Efeitos do coronavírus

Caem vendas e cresce violência em bares da periferia da Ilha

Proprietários dos estabelecimentos reclamam da queda das vendas em dois anos de pandemia; domingo, 4, ocorreu duplo homicídio em bar no Coroadinho

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Com pandemia a venda de bebida tem sofrido queda e a violência tem aumentado muito na periferia
Com pandemia a venda de bebida tem sofrido queda e a violência tem aumentado muito na periferia (bar)

São Luís - Os proprietários de bares em bairros periféricos da Grande Ilha sofrem com a queda nas vendas e a crescente onda de violência, no período da pandemia de Covid-19. No último dia 4, Raimundo Coelho Cabral, de 51 anos, que era dono de um ponto comercial na área do Coroadinho, foi assassinado a tiros dentro do seu estabelecimento e o suspeito, identificado como Jadson de Jesus Ribeiro Leite, o Jall, de 22 anos, foi linchado, de acordo com a polícia.

Ontem, o bar de Raimundo Coelho permanecia de portas fechadas. Os moradores não comentavam sobre o crime, com receio de sofrerem algum tipo de represália por parte de faccionados da área. Nesse local, impera a “lei do silêncio”, ninguém viu nenhuma morte.

A polícia informou que Raimundo Cabral teria discutido com o Jall em razão do horário de fechamento do bar. A vítima estava limpando o estabelecimento quando foi baleada e morta por Jall. Ainda segundo a polícia, moradores da área, revoltados com o crime, lincharam Jall, que teria envolvimento com facção criminosa. O caso é investigado pela equipe da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP).

Violência e prejuízo
Ana Amélia Barbosa, de 60 anos, é proprietária de um bar, localizado na Rua da Vitória, no Coroadinho, há 23 anos. Ela disse que nos próximos meses vai fechar seu ponto comercial e pretende morar em Balsas, com o objetivo de abrir outro tipo de empreendimento. “A venda caiu muito durante estes últimos meses e o local está muito violento. Antes, meu marido poderia ajudar em alguma ação de violência, mas ele morreu há três anos, então estou decidida em fechar o bar”, comentou Ana Amélia.

José Raimundo Barbosa, seu Zequinha, de 80 anos, também possui um bar há mais de três décadas no Coroadinho. Ele declarou que o seu ponto comercial funciona somente durante o dia, e as vendas caíram mais de 80%. “Antes da pandemia, eu conseguia vender mais de 80 grades de cerveja por semana. No momento, mal vendo 12”, reclamou o comerciante.

Ele relatou que a maioria dos seus clientes são moradores do bairro. “Dou preferência para ingerir bebidas dentro do bar somente as pessoas do bairro, enquanto o povo que eu não conheço, vendo a cerveja para beber em outro local. Não quero confusão dentro do meu ponto comercial”, disse José Barbosa.

José Almeida, de 41 anos, tem um bar, no Parque dos Nobres. Ele contou que o seu ponto comercial funciona nos três turnos. À noite, a venda de bebida é somente para os clientes que vão comprar o churrasquinho. A equipe da Vigilância Sanitária passa com frequência na área para verificar se estão sendo cumpridas as normas sanitárias contra a proliferação da Covid-19. “A pessoa vem comprar o churrasquinho e, geralmente, enquanto espera ficar pronto o prato, compra cerveja ou refrigerante”, relatou Almeida.

João Rabelo, de 62 anos, que possui um bar, no Bairro de Fátima, disse que nestes últimos dois anos a venda caiu mais de 56%. “A venda da cerveja caiu muito e só não estou tendo muito prejuízo, porque tenho uma renda-extra”, desabafou.

O Estado entrou em contato com o Governo do Maranhão, para saber como é feito o policiamento nos bares localizados nos bairros periféricos da Grande Ilha, mas até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, por meio de nota, que as ações de fiscalização seguem o plano estabelecido pela Superintendência de Vigilância Sanitária do Estado para enfrentamento da Covid-19 e serão alvo das atividades o cumprimento dos protocolos sanitários já existentes como distanciamento social, ocupação dos espaços, uso de máscara e protocolos de higienização das mãos. As inspeções sanitárias e os respectivos descumprimentos estão passíveis de sanções administrativas.

SAIBA MAIS

O governador Flávio Dino, em entrevista à imprensa, realizada no último dia 2, adotou medidas mais flexíveis em razão da redução dos casos de Covid-19 e internações na rede hospitalar. Entre as novas normas sanitárias estão a restrição de 150 pessoas em eventos em todo o estado, funcionamento de bares e restaurantes e a realização de eventos até as 0h na Grande Ilha.

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