Abuso sexual

DPCA registra 49 inquéritos de estupro de vulnerável este ano

No mês passado foi preso, no Bairro de Fátima, um professor, de 56 anos, suspeito de abusar de uma aluna, de 13 anos; no primeiro semestre de 2020, houve 54 casos de crimes desta natureza, na Ilha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Registros de crimes envolvendo crianças e adolescentes, devem ser feitos na DPCA, na Av. Beira-Mar
Registros de crimes envolvendo crianças e adolescentes, devem ser feitos na DPCA, na Av. Beira-Mar (DPCA)

São Luís - O número de casos de estupro de vulnerável registrados na Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), localizada na Beira-Mar, se mantêm elevado durante o período pandêmico da Covid-19. Do mês de janeiro até o último dia 13, foram registradas 49 ocorrências desse tipo de crime. Ao longo do primeiro semestre de 2020, ocorreram 54 casos, com maioria das vítimas do sexo feminino.

A delegada titular da DPCA, Kelly Kioca, explicou que somente neste ano 628 boletins de ocorrências já foram registrados na delegacia especializada, relacionados a diversos tipos de delitos, como estupro de vulnerável, violência física ou psicológica, ameaça, entre outros. “A maior parte dos procedimentos registrados na DPCA está relacionado ao abuso sexual”, frisou Kelly Kioca.

Ela informou que a maior parte desse tipo de crime tem como suspeito um familiar do menor de idade ou uma pessoa conhecida; a maioria das vítimas ainda é do sexo feminino. “É observado, na delegacia, que o registro de casos de abuso sexual com vítima do sexo masculino é bem menor do que o sexo feminino”, detalhou a delegada.

Kelly Kioca também contou que ainda há a problemática do “pacto do silêncio”, em que os familiares não comunicam o fato à polícia. “Muitos deles apenas afastam a vítima do agressor, mas esse procedimento pode ser perigoso, pois o criminoso pode ter como alvo outro menor”, disse a delegada.

Ela afirmou que o importante é fazer a denúncia aos órgãos competentes, principalmente a polícia e o Conselho Tutelar, para que sejam feitos o procedimentos, seguindo os ditames da lei. Os pais também devem orientar aos seus filhos como proceder quando sofrerem algum tipo de abordagem, feita por esses criminosos, e observar de forma contínua o comportamento da criança e do adolescente. “Agressividade, rendimento escolar muito baixo e até mesmo distúrbio de sono, são sinais que geralmente os adolescentes e as crianças demonstram quando estão sofrendo algum tipo de abuso”, alertou a delegada.

Prisões
O delegado Carlos Alessandro de Assis, superintendente da Polícia Civil da Capital, ressaltou que ao longo do período pandêmico estão sendo feitos registros de vários suspeitos de estupro de vulnerável na Ilha. Um deles ocorreu no dia 21 do mês passado, no bairro do Cruzeiro do Anil, e a vítima era uma criança, de 6 anos.

Carlos Alessandro contou que a mãe da vítima fez a denúncia na DPCA e mostrou imagens do ato criminoso. “O autor não se preocupou de a mãe da criança estar em outro cômodo, enquanto cometia o delito”, disse o delegado.

No mês de junho foi preso um professor, de 56 anos, no Bairro de Fátima, suspeito de violentar sexualmente uma aluna, de 13 anos. O delegado declarou que os abusos eram cometidos havia seis meses, na residência do professor, onde aconteciam as aulas de reforço. “O professor, primeiramente, ensinava os outros alunos, para dispensá-los e ficar sozinho com a vítima”, frisou Carlos Alessandro.

Comportamento diferenciado

O psicólogo Raffael Rocha afirmou que, quando o menor de idade é vítima de violência sexual, muda seu comportamento. Normalmente essas mudanças comportamentais são repentinas e bruscas, imediatamente ao episódio no qual ocorreu a violência. “Os abusos violentos são fáceis de serem descobertos, pois geram sentimentos como medo, isolamento e tristeza”, afirmou Raffael Rocha.

Ele também informou que a criança ou o adolescente pode demonstrar insegurança, principalmente diante de estímulos que os remete aos contextos nos quais ocorreram os episódios de violência sexual. A vítima normalmente se prende a uma figura segura e um delas é o pai ou a mãe.

O psicólogo ainda declarou que quando forem percebidas mudanças comportamentais nessa vertente, os pais devem em primeiro lugar estabelecer um canal de diálogo saudável e de confiança. “Na maioria das vezes, a vítima sente culpa e isso pode dificultar que fale sobre o que aconteceu, por vergonha ou medo”, frisou Raffael Rocha.

SAIBA MAIS

Dicas de prevenção ao abuso sexual de crianças e adolescentes

  • Os pais devem sempre conversar com os filhos sobre as partes íntimas do corpo: as crianças precisam saber nomear corretamente as partes do corpo e identificar o que é íntimo, para assim, poderem relatar aos pais quando algo fora do comum acontecer.
  • Explicar sobre os limites do corpo: ensine a criança a não permitir que ninguém toque as suas partes íntimas, ou ainda, que ela não toque nas partes íntimas de nenhuma pessoa, seja ela conhecida ou desconhecida.
  • Incentive a criança a conversar com você: é preciso que o seu filho se sinta seguro para lhe contar qualquer coisa, inclusive uma situação de abuso. Muitas vezes, os abusadores pedem às crianças para manterem o ocorrido em segredo, seja ameaçando-a ou de maneiras lúdicas.
  • Identifique os possíveis sinais de um abuso: embora não seja fácil notar os sinais físicos de um abuso sexual, é possível que a criança tenha alterações no seu comportamento, como: irritação, ansiedade, dores de cabeça, alterações gastrointestinais frequentes, rebeldia, raiva, introspecção ou depressão, problemas escolares, pesadelos constantes, xixi na cama e presença de comportamentos regressivos (por exemplo, voltar a chupar o dedo).
  • Denunciar é o correto: em qualquer suspeita de abuso ou exploração sexual infantil, não hesite em realizar uma denúncia o mais rápido possível para a polícia ou o Conselho Tutelar.

NÚMEROS

628 boletins de ocorrências registrados neste ano na DCPA

49 casos de estupro de vulnerável registados na DPCA de janeiro até o último dia 13

DENUNCIE

As denúncias de abuso sexual contra a criança e o adolescente podem ser feitas pelo Disque 100 e pelos telefones da delegacia: (98) 3214-8667 / 3214-8688 como também o Ministério Público, Conselhos Tutelares nos municípios e Polícia Militar.

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