Ataques religiosos

Representantes de instituições se reúnem para debater violência religiosa

Após recentes ataques a terreiros de religiões de matriz africana, em São Luís, reunião foi realizada para traçar uma rede de apoio e enfrentamento a essa violência; pela Constituição todo mundo tem direito a liberdade religiosa, e a intolerância é crime

Com informações da TV Mirante

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Reprodução/TV Mirante
Reprodução/TV Mirante

São Luís – Após recentes ataques em casas de terreiros de matriz africana em São Luís, representantes de instituições que combatem a intolerância religiosa e defensores dos Direitos Humanos se reuniram na tarde de ontem (14) para debater o enfrentamento à violência religiosa.

Em declaração para a TV Mirante, o pai de santo Clinge desabafou que teme pela sua vida e segurança da sua casa religiosa. “Nós precisamos sair para fazer um trabalho fora, para resolver um problema nosso e ficamos inseguros de sair, de ser agredidos na rua. É muito complicado”.

Em entrevista, a secretária-adjunta de Igualdade Racial, Socorro Guterres, afirmou que as entidades já estão buscando soluções para penalizar os envolvidos nas ações criminosas. “Neste momento nós estamos em reunião com as lideranças de matriz africana buscando estratégias, buscando soluções conjuntamente para que possamos definitivamente responsabilizar as pessoas que cometeram esses delitos porque isso é um delito de racismo, de racismo religioso e portanto precisa ser penalizado”.

De acordo com o gestor de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Sebastião Cardoso, o número de denúncias recebidas nos últimos meses preocupa, porque já é quase o mesmo do que o registrado em um ano todo. Em anos anteriores, a média era de cinco denúncias em 12 meses.

Casos

Segundo a Secretaria de Estado Extraordinária da Igualdade Racial, em apenas dois meses foram recebidas quatro denúncias de ataques a casas de culto afro e pessoas ligadas a religiões de matrizes africanas na Região Metropolitana de São Luís.

Na última semana, uma pedra foi jogada no telhado do terreiro do pai Lindomar, situado no bairro Anjo da Guarda, em São Luís. Ele disse que os ataques já vem acontecendo há vários anos e estão cada vez mais frequentes.

“As pessoas estão com medo de estar dentro do espaço e em qualquer momento acontecer uma coisa maior. Hoje a gente é consciente que está correndo risco de vida dentro do espaço religioso por essa questão”, relatou.

Já no último final de semana (10 e 11), o terreiro Tambor de Mina Dom Miguel, que fica no bairro Anjo da Guarda, na capital, foi alvo de ataques. O local foi invadido e imagens foram todas quebradas. Além disso o telhado foi depredado. Segundo a denúncia, pessoas estão atirando pedras em direção ao terreiro.

Imagens foram apedrejadas no Terreiro Tambor de Mina Dom Miguel em São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante
Imagens foram apedrejadas no Terreiro Tambor de Mina Dom Miguel em São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante

Os casos estão sendo investigados pela Delegacia de Crimes Raciais, Delitos de Intolerância e Conflitos Agrários. O delegado participou da reunião de forma online e disse que alguns suspeitos já foram ouvidos.

Denuncie

Pela Constituição todo mundo tem direito a liberdade religiosa, e a intolerância é crime desde 2007. As vítimas de violações de direitos, que inclui a intolerância religiosa, podem denunciar pelo Disque 100, e ainda buscar a Ouvidoria de Direitos Humanos, Juventude e Igualdade Racial, a Delegacia de Racismo e Crimes de Intolerância, a Defensoria Pública, o Ministério Público e a Comissão da Liberdade Religiosa da OAB.

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