Vulnerabilidade

Vacinação de venezuelanos é realizada na capital e interior

Em São Luís, 16 adultos com mais de 18 anos já foram imunizados; de acordo com o Governo Estadual, a imunização dos imigrantes também vai ocorrer nos municípios de Açailândia, Imperatriz, São José de Ribamar e Pinheiro

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Imigrante venezuelana recebe 1ª dose da vacina contra a covid-19
Imigrante venezuelana recebe 1ª dose da vacina contra a covid-19 (venezuelana vacina)

São Luís - O Maranhão iniciou, nesta semana, a imunização contra Covid-19 de imigrantes venezuelanos, da etnia Warao, que vivem em situação de vulnerabilidade no estado. A vacinação se iniciou em São Luís, na segunda-feira, 21, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e da Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma), com auxílio da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social de São Luís (Semcas), e será estendida aos municípios do interior em que há grande concentração desses estrangeiros.

Durante a primeira etapa, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, foram imunizados 16 adultos, a partir dos 18 anos, em seus alojamentos, situado no bairro Santo Antônio, na capital do estado, entre eles três gestantes. De acordo com a coordenadora da Fesma Cheila Farias Caldas, o objetivo é garantir a imunização de toda a população adulta da etnia que se encontra no Maranhão, principalmente por fazerem parte de um grupo de risco, uma vez que estão em situação de vulnerabilidade, por trabalharem nas ruas.

“Começando pelos residentes em São Luís, foram vacinados 16 adultos deste grupo considerado duplamente vulnerável, tendo em vista que possuem como trabalho a coleta diária nas ruas, estando expostos a diversos tipos de doenças”, destacou a Sedihpop, em publicação nas suas redes sociais.

De acordo com a SES, à medida que chegarem mais doses de vacinas no Maranhão, a imunização do grupo será estendida e iniciada em outros municípios do interior, como Açailândia, Imperatriz, São José de Ribamar e Pinheiro. Também será realizada uma nova busca de imigrantes na capital maranhense, daqueles que não estavam no alojamento no dia da vacinação, para que possam receber a 1ª dose.

“Em São Luís, a aplicação da 1ª dose da vacina contra a Covid-19 ocorreu no alojamento deles, mas como alguns não se encontravam no local, nos próximos dias, deve ser realizada uma nova busca”, explicou a coordenadora da Fesma, Cheila Farias. Segundo a Sedihpop, nesta terça-feira (22) houve a vacinação dos venezuelanos na cidade de Pinheiro.

Sem casos e óbitos
Procurada por O Estado, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou, por meio de nota, que não foi notificada oficialmente de nenhum caso positivo para a Covid-19 entre o grupo de nove famílias de venezuelanos que residem em São Luís. Ressaltou que, até o presente momento, não recebeu nenhuma notificação formal de óbito por complicações da Covid-19 entre venezuelanos que residem na capital.

A Semus, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semcas), informou que realizou no último mês de maio, a vacinação de pessoas atendidas pelos Centros Pop Centro e Cohab, alcançando um total de 181 pessoas, incluindo dois imigrantes venezuelanos e um imigrante equatoriano, concluindo assim a vacinação em 1ª dose para esses grupos.

Juntamente com a Semcas, a secretaria vem acompanhando ainda a situação de um grupo de nove famílias que possuem residência em São Luís, para verificar quantos destes se classificam como vacináveis (possuem idade acima de 18 anos) e que ainda não receberam a vacina contra a Covid-19.

A Semus informou, ainda, que não pode dizer quantos imigrantes venezuelanos ainda foram imunizados, porque este dado depende da regularização dos documentos de identificação das pessoas que integram o grupo de imigrantes junto à Polícia Federal. No caso dos estrangeiros em situação de rua, vacinação deste grupo foi concluída no mês de maio.

Situação dos venezuelanos no Maranhão
O caso dos imigrantes venezuelanos no Maranhão, que vieram em busca de melhores condições devido a uma grave crise política e econômica em seu país, se tornou um cenário comum nas ruas da capital maranhense e de alguns municípios no interior. De acordo com a Sedihpop, os imigrantes venezuelanos que vivem em São Luís são, em sua maioria, indígenas da etnia Warao os quais praticam a coleta urbana e constantes mudanças de local de moradia.

De acordo com a Polícia Federal (PF) - órgão responsável por receber os processos iniciais e/ou renovações de pedido de refúgio bem como os processos de autorizações de residência em geral - com dois anos de implantação do sistema de controle migratório (Sismigra), a Delegacia de Imigração (Delemig), do Maranhão, havia registrado, até novembro do último ano, a presença de 80 imigrantes venezuelanos em São Luís, além dos solicitantes de refúgio com processos pendentes de análise pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

Contudo, dados apresentados a O Estado pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), mostram que em outubro havia 35 famílias de indígenas da etnia Warao registrados em São Luís, totalizando 152 pessoas.

Para auxiliar essas famílias, em agosto foi inaugurado um Centro de Referência para Atendimento de Imigrantes e Refugiados, uma parceria da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) com o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA), de São Luís. No espaço é executado um processo de acolhimento, escuta qualificada, levantamento e identificação do público, elaboração do plano de atendimento individual e a inserção nos serviços socioassistenciais e de diversas políticas públicas, ofertadas no Município, Estado, Governo Federal e de organismos internacionais.

Na região de Imperatriz, para regularizar a situação dos venezuelanos, a equipe do Abrigo Reviver, mantido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedes) deu entrada em processos de renovação dos protocolos de refúgio, e também no documento de identidade por tempo indeterminado, junto à Polícia Federal (PF).

NÚMEROS

16 adultos, a partir dos 18 anos, imigrantes venezuelanos receberam a 1ª dose da vacina contra a covid, em seus alojamentos, no bairro Santo Antônio, na capital

181 pessoas atendidas pelos Centros Pop Centro e Cohab, incluindo dois imigrantes venezuelanos e um imigrante equatoriano receberam a vacina contra a covid em maio, por meio da Semcas

SAIBA MAIS

Mais vacinas

De acordo com o Ministério da Saúde, chega ao Maranhão, nesta semana, mais 184 mil doses de vacinas de marcas variadas contra a Covid-19, que serão repassadas aos municípios. Apenas na tarde de ontem, quinta-feira (24), chegaram no Estado 42.100 doses da vacina Janssen e 81.000 doses da vacina CoronaVac. O Maranhão ainda espera mais 63,1 mil doses da Comirnaty, da Pfizer.

Segundo o Ministério da Saúde, devem ser atendidos prioritariamente com essas doses profissionais do ensino superior e trabalhadores do transporte coletivo rodoviário urbano e de longo curso de passageiros. Porém, no caso do Maranhão, como esses dois públicos já foram atendidos, os imunizastes devem reforçar o avanço da aplicação de primeiras doses.

Para o Interior, a entrega dos imunizastes da Johnson & Johnson também deve garantir novo ritmo à vacinação, já que a maioria das doses será destinada a municípios do continente.

Foi o que ficou decidido pelos secretários municipais de saúde do Maranhão, no dia 11 de junho, em reunião na qual também participou a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Apenas 30% das doses ficarão na Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa) e os outros 70% serão encaminhados a Imperatriz, Balsas, Caxias, Bacabal, Pinheiro, Coroatá, Açailândia, Santa Inês e Presidente Dutra.

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