Espera Sem Fim

Donos de bancas de revistas creem em volta à Deodoro

Última reunião sobre o assunto aconteceu há dois meses com a Defensoria Pública do Maranhão

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Muitos outros jornaleiros esperam, até hoje, que o poder público os realoque para o espaço
Muitos outros jornaleiros esperam, até hoje, que o poder público os realoque para o espaço (bancas de revistas)

São Luís – Desde o final de 2017, quando começaram as obras de requalificação do Complexo Deodoro, José de Ribamar Cantanhede luta para retornar com sua banca de revistas para a Praça Deodoro. Não só ele, mas muitos outros jornaleiros esperam, até hoje, que o poder público os realoque para o espaço que lhes foi prometido.

Mesmo com o espaço garantido pela Superintendência do Patrimônio da Cultura e Turismo da Secretaria de Cultura do Estado da Cultura e Turismo do Maranhão (Secma), jornaleiros não conseguem retornar para os locais, também garantidos na planta do projeto do Complexo Deodoro. José de Ribamar Cantanhede, que há quatro décadas trabalha com revistas, tem a planta e vários outros documentos que provam que havia uma promessa garantida do retorno das bancas.

“Declaramos para os devidos fins que o Parecer Técnico 041/2017, referente ao Projeto de Requalificação Urbanística da Rua Grande, Praça Deodoro, Praça Pantheon, Alameda Gomes Castro e Alameda Silva Maia, localizados no Bairro Centro da cidade de São Luís – MA (locais inseridos em área tombada pelo Governo do Maranhão, conforme decreto 10.089 de 06 de março de 1986), foi devidamente arquivado pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico do Maranhão (DPHAP-MA), contemplando a relocação de 5 bancas de revistas […]”. O trecho faz parte de um documento da (Secma), assinado por Kássia Cristine Almeida de Oliveira, diretora do DPHAP-MA e por Maria de Lourdes M. A. Duarte, arquiteta responsável, em agosto de 2020.

Procurada por O Estado, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh) informou, em nota, que em junho deste ano, se reuniu com a Associação dos Jornaleiros do Maranhão, Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), Agência Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social (Amdes), Procuradoria-Geral do Município (PGM) e Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE-MA) para tratar sobre o retorno das bancas de revista à Praça Deodoro.

Durante o encontro, os órgãos se disponibilizaram a colaborar, dentro de suas competências, para que a retomada dos equipamentos seja formalizada e realizada de forma que respeite o projeto de requalificação do logradouro. Para isso, a Semurh, com apoio da Secretaria Municipal de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais (Semispe) - responsável pela execução do projeto, está mapeando os pontos previstos para as atividades em questão.

A Semurh ressaltou, ainda, que tem mantido constante diálogo com os permissionários para assegurar que tenham seus direitos atendidos, conforme acordado durante o processo de elaboração do projeto de requalificação da praça.

“Seu Riba”
Carinhosamente conhecido como “Seu Riba”, José de Ribamar sempre se emociona quando fala sobre o assunto. Ele relembra que em 2019 chegou a retornar por um dia para a Praça Deodoro, mas foi retirado de lá pela mesma pessoa que lhe garantiu o retorno. Para ele é um mistério que os profissionais não consigam retornar de forma definitiva para a Praça Deodoro. Hoje ele se encontra na Rua do Outeiro, Centro – junto com outros dois jornaleiros que não quiseram falar sobre o assunto e bancas abandonas pelo tempo.

“A gente veio para cá com a promessa de voltar, por isso aceitamos vir para esta rua. Mas eu ainda acredito nas bancas, pessoas vêm aqui comprar gibis para crianças, muitos pais ainda gostam, palavras-cruzadas eu vendo aos montes, muitos jornaleiros abandonaram”, contou seu Riba.

SAIBA MAIS

Desaparecimento das bancas

A Associação dos Jornaleiros do Maranhão, informou durante uma reunião em outubro de 2020, que atualmente o número de bancas em São Luís, é de 24, sendo que 20 delas estão paradas, por causa da pandemia. Antes da crise mundial de saúde, eram 44 as bancas funcionando na capital. Uma classe trabalhadora que está se reduzindo com o passar dos anos, e a tendência é que o número continue diminuindo, isso se o poder público não intervir de forma positiva na situação. Por consequência das poucas bancas na cidade, os jornaleiros de São Luís estão há mais de um ano sem receber as principais revistas que ainda circulam no país.

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