SÃO LUÍS - O diretor e administrador da Empresa Gonçalves, Gilson Gonçalves assumiu, em entrevista à rádio Mirante AM, a participação no esquema de fraude do cartão do vale transporte, mas afirmou que o Sindicato dos Rodoviários tinha conhecimento sobre o assunto.
Segundo o administrador Gilson Gonçalves, há seis meses, foi descoberto que cobradores da empresa compravam créditos de um fornecedor. “Quando descobri o fato, demiti alguns deles por essa conduta antiética. Como o fato continuou acontecendo, procurei o fornecedor e propus que ele negociasse com a empresa, em vez de passar aos cobradores”, mencionou Gonçalves.
Ainda de acordo com Gonçalves, ele pediu que seu contador calculasse os encargos sociais sobre a passagem de R$ 1,70. “O que restou, mais ou menos, foi R$ 1,36, que era o valor pelo qual comprávamos dele a unidade. Não vemos ilegalidade na questão”, declarou.
Ainda segundo Gilson Gonçalves, os cartões eram descarregados nos pontos finais dos ônibus sem a presença do cobrador, para evitar quaisquer problemas. Quanto aos R$ 58.000,00 passados a Roberval Campos, ele explicou tratar-se do montante para que o negociador tirasse seu lucro e pagasse aos usuários de quem comprava os cartões.
Fraude
A Polícia prendeu nesta terça-feira (20) Roberval Campos Carvalho. O suspeito estava com mais de 500 cartões de vale transporte. O produto era comprado de trabalhadores, que apesar de serem beneficiados não utilizavam o vale. Os créditos eram comercializados por R$ 1,15 e negociados os cartões com a Empresa Gonçalves. Roberval faturou cerca de R$ 58 mil. A venda de créditos vinha acontecendo desde junho do ano passado.
Gilson admitiu o erro, mas disse que a empresa estava com problemas financeiros e precisava fazer alguma coisa. “Eu precisei demitir funcionários, e mesmo assim não estava adiantando. Tinha que tomar uma decisão rápida”, explica.
Ele explicou que tentou acabar com o esquema, mas como não encontrou nenhum impedimento legal, não procurou a polícia.
Segundo o delegado Ronilson Almeida, que investiga o caso, Gilson já foi intimado a comparecer na Delegacia de Investigações Criminais.
Rodoviários
O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário afirmou desconhecer a venda de créditos dos cartões de transportes. O presidente do sindicato, José Rodrigues, explicou de quem opera o sistema de bilhetagem eletrônica é o Sindicato dos Empresários de Transportes Coletivos de São Luís (SET) e o CPU das empresas.
Infração
Conforme a equipe da Deic, o esquema de fraude infringe a Lei Federal 7.418/85. “Além de agredir o direito de uso do beneficiário do vale-transporte, configura-se crime contra a ordem econômica, uma vez que privilegia uma empresa em particular, prejudicando as relações de concorrência no mercado”, discorreu o delegado.
O inquérito deve ser concluído em 30 dias. “Sejam os cartões comprados, falsificados ou roubados, os participantes do esquema, inclusive as pessoas ligadas à Gonçalves, podem ser criminalmente indiciados por fraude, estelionato ou outro crime, por natureza, contra a ordem econômica, dependendo do rumo que tomarem as investigações”, explicou o delegado. Também pode haver indícios de crime contra a ordem tributária. “Uma vez que as empresas emitentes dos cartões têm uma redução de Imposto de Renda da ordem de 10%, logo, todas as possibilidades devem ser consideradas”, finalizou Ronilson Moura.
Matéria atualizada às 17h11
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