CPI da Pandemia

Para senadores de CPI, diretor da FIB Bank deu depoimento ''escabroso''

"Escabroso", "contraditório", "demolidor" foram alguns dos adjetivos usados pelos senadores para qualificar o depoimento de Roberto Pereira Ramos Júnior, ontem, na CPI da Pandemia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Depoimento de Roberto Pereira Ramos Júnior causou polêmica entre os senadores membros da CPI da Pandemia
Depoimento de Roberto Pereira Ramos Júnior causou polêmica entre os senadores membros da CPI da Pandemia (Roberto Pereira Ramos Júnior)

Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia consideram "escabroso", "contraditório", "demolidor" o depoimento ontem (25) de Roberto Pereira Ramos Júnior, diretor-presidente da FIB Bank — empresa apresentada como garantidora de crédito da Precisa Medicamentos na malograda compra da vacina indiana Covaxin.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, afirmou ter sido, "de longe, o depoimento mais contraditório desta comissão". O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator, qualificou o depoimento de "escabroso" e lembrou que o negócio foi paralisado graças à CPI. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que nenhum outro depoimento foi "carregado de tantas irregularidades".

O senador Jorginho Mello (PL-SC) qualificou a atuação da empresa de "golpe", "tramoia" e "picaretagem", mas elogiou o governo por não ter fechado o negócio. Marcos Rogério (DEM-RO) também louvou o governo federal pelo fato de não ter ocorrido a compra da Covaxin.

Apesar do nome, a FIB Bank não é banco ou instituição financeira. O questionamento da CPI concentrou-se na falta de credenciais da empresa para avalizar um negócio da ordem de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde, diante de várias possíveis ilegalidades em sua constituição e operação.

“O pior é que coloca o nome de banco e nem banco é! A fake news começa aí!”, indignou-se o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Também indagou-se sobre o papel do advogado Marcos Tolentino, apontado como verdadeiro dono da FIB Bank e ligado ao líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). O nome de Barros foi citado em negociações de vacinas com o governo brasileiro suspeitas de irregularidades. Roberto Pereira limitou-se a dizer que Tolentino é advogado de Ricardo Benetti, dono da empresa Pico do Juazeiro, uma das atuais sócias da FIB Bank.

Em diversos momentos, Roberto Pereira afirmou desconhecer pessoas envolvidas nos negócios da FIB Bank (até mesmo Francisco Maximiano, dono da Precisa), ou não dispor dos documentos necessários para responder as perguntas do relator, encaminhando as solicitações aos departamentos comercial e jurídico de sua empresa. Ao lhe perguntarem sua remuneração, o depoente pediu para prestar a informação por escrito após a reunião.

Prisão

Renan Calheiros chegou a cogitar que a CPI prendesse o depoente, mas Omar Aziz ponderou que perjúrio não seria fundamento para a prisão.

Roberto Pereira reconheceu que a FIB Bank nasceu como shelf company. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) explicou que o termo em inglês (que significa "empresa de prateleira") designa empresas constituídas em cartório apenas para serem revendidas a quem queira possuir uma pessoa jurídica sem enfrentar burocracia.

“A empresa de prateleira é um mecanismo para enganar os clientes e dar a impressão de que se é uma empresa sólida, para participar, por exemplo, de uma licitação”, esclareceu Alessandro.

Simone Tebet (MDB-MS) fez uma detalhada exposição das "artimanhas" da FIB Bank ao longo dos anos, a começar pelo uso de "laranjas" como sócios.

“O contrato da Covaxin era fraudulento. Faltavam partes, [havia] valores para serem pagos em paraíso fiscal por quem não fazia parte da assinatura do contrato, e garantia de um banco que não era banco”, afirmou a senadora.

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