Livro/lançamento

Casal que concebeu palacete do Parque Lage protagoniza próximo livro de Marina Colasanti

Em "Vozes de Batalha", a escritora recupera a trajetória da cantora lírica italiana Gabriella Besanzoni, sua tia-avó. Casada com Henrique Lage, Gabriella foi personagem-chave no cenário cultural carioca da primeira metade do século XX.

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Detalhe da capa do livro
Detalhe da capa do livro (livro marina colasanti)

São Paulo - Uma das mais premiadas escritoras contemporâneas, a ítalo-brasileira Marina Colasanti chega à Editora Planeta com Vozes de Batalha, publicação inédita que mistura elementos de romance e memoir, lançada pelo selo Tusquets. A partir de memórias pessoais, documentos e entrevistas, a autora reconstitui a vida de sua tia-avó, a cantora lírica italiana Gabriella Bensazoni, que, entre tantas turnês mundiais, escolheu o Rio de Janeiro para criar raízes. Em 1925, ela casa-se com o empresário brasileiro Henrique Lage, fã de ópera e música, e um dos homens mais ricos do país de então. Juntos, conceberam a famosa mansão do Parque Lage, um dos maiores cartões-postais da cidade, e ajudaram a moldar um efervescente cenário cultural na capital federal da primeira metade do século XX.

Filha de Manfredo e neta de Arduino - irmão de Gabriella - Marina Colasanti mudou-se para o Rio de Janeiro em 1948, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Quando aqui chegou, foi morar na Villa Gabriella, palacete que Henrique havia construído para sua amada. Na época, o magnata brasileiro já havia falecido e Gabriella e outros herdeiros encaravam o começo de uma longa batalha judicial pelo espólio, que envolvia importantes agentes do país e terminaria por forçar a volta de Gabriella para a Itália anos depois. A autora relata em detalhes a vida de solteira da tia-avó, em turnê pelo mundo como contralto - Carmen era seu grande papel -, a trajetória de Henrique e sua família, a vida do casal, a viuvez de Gabriella, a construção da residência e, claro, o encantamento que teve ao ver pela primeira sua tia-avó, a qual chamava de tia, uma mulher à frente de seu tempo: "Havia, porém, algo especial em Gabriella. Uma imponência no peito farto de cantora que surgia como tulipa dos quadris estreitos, uma determinação na coluna a prumo, uma altivez na maneira de posicionar a cabeça. Pele branca de quem nunca tomara sol, batom vermelho-sangue, olhos maquilados intensamente negros, cabelo repartido ao meio com rigor. E as mãos resplandecentes de diamantes. Tudo nela era exato, superlativo, sem hesitação", narra no começo do livro.

Para além do ambiente íntimo da Villa Gabriella, onde Marina e seu irmão Arduino (nomeado em homenagem ao avô) exploravam as belezas naturais da floresta ao redor e os objetos de Gabriella, como uma impressionante coleção de joias e figurinos, a autora apresenta também um momento pulsante da cidade do Rio de Janeiro. Ela conta como a tia-avó e o marido organizavam festas e recitais beneficentes, estimulavam a música erudita e as artes no Brasil e como Gabriella chegou a fundar um conservatório em sua casa, onde dava aulas de canto. Sem uma linha cronológica clara, navegando de forma livre por fatos, personagens e fantasmas de sua vida, Colasanti faz um retrato afetivo de sua juventude, vivida ao lado de uma das mais emblemáticas figuras do Rio de Janeiro: "Fundia o privado com o público, a vida pessoal com o trabalho, a casa com a escola, e encharcava tudo com as próprias emoções", comenta sobre Gabriella.

Para 2022, Colasanti já tem agendado um próximo lançamento na Editora Planeta: uma reedição da coletânea de artigos E por falar em amor, publicada pela primeira vez em 1985.

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