Patrimônio Cultural

Aprovação de reforma do Mercado Central deixa comerciantes mais esperançosos

Considerado ponto de tombamento estadual, espaço, que teve o primeiro projeto barrado, vai abrigar um novo pavimento com dois novos setores

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Mercado Central atende a população do centro de São Luís; com reforma, haverá três espaços distintos
Mercado Central atende a população do centro de São Luís; com reforma, haverá três espaços distintos (Mercado Central)

São Luís – Após anos de discussões, na última sexta-feira, 18, foi aprovado o projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para reforma do Mercado Central de São Luís, que será realizada em conjunto com a Prefeitura de São Luís. O projeto, que faz parte do antigo programa PAC Cidades Históricas, ainda do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, teve que passar por alterações após ter sido homologado pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA) e pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico da Secretaria de Estado da Cultura (DPHAP).

“Por ser considerado um espaço de tombamento estadual, o projeto foi barrado e foi pedido que alterações fossem feitas. Refizemos então os projetos arquitetônicos e apresentamos para a Prefeitura de São Luís e para o DDHAP, que aprovaram, e agora, a obra que já está sendo esperada há anos poderá ser realizada”, explicou Maurício Itapary, superintendente do Iphan no Maranhão.

A reforma vai contemplar a setorização do Mercado Central, com a criação de dois novos pavimentos, além do térreo já existente. Os setores serão divididos em vendas secas, como temperos, especiarias e artesanatos; vendas molhadas, como carnes e peixes; e um espaço dedicado para restaurantes e lanchonetes.

“A ideia é que, com a reforma, possamos atrair turistas e organizar o espaço, para que aqueles comerciantes que ficam do lado de fora do Mercado possam ter um espaço apropriado para eles”, explicou o superintende do Iphan.

Esse projeto será executado pela Prefeitura de São Luís, conforme acordo firmado com o Ministério Público. No momento, ainda não há um calendário definido com a previsão do início e da entrega da obra, pois a Prefeitura está levantando os recursos para iniciar o projeto. “São Luís é tombada como patrimônio cultural pela Unesco, então precisamos ter cuidado com nossos espaços para atrair turistas, e proporcionar boas experiências, por isso, além das reformas, precisamos que a população faça sua parte e ajude a preservar os espaços”, destacou Mauricio.

O que os comerciantes pensam
Para quem trabalha no Mercado Central, a reforma do espaço é uma esperança. Com tantos problemas de infraestrutura, como alagamentos durante a chuva e a higiene do espaço, os comerciantes acreditam que com a setorização, o local possa atrair mais turistas.

“Estamos esperando essa reforma há anos. Aqui tem vários problemas, sempre que chove enche, estamos do lado de forma do Mercado e a limpeza do espaço não é boa. Acredito que com a obra vá melhorar, e espero muito isso”, comentou Evanilson Silva Viera, comerciante e funcionário de uma loja de especiarias que já existe há 40 anos no Mercado.

Assim como Evanilson, Neide Novaz, funcionária há sete de uma loja de artigos exotéricos e religiosos, também acredita que a obra será uma solução para os problemas de infraestrutura do espaço. “Aqui tem tantos desafios que não sei nem dizer qual é mais grave, mas esperamos muito que a reforma possa proporcionar melhores vendas, pois estamos perdendo clientela para locais da cidade que estão em melhores condições”, desabafou.

Edilene Sousa, cozinheira de um restaurante que fica na parte externa do Mercado Central, acredita que o local precisa ser repensado para os turistas e aqueles que querem conhecer mais da cultura local. “Aqui é um ponto turístico, então precisamos deixar eles acessíveis para os turistas e também para quem mora na cidade e quer conhecer mais da cultura, visitar restaurantes e comprar produtos locais”, disse a cozinheira.

De acordo com o Iphan, a organização dos estabelecimentos e dos comerciantes no espaço novo será realizada pela Prefeitura de São luís, através da Secretária Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (Semapa).

SAIBA MAIS

Outras obras

A capital maranhense recebeu a promessa do Governo Federal, em 2009, de que a cidade (premiada com o título honroso de patrimônio da humanidade em 1997) seria, anos mais tarde, contemplada com a entrega e execução de um conjunto de obras que valorizariam algumas das construções seculares e importantes para a história local.

Por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, criado pelo Governo Federal, 44 serviços, no total, foram confirmados para a cidade de São Luís. Até o momento, já foram realizadas as obras da Fachada de Azulejo do Sobrado da Praça João Lisboa, Palácio Cristo Rei, Sobrado do Fórum Universitário, Sobrado da Rua da Estrela que abriga a Fapema, o Sobrado da Rua da Estrela que abriga a Faculdade de História, o Sobrado da Rua Portugal onde funciona o Museu de Artes Visuais, o Teatro Arthur Azevedo, o Teatro João do Vale, a Rua Grande e a Praça da Alegria.

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