados e 20 amostras ainda aguardam resultado de exames. O primeiro caso da variante no Estado foi confirmado no último dia 22 de dezembro, em um menino de 10 anos, que registrou atendimento na rede hospitalar particular com quadro com sintomas de febre, tosse e obstrução nasal e evoluiu para cura.
Embora o Maranhão ainda não tenha mais casos confirmados de infecção pela H3N2, o número de pessoas com síndromes respiratórias tem aumentado nos últimos dias e, diante da pandemia da Covid-19, muitos pacientes ficam sem saber se estão infectados pela Covid ou pela Influenza.
“Um dos pontos cruciais da doença é a gente saber, do ponto de vista clínico, diferenciar os sintomas da Covid com os sintomas da Influenza. Por exemplo, os sintomas principais da Influenza são caracterizados por coriza, tosse, dores de garganta, dor no corpo, dores de cabeça, fraqueza e febre. O interessante é que esses sintomas eles geralmente se inciam de forma súbita, ou seja, de forma mais rápida do que a Covid. Claro que pode ter manifestações graves ou outras manifestações não tão comuns como náuseas, diarreia, síndrome do desconforto respiratório agudo, que pode levar a insuficiência respiratória, que é o cansaço extremo e que, inclusive, pode haver necessidade de intubação. Pode também estar presente no quadro manifestações como chiado no peito, aquela febre de difícil controle e os quadros complicados, que vai desde os quadros pulmonares até os neurológicos”, explica o infectologista Fabrício Pessoa.
O especialista destaca que, em alguns casos é difícil ter uma precisão clínica, no sentido da identificar claramente o que é contágio por Covid-19 e o que é por Influenza. Por isso, o ideal é que em ambos os casos sejam realizados os testes de Covid e de Influenza.
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O infectologista aponta que, caso a pessoa apresente os sintomas de gripe, é importante que ela faça repouso, tenha uma boa alimentação, uma boa hidratação, bem como fazer uso das medicações que possam amenizar a febre e a dor. O especialista também destaca a importância de fazer a quarentena para evitar a transmissão maior da gripe, bem como tomar as medidas de higienização das mãos e uso de máscara, para evitar a disseminação do vírus.
“O tratamento pode ser feito no âmbito domiciliar, com todos os cuidados, com todas as recomendações, porém, existe critério de indicação tanto de internação, como também de pacientes que precisem de Unidade de Terapia intensiva. Claro que a gente orienta o paciente a procurar sempre o atendimento médico, seja ele nas Unidades Básicas de Saúde, nas UPAS ou na rede hospitalar mais próxima da sua casa. A gente orienta que pacientes com sintomas leves e sem fatores de risco busquem as unidades de saúde mais próxima. E quanto aos pacientes de grupo de risco é sempre de extrema importância que se realize o atendimento médico, para que seja prescrita a medicação e avaliada a necessidade de internação”, orienta o infectologista.
O especialista explica, ainda, que nos casos de Influenza, são considerados do grupo de risco: crianças menores de 5 anos, as gestantes, a população indígena, as pessoas com comorbidades, os pacientes idosos, pacientes com tuberculose, as puérperas e pacientes com síndrome respiratória aguda grave. E, nesses casos, a indicação é que esses pacientes sejam medicados com antiviral, sendo que a medicação deve ser iniciada o mais precocemente possível.
“O vírus Influenza pode evoluir com gravidade e pode levar a óbito sim, principalmente para os pacientes do grupo de risco. Aqui no caso, diferentemente da Covid, as crianças são muito afetadas. Nós tivemos muitos casos de Covid-19, porém, a influenza ela pode ser muito mais exacerbante. Inclusive, aqui em São Luís no ano de 2020, nós tivemos um surto de Influenza, com muitas crianças afetadas. Então, a gente sabe que é uma doença que afeta a infância e que pode sim determinar a gravidade. Então, os grupos de risco eles podem sim evoluir com complicações e podem evoluir com desfecho ruim, que no caso é o óbito. Por isso é importante o atendimento precoce para esses grupos, para intervenção precoce e início de um tratamento efetivo”, reforça o infectologista Fabrício Pessoa.
Prevenção
Quanto às medidas de prevenção, os especialistas destacam que a principal delas é a imunização. No caso da Influenza, a vacina oferecida no Brasil só ajuda a proteger contra o H1N1, não havendo abrangência para a variante H3N2, porém, a recomendação é tomar a vacina, bem como tomar outras medidas de prevenção.
“A vacina é a forma mais segura e considerada a mais eficiente para evitar os casos graves e o óbito. O importante destacar que a vacina ela mesmo sendo para outra variante, vale a pena realizar a imunização e garantir as outras medidas, como distanciamento social, higienização das mãos com sabão ou álcool em gel, o uso da etiqueta respiratória, o uso da máscara cobrindo sempre a boca e o nariz, Além de manter hábitos saudáveis, como uma boa alimentação e hidratação, assim como também garantir o isolamento”, explica Fabrício Pessoa..
Atendimento
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, em caso de sintomas gripais, o paciente deve procurar atendimento na unidade de saúde de referência municipal. Os pacientes com síndromes gripais leves estão sendo atendidos nas Unidades Básicas de Saúde. Já as UPAS estão atendendo somente os pacientes de síndromes gripais em estado moderado ou grave.
Quanto às reclamações da população da demora no atendimento nas UPAs, a SES afirma que “está adotando medidas para dar suporte aos atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da capital e do interior como, por exemplo, montagem de tendas nas unidades do Parque vitória, Araçagi, Bacanga e Paço do Lumiar, além de reforçar as equipes de profissionais”.
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