Pandemia

Comércio é contra lockdown, mas não cumpre regras de combate à Covid-19

Amasp e entidades empresariais se manifestaram em desfavor de um possível lockdown na capital; O Estado foi às ruas para conferir se o setor comercial está cumprindo regras básicas de proteção ao coronavírus

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Pessoas deixam de usar máscara de proteção quando saem de casa e vão ao comércio (sem máscara)

São Luís – Diante do pedido de lockdown feito pela Defensoria Pública do Estado (DPE), na noite de 1° de janeiro, a Associação Maranhense de Supermercados (Amasp) e várias entidades empresarias do Maranhão, se pronunciaram e se colocaram contra a adoção de um bloqueio total no momento. Um dos pontos defendidos pelo setor é que os cuidados sanitários estão sendo tomados, no entanto, O Estado checou, porém, que o desrespeito ao uso da máscara e falta de informações visíveis sobre a pandemia é comum em alguns estabelecimentos.

Na maioria das vezes, o desrespeito parte do cliente. O Estado flagrou o momento em que um casal entrou em uma loja de materiais de construção, no bairro Olho d’Água, sem o uso da máscara, a mulher ao ver a equipe, imediatamente, colocou o acessório, o homem que estava com ela, não. E esse foi apenas um dos flagrantes, no mesmo estabelecimento, uma mulher fez suas compras sem utilizar a proteção e em nenhum momento foi alertada sobre a infração.

O Estado conversou com o sócio-proprietário do local para entender como o local lida com esse tipo de situação. José Aucivan respondeu que a loja não é climatizada e é ampla. “Estamos atendendo todas as normas, como a capacidade de pessoas, um fluxo pequeno, todo mundo de máscara, álcool em gel à disposição, então estamos tomando toda essas precauções”, frisou o empresário.

De fato, foi observado que a loja oferece álcool em gel, todos os funcionários estavam utilizando máscara, além da disposição de informativos. Porém, alguns clientes desrespeitaram as regras e nada foi comentado. “A gente conversa com o cliente, tem cartaz fixado dizendo que não é permitido e, se percebemos alguns clientes sem máscara, pedimos que espere fora da loja”, afirmou, José Aucivan, enquanto uma cliente sem o acessório era atendida em um caixa ao lado.

Em posição inversa
A Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Maranhão (Acomac-MA), foi uma das entidades que fez parte da nota conjunta divulgada no último dia 3. Um dos trechos da publicação diz o seguinte: “o entendimento das entidades é que novo decreto de ‘Lockdown’ neste momento de retomada da atividade econômica consistiria em um duro golpe para todos os segmentos produtivos (empregadores) e para os empregados”.

Ainda na loja citada anteriormente, o professor José Pinheiro foi entrevistado e, diferentemente de outros clientes, fazia o uso da máscara. “A pandemia existe, ela não acabou e as pessoas estão desacreditando muito no poder de destruição desse vírus, eu acho que a gente tem de manter o distanciamento social, tem que manter os cuidados recomendados pelos órgãos competentes”, comentou.

Feira do Mangueirão
Ainda durante visita a região do Olho d’Água, que inclusive, é um dos bairros com grande número de mortes pela Covid-19, O Estado passou pela Feira do Mangueirão e verificou ainda mais desrespeito, dessa vez, por parte de lojistas também.

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Em um estabelecimento de venda de ração para animais, todos os funcionários estavam sem máscara enquanto conversavam, Francisca Martins, gerente do local, disse que um novo lockdown, para ela, não faria tanta diferença, já que no bloqueio passado seu comércio teve permissão de continuar funcionando.

“Mas, o que eu sou a favor mesmo é de o povo trabalhar e esse negócio de festa acabar totalmente. A gente se previne, a gente se cuida aqui, mas existem grupos de pessoas que bebem, saem e entram nos ônibus, sentam perto da gente”, destacou Francisca Martins, nesse momento já com o acessório de proteção.

SAIBA MAIS

Lockdown

O juiz Douglas Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, decidiu realizar uma audiência de conciliação para tentar definir o pedido da Defensoria Pública do Estado do Maranhão para decretar lockdown. A decisão foi publicada na manhã desta segunda-feira, 8.

Na decisão, Douglas afirmou que 14 municípios, dos 217, se manifestaram contrariamente ao pedido da Defensoria Pública. O juiz ressaltou que as manifestações se deram em caráter voluntário, uma vez que os réus no processo sequer foram intimados.

Douglas afirmou que a decisão de realizar audiência da Procuradoria-Geral de Justiça visa encontrar uma saída pacífica para o imbróglio. A audiência está marcada para o 11 de fevereiro.

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