São Luís – Após a Defensoria Pública do Estado (DPE), protocolar pedido na Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca de São Luís, solicitando que o governo estadual decrete lockdown nos 217 municípios do estado por 14 dias, um bar e restaurante, localizado em um hotel no Calhau, soltou nota em suas redes sociais para anunciar a suspensão de atividades no local, o produtor de eventos, Mário Moraes, também divulgou nota informando uma pausa nas programações festivas.
O responsável pelo bar e restaurante situado no Calhau, Marcelo Aragão, disse que a decisão foi tomada porque foi necessário, diante da atual situação da pandemia, já que o Maranhão entrou em alerta vermelho quanto ao número de óbitos pela Covid-19.
“Não nos achamos em situação confortável em abrir nosso estabelecimento, quando os índices apontados pelas autoridades sanitárias mostram uma curva ascendente de alta, chegando a cor vermelha. Sempre cumprimos todos os protocolos e respeitamos as normas exigidas em portarias pertinentes a nossa atividade, porém, acreditamos que nossa atitude pode servir também de alerta e conscientização”, afirmou, Marcelo Aragão
Ele disse ainda, que espera que as autoridades façam sua parte no que tange a reabertura dos leitos fechados na época branda da pandemia, assim como acelerem o processo de vacinação aos grupos mais vulneráveis.
O produtor de eventos Mário Moraes divulgou na terça-feira, 2, uma pequena postagem anunciando uma pausa nas comemorações. “Interrompemos temporariamente nossas programações festivas. Retornaremos tão logo nos for possível”, disse a nota.
Outro estabelecimento, o “Pagode do Seu Zé”, cancelou seu último evento, que acontecia todos os domingos. “Sempre respeitamos todos os protocolos sanitários, de segurança e higienização na realização dos nossos pagodes, porém, em cumprimento à nota recebida hoje pela manhã, por meio do Ministério Público e acatando as normas direcionadas pelo Procurador do Estado, Secretaria de Segurança e órgãos competentes, comunicamos o cancelamento do evento de hoje”, afirmou nota, divulgada no dia 24 de janeiro. A nota informou, ainda, que anunciaria na próxima semana, as novas diretrizes e posicionamento do local.
Possível lockdown
A decisão do estabelecimento e do produtor de eventos veio um dia após a petição à Vara de Interesses Difusos e Coletivos, na noite da segunda-feira, 1°. A petição da DPE, solicita que o Governo do Maranhão adote o bloqueio total por 14 dias em todos os municípios do estado.
O juiz responsável pela Vara, Douglas de Melo Martins – que foi, inclusive, o responsável por decretar o primeiro lockdown, em maio do ano passado, quando o Maranhão passava pelo pico da pandemia – deu 72 horas para que todas as partes requeridas no processo sejam ouvidas.
Abrasel e Sindbares
O Estado procurou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Maranhão (Abrasel-MA), Gustavo Araújo, para entender a posição da entidade diante dos casos citados na reportagem. Ele ressaltou que a suspensão de atividades em bares não está ligada diretamente a um possível novo lockdown.
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“Está ligado a questão dos protocolos de segurança, porque alguns bares têm uma capacidade acima do permissível para esse momento, que são 150 pessoas, ou a metade do tamanho do estabelecimento, então fica inviável, economicamente, se trabalhar”, frisou.
Camila Di Minda, presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes do Maranhão (Sindbares), complementou a fala do presidente da Abrasel. Para ela, essas suspensões e fechamentos têm acontecido de forma pontual e específica. “Não vemos como uma tendência de todos, vemos que são empresários que estão avaliando a sustentabilidade de seus negócios, em detrimento das regras e protocolos que estão vigentes. Alguns negócios não conseguem se manter abertos com os protocolos atuais”, ressaltou.
Entidades empresariais e Amasp cobram diálogo
Entidades empresariais do estado lançaram nota conjunta, na manhã de ontem, 3, para se posicionarem sobre o pedido de lockdown. De acordo com a publicação, as entidades entendem o cenário atual da doença, porém, ressaltam que, em nenhum momento, foram convidadas a participar de nenhum debate com o Poder Público relacionado ao tema, a fim de permitir a colaboração do empresariado e demais classes que serão diretamente impactadas pelo possível fechamento das atividades econômicas.
“Reiteram, as entidades, estarem à disposição para participar de todo e qualquer diálogo relacionado à matéria, bem como ratificam o compromisso de, como sempre, cumprir, apoiar e defender o respeito às regras e orientações sanitárias de combate ao novo Coronavírus”, afirmou o documento.
A Associação Maranhense de Supermercados (Amasp), também se manifestou sobre a situação. Segundo a nota, o setor supermercadista, compreende que é necessário garantir o funcionamento das demais atividades econômicas para assegurar os empregos e a capacidade de renda das famílias, evitando-se um caos social neste momento em que a população já não dispõe de auxílio emergencial de renda para suprir suas necessidades mais básicas.
“A AMASP considera fundamental o diálogo entre o setor produtivo, os Poderes Executivos estadual e municipais, o Poder Judiciário e toda a sociedade civil organizada, visando reforçar o atendimento aos protocolos sanitários, ampliando a fiscalização sobre as diversas esferas sociais, para a prevenção da disseminação do vírus”, finalizou a publicação, que foi assinada pelo presidente da associação, Manoel Antonio Souza Barbosa.
SAIBA MAIS
O governador do Maranhão, Flávio Dino afirmou, nesta terça-feira, 2, que não há nenhum estudo ou planejamento de lockdown (bloqueio total) para o estado. A declaração foi divulgada nas redes sociais do chefe do Executivo local. Nesta terça, ele se reuniu com o Comitê Científico que coordena as questões relacionadas à pandemia no Maranhão. A decisão foi de que diante do crescimento do número de casos, não haverá lockdown, mas ampliação de leitos e outras medidas, não detalhadas, para fazer frente ao maior número de infectados. As declarações do governador surgem após ação de três defensores públicos do estado que pediram à Justiça local para obrigar Flávio Dino a adotar o lockdown em todos os 217 municípios maranhenses pelo período de 14 dias.
Fonte: Brasil 61
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