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"O Estado do Maranhão é um pedaço da história da imprensa do Maranhão"

Aos 91 anos, José Sarney, um dos fundadores de O Estado analisa como o jornal se consagrou na memória dos maranhenses ao longo de mais de seis décadas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Bruna Castelo Branco
Da equipe de O Estado


Um grande sonho compartilhado por dois jovens intelectuais e ávidos por novidades. Eles queriam o desafio de modernizar o jornalismo no Maranhão, ampliando a cobertura de um estado passado por grandes transformações. Assim, José Sarney, escritor, ex-Presidente da República, define um dos seus projetos mais afetivos: A fundação do Jornal O Estado do Maranhão, uma parceria com o poeta e amigo de longas datas, Bandeira Tribuzi.

Na época, o jornalismo local tinha outro formato tanto na questão gráfica quanto na própria narrativa. Os dois jovens buscavam essa modernização, José Sarney que já tinha atuado no Jornal O Imparcial e Tribuzi, um sensível poeta decidiram topar o desafio de transformar a imprensa local ao adquirir o Jornal Do Dia que, em 1º de maio de 1973, saiu para as bancas com o nome de O Estado do Maranhão, marca que se consolidou em um dos grandes expoentes da imprensa maranhense.

Com um visual arrojado desde o início da sua trajetória, o jornal deu espaço para ampliar debates sobre diversos assuntos, trazendo grandes coberturas de temas de interesse público: O Maranhão foi narrado por diversos ângulos, sempre aos atentos olhos de repórteres. Temas da comunidade, a importância da chegada de grandes empreendimentos no Maranhão, temas mundiais, política, esporte e cultura ganharam mais destaque nas páginas do periódico. Para José Sarney, o encerramento das atividades impressas, embora denote alguma nostalgia traz a sensação de um dever cumprido de um veículo que, durante mais de seis décadas, honrou o compromisso de se atualizar na informação e no visual.

“É com o coração sangrando que falo que vamos sair da edição impressa do Jornal O Estado do Maranhão. Este foi um sonho que eu e Tribuzi tivemos de renovar a imprensa no Maranhão e fazer um jornal que fosse moderno. O primeiro desafio era modernizar a parte técnica do jornal, mudar a linguagem do jornal. Sem contar as grandes colunas, os grandes jornalistas da nossa equipe, um exemplo, o Pergentino Holanda, hoje é um patrimônio da cidade, tivemos nomes como José Chagas, o Jomar Moraes, o Pompeu de Sousa. Odylo Costa, filho foi um grande incentivador do jornal, nós passamos por muitos momentos, alguns de dificuldades, sempre com o compromisso de manter o jornal. Na parte de esporte também, os grandes comentaristas de esporte. Esses dois anos de pandemia, nós tivemos grandes dificuldades e isso também teve influência na nossa decisão de encerrar as atividades impressas”, destacou.

Para José Sarney, o momento é de agradecimento aos leitores e para a equipe de profissionais que passarem pelo veículo ao longo de tantos anos, além de simbolizar um marco na mídia impressa maranhense. “Eu quero agradecer a todos que nos ajudaram a fazer um jornal, a dar prestígio ao jornal que fica para a eternidade, porque ele vai ficar para consulta, como os grandes jornais do Maranhão. Fomos pioneiros na imprensa maranhense em vários aspectos, demos mais espaço para a cultura local como o Caderno Alternativo, com os intelectuais chamados a colaborar o jornal, a juventude que participou com os diversos movimentos, nas mudanças que iam acontecendo na sociedade. Tudo nós acompanhávamos e dávamos espaços dentro do jornal”, relembra.

Memória
Além de manter a Coluna do Sarney aos fins de semana na capa do periódico, o fundador do veículo também nutria um carinho imenso pela redação do veículo e, constantemente, faz visitas à redação como forma de interagir com a equipe de redatores. Uma das visitas tradicionais era a de confraternização de fim de ano, já esperada pela equipe. Para Sarney, esses encontros eram considerados uma necessidade do coração. “Eu sempre gostei do jornal, de participar com os jornalistas, conversar com eles. Uma grande alegria, uma grande satisfação em estar com vocês lá na redação. Entrar na redação do jornal é uma alegria para mim. Nós fazíamos um jornal que não pensasse só no Maranhão, dos poetas do Maranhão, dos sonhos românticos, mas também da modernização que nós vivemos, o debate dos temas maranhenses. Nós iniciamos o jornal debatendo os temas do Maranhão, reivindicações, colocando um debate. O Maranhão passou a vê no O Estado do Maranhão uma tribuna de modernização do Estado. Todas as obras que tivemos aqui, fomos um espaço para ideias”, frisa.

Sobre o amigo e também fundador do veículo, Bandeira Tribuzi, Sarney lembra com saudade e frisa que ele foi fundamental para trazer a essência inovadora e poética, característica que o veículo sempre preservou. “Tribuzi, Deus o tenha na eternidade e no meu coração. Quando entro no jornal me lembro sempre de Tribuzi, não era só a parte física que ele ficava, se dedicava, mas, sobretudo, as ideias que ele tinha, que trazia”, relembra.

Segundo José Sarney, a nova fase do jornal, com parte da equipe incorporada ao Imirante.com demonstra que o jornal acompanhou as transformações até chegar ao momento digital. “O jornal acompanhou todas as época, as mudanças... Sempre fomos igual a qualquer jornal do país. O jornal não envelheceu, ao contrário, modernizou-se, é sempre jovem, tem um lugar na memória da sociedade maranhense e eu acho que vai deixar saudade ao povo maranhense, aos nossos leitores acostumados a ler os nossos colunistas, as nossas notícias”, finaliza.

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