Roda Viva

João Alberto: o último dos moicanos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
O governador João Alberto na minha posse na Academia Maranhense de Letras, em 1990.
O governador João Alberto na minha posse na Academia Maranhense de Letras, em 1990. (buzar)

Conheço João Alberto de Sousa desde os meados de 1950, quando fomos colegas de turma no Liceu Maranhense, onde se percebia que o sangue da política corria em suas veias e o seu destino, ao deixar os bancos escolares, seria a vida pública e concorrer a cargos eletivos.

Esse objetivo começa a ser traçado no Rio de Janeiro, no começo da década de 60, quando o reencontro na presidência do Centro de Estudantes Maranhenses, entidade que lutava e ajudava os conterrâneos a vencerem as adversidades na então capital da República.

Concomitantemente, trabalhava, como economista, num banco privado e com vigor desenvolvia atividades sindicais que o conduziram ao engajamento nos embates políticos, à época, apoiando as reformas de base que o presidente da República, João Goulart, pretendia implantar no Brasil, mas interrompidas pelo movimento militar de 1964, razão porque João Alberto passou a ser perseguido, fato determinante para retornar ao Maranhão.

Ele chega a São Luís após as eleições de 1965, que resultaram na vitória de José Sarney a governador e do fim do mando senador Vitorino Freire, este, por sinal, seu padrinho de batismo. Nem por isso foi discriminado por Sarney que o convida a trabalhar no governo, necessitado de quadros jovens e preparados para ajudá-lo a mudar a situação de atraso e de pobreza do Estado.

A primeira missão a ele confiada foi um cargo importante na secretaria da Fazenda, recebendo do governador carta branca para limpar um setor administrativo dominado pela corrupção. Agindo com mão de ferro e não contemporizando com as maracutaias ali praticadas, João Alberto, recebe como prêmio o apelido de Carcará, epíteto que o acompanhou ao longo da vida pública.

Mas ele veio para o Maranhão não com o fim de ser burocrata. O seu desejo era participar da política partidária, o que acontece nas eleições de 1970, elegendo-se deputado estadual pela Arena, para o mandato de 1971-1975, que, pela convincente atuação, concorre a outros cargos eletivos proporcionais e majoritários.

Para representar o Maranhão na área federal, elege-se deputado federal e cumpre três mandatos, conquistados em 1978, 1982 e 1994. Disputando cargos majoritários, conquista a prefeitura de Bacabal, em 1988, e a vice-governança do Estado em 1986 e 2006, nas chapas encabeçadas por Epitácio Cafeteira e Roseana Sarney. Para o Senado da República, vence as eleições de 1998 e 2010.

Ao longo desse tempo de atividade em cargos públicos proporcionais e majoritários, enfrenta duas problemáticas questões políticas, ambas vencidas com base em decisões judiciais. A primeira, como vice-governador de Cafeteira e autorizado pela Assembleia Legislativa, concorre à prefeitura de Bacabal, ato contestado na Justiça pelo deputado Bete Lago. A segunda, impetrada pelo governador em exercício Ivar Saldanha, ao tentar impedir por força policial a posse de João Alberto na chefia do Executivo, cargo com o direito de assumir por ser o substituto legal de Cafeteira, que renuncia ao mandato e se candidata ao Senado, nas eleições de 1990. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, que deu ganho de causa a João Alberto, realizando um invejável governo no curto período de abril de 1990 a março de 1991.

João Alberto, na semana passada, encerrou definitivamente a sua carreira política, transferindo o comando do MDB para a ex-governadora Roseana Sarney e deixando o filho, João Marcelo, como herdeiro político. Antes de encerrar a sua vida pública, sofre terrível ingratidão do eleitorado de Bacabal, terra pela qual luta e tudo faz para ser hoje um município dos mais desenvolvidos do Maranhão. Candidatando-se nas últimas eleições, à Câmara de Vereadores de Bacabal, não se elege para o único cargo político que não havia exercido, derrota que o abate de modo contundente, pois como edil e o trânsito político conquistado em Brasília, trabalharia para conseguir recursos substanciais para uma terra que sempre foi a sua principal prioridade.

BOLSONARISTAS DE ESQUERDA

De uns tempos para cá, acontece em São Luís algo estranho: pessoas de bom nível intelectual e politicamente engajadas em movimentos de esquerda, mudaram de posição e se transformaram em intransigentes adeptos de Bolsonaro.

Por um passe de mágica, esqueceram o ideário esquerdista e passaram a defender teses da direita, praticadas pelo atual presidente da República, que está levando o nosso país ao caos.

LÍDER NAS PESQUISAS

Uma pergunta que não quer calar: se Roseana Sarney continuar liderando as pesquisas de opinião pública como candidata ao cargo de governador do Maranhão nas eleições de 2022, como se comportarão os partidos, os políticos e os postulantes à sucessão de Flávio Dino?

A minha pergunta se baseia na presença dela, cada vez mais crescente, nas consultas com vistas ao próximo ocupante do Palácio dos Leões.

VOTO IMPRESSO

Os deputados estaduais, federais e senadores, sem exceção, que atualmente representam(?) o povo maranhense em nossas Casas Legislativas, são jovens, portanto, não participaram das eleições realizadas em tempos passados, sob o esquema da fraude eleitoral, usando o famigerado voto impresso.

Como se elegeram pelo voto eletrônico, que dispensa qualquer dúvida quanto à sua lisura, não podem, para agradar Bolsonaro, e votar pelo retorno do abominável voto impresso.

EUROCOPA E COPA AMÉRICA

Quem assiste pela televisão os jogos de futebol da Eurocopa e da Copa América, não hesita quanto à discrepante diferença entre as seleções que disputam tais campeonatos.

O excelente futebol hoje praticado na Europa não pode ser comparado com os medíocres times que ora representam os países da América do Sul.

Se o atual time brasileiro jogar contra qualquer uma das principais seleções europeias, certamente perderá pelo placar semelhante ao da última Copa do Mundo, quando a Alemanha, dentro de nosso país, nos goleou por sete a um.

CHAVE DO COFRE

Aquele recado do governador Flávio Dino de “Que há quem queira governar o Estado apenas para abrir a chave do cofre”, teve endereço certo.

Quem milita ou acompanha a vida pública maranhense, sabe para quem o governador arremessou aquele tijolaço. Eu sei para quem foi, mas mantenho a boca fechada para não criar um problema fora de época.

SINAL DOS TEMPOS

No governo do presidente Jair Bolsonaro a famosa frase “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, foi substituída por “um manda, outro obedece”.

-------------------------------

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.