Análise

Distribuição de cestas básicas deveria envergonhar políticos maranhenses

Se fosse tão eficiente em promover um estado economicamente viável quanto está sendo na distribuição de cestas básicas, a classe política maranhenses iria transformar o estado em um paraíso

José Linhares Jr./Editoria de Política

Atualizada em 27/03/2022 às 11h03
Classe política, diante da pandemia, tem se unido para distribuir cestas básicas no Maranhão
Classe política, diante da pandemia, tem se unido para distribuir cestas básicas no Maranhão ( Foto; Divulgação)

Desde oposição à situação, novos e velhos, comunistas e capitalistas, deputados estaduais, prefeitos de interior, ateus e cristãos, senadores, bolsonaristas e petistas, deputados federais, secretários estaduais, líderes comunitários e, em patamares diferentes, também o prefeito da capital e o governador: toda a classe política maranhense está unida na distribuição de cestas básicas por conta da pandemia.

E a felicidade contagiante da população durante essas ações sociais revelam um fato cruel: eles, os políticos, são muito eficientes no assistencialismo enquanto forma de combate à miséria absoluta. E só!

E é certo frisar que nem o mais pedregoso coração gelado há de se incomodar com comida sendo doada a quem precisa. Que continuem a distribuir cestas básicas e a matar a fome dos esfomeados. Só que há antecedentes para lá de malignos em uma situação aparentemente virtuosa. E eles começam a serem revelados com perguntas simples.

Por que essa união agora? Por que só agora esse trabalho em equipe tão articulado e eficaz? Por que a fome não fora enfrentada antes? Por que gastar tantos recursos tentando cuidar dos sintomas, quando se passaram décadas em que se desprezou completamente as causas?

A Covid-19 é, sem dúvidas, a causa máxima de nossa miséria atual e ninguém pode ser culpado por este flagelo. Mas... será que alguém tem coragem de discordar do fato de que se o Maranhão fosse economicamente mais saudável seriam menores as filas para cestas básicas?

Dentro dos índices de liberdade econômica, competitividade, empreendedorismo, segurança jurídica, ambiente acolhedor aos negócios e tantos outros que iriam diminuir os efeitos dessa praga, o Maranhão está entre os piores estados do Brasil em todos. Investir e gerar riqueza em nosso estado é uma tarefa hercúlea para os forasteiros e ingrata para os nativos.

Ocorre que o flagelo econômico que a maioria do país sentiu com a pandemia não é novidade para nós maranhenses. Falta de emprego? Dificuldade para abrir um negócio? Empresário sendo tratado como marginal? Todos esses, e mais alguns, fustigos nos assombram desde sempre.

Se fosse tão eficiente para promover um estado economicamente viável quanto está sendo na distribuição de cestas básicas, a classe política maranhenses iria transformar o estado em um paraíso.

E essa não é uma provocação que se predisponha a encontrar culpados. Além da incapacidade dos políticos em enxergar que a liberdade econômica é liberdade social que libertará o povo das filas de cestas básicas, a grande âncora que acorrenta o calcanhar desse estado e o impede de desenvolver-se é o inquérito político-policial eterno obcecado pelo descobrimento de culpados.

De certo, o Maranhão não precisa mais incriminar ninguém por sua miséria. Precisa de soluções.
E, paradoxalemente, apenas a classe política pode garantir as saídas para o estado de penúria que nos aflige. Apenas a força política de todos os políticos pode transformar filas de distribuição de cestas básicas em filas de carteira de trabalho sendo assinadas.

No pós-pandemia resta aos otimistas a esperança de que a distribuição de cestas básicas tenha sido cansativa demais aos políticos. Que eles prefiram assinar papéis dentro de seus gabinetes confortáveis e tornem o Maranhão um estado em que o suor do trabalho seja mais eficaz no combate à fome do que a solidariedade alheia.

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