Grilagem de Terras

Preso homem suspeito de grilagem de terras em São Luís

O coronel Pinheiro Filho seria a vítima do golpe de Daniel Ferreira de Melo ou Marcelo Eudes.

Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 12h22

SÃO LUÍS - A força-tarefa designada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) para combater a “grilagem de terras”, na Região Metropolitana de São Luís, prendeu, ontem (9), mais um suspeito de participação no esquema ilegal de compra e venda de terrenos. Desta vez, o alvo das investigações foi estelionatário Marcelo Sodré de Sousa, que falsificou no Estado do Piauí a documentação do ex-comandante-geral da Polícia Militar do Maranhão, coronel Antonio Pinheiro Filho, para comercializar lotes no Jardim Eldorado.

 Homem suspeito usava identidades falsas ao agir. Foto: Domingos Ribeiro/Rádio Mirante AM
Homem suspeito usava identidades falsas ao agir. Foto: Domingos Ribeiro/Rádio Mirante AM

“Ele, provavelmente, não contava que os dados que escolheu para falsificar pertenciam a uma pessoa tão popular, como é o caso do coronel Pinheiro Filho. Tanto que o nome do oficial foi reconhecido por um dos clientes, para quem o estelionatário chegou a oferecer por R$ 350 mil um terreno que pertencia ao ex-comandante da PM avaliado em R$ 700 mil. Ao verificar que os dados do militar estavam em documentos, cujas fotos eram, porém, do golpista, uma das vítimas acionou a polícia”, disse o delegado Carlos Alberto Damasceno, responsável pelas investigações.

O trabalho de prender o falsário ficou a cargo do Serviço de Inteligência da Polícia Militar, que localizou o estelionatário no bairro Recanto Fialho. Em poder de Marcelo Sodré de Sousa foram apreendidos vários documentos falsificados, entre identidades, Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs), e até certidões de nascimento. “No Maranhão, por exemplo, ele usava o nome de Daniel Ferreira de Melo, enquanto que no Piauí, passava-se por Manuel Eudes dos Santos Andrade”, acrescentou o delegado, chefe da força-tarefa.

Golpes - Segundo a Polícia Civil, o criminoso falsificou os documentos do coronel Pinheiro Filho – hoje comandante do 8º Batalhão da PM -, em um cartório de Registro Civil na cidade de Luis Correia, no Piauí. A vida pregressa de Marcelo Sodré de Sousa também é marcada pela prática de outros golpes. Em 2011, o estelionatário foi preso na cidade de Parnaíba, no Piauí, portando 10 carteiras de identidade falsificadas. “Na época, ele chegou a adquirir vários veículos e chegou a se passar por funcionário da Infraero”, revelou o delegado Damasceno.

Ainda de acordo com o chefe da força-tarefa, o estelionatário preso pode ter ligações com a organização criminosa que há mais de três décadas atua na “grilagem de terras”, na área do bairro Araçagi, e que, segundo a polícia, é liderada pelo corretor de imóveis Elias Orlando Nunes Filho, de 57 anos, e pelo ex-vereador de Paço do Lumiar, Edson Arouche Junior, o Júnior do Mojó, de 42 anos. Ambos são considerados foragidos da Justiça, pelo indiciamento pela morte do empresário Marggion Andrade, de 45 anos, ocorrida em outubro de 2011.

Carlos Alberto Damasceno explica que os modos operantes do estelionatário são os mesmos usados pelos sócios da Imobiliária Territorial. “Elias Filho e Júnior do Mojó utilizam da credibilidade dos cartórios para dar autenticidade à documentação falsificada. Foi justamente isto que este falsário fez. Ele percebeu que o terreno estava vazio, confirmou os dados de localização do lote, teve acesso ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e levou os originais para falsificá-los no estado vizinho”, detalhou o delegado.

Também já é investigado pela comissão de delegados da força-tarefa contra a “grilagem de terras” o envolvimento do estelionatário com um político parlamentar maranhense, da cidade de São Bento que, supostamente, estaria se preparando para se beneficiar nas eleições deste ano, com a produção de títulos eleitorais com documentos falsos. “Neste caso, específico, temos conhecimento de que o falsário não produz o titulo de eleitor, propriamente, mas todos os demais documentos necessários para emiti-lo sem levantar qualquer suspeita”, concluiu o chefe das investigações.

Investigações começaram com a morte de empresário

A rigidez nas investigações sobre a incidência de crimes de “grilagem de terras”, na Região Metropolitana de São Luís foi determinada em dezembro do ano passado, por meio de uma portaria, assinada pela delegada-geral de Polícia Civil do Maranhão, Maria Cristina Meneses. A decisão de intensificar os trabalhos em combate a essa prática delituosa se deu após o indiciamento dos sócios da Imobiliária Territorial, como supostos mandantes do assassinato do empresário Marggion Andrade, encontrado morto com um tiro na nuca, no dia 15 de outubro de 2011, enterrado em uma cova rasa, em um terreno de sua propriedade, no bairro Araçagi.

Desde a morte do empresário que o corretor Elias Orlando Filho e o ex-vereador Júnior do Mojó passaram a ser apontados como principais suspeitos de crimes de “grilagem de terras”, na Região Metropolitana de São Luís. Seus nomes se tornaram alvos das investigações, após a prisão de três pessoas, que assumiram terem sido contratadas para matar a vítima, que havia comprado um terreno dos sócios. Os executores do crime, segundo a polícia, foram o ex-presidiário Alex Nascimento de Sousa, de 23 anos (que efetuou o disparo); o caseiro do empresário Roubert Sousa dos Santos, o Louro, de 19 anos, que foi preso horas depois de o corpo ter sido encontrado, e um adolescente de 15 anos, que deu cobertura, durante a execução.

Todos, ao prestarem depoimentos separadamente, afirmaram categoricamente que foram contratados pelo corretor e pelo vereador para matar Marggion Andrade, pois eles queriam tomar-lhe o lote, que teria sido vendido a outros cinco clientes. Elias Orlando Filho chegou a ser preso por determinação da Justiça, diante dos fortes indícios de sua participação no crime, porém, foi solto menos de 24 horas depois, por meio de um habeas corpus. Júnior do Mojó, por sua vez, nunca foi localizado desde a abertura do inquérito. Recentemente, advogados do ex-parlamentar de Paço do Lumiar contatou a polícia exigindo regalias para que o foragido se apresentasse.

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