Morte de jovem em Porto Franco causa revolta nas redes
Luís Carlos foi encontrado sem vida no Rio Tocantins, familiares e amigos da vítima afirmam que o jovem tinha depressão profunda; Prefeitura da cidade e PRF-MA se posicionaram sobre o assunto
São Luís – O caso da morte de Luís Carlos Almeida, 19 anos, que na última sexta-feira, 4, teria saído de casa após um surto psicológico e andando cerca de 2 km, totalmente sem roupas, gerou revolta nas redes sociais, durante todo o final de semana. De acordo com amigos e familiares de Luís, a Polícia teria visto toda a situação e não prestado ajuda ao jovem, eles também apontam negligência da Polícia.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Prefeitura Municipal de Porto Franco se posicionaram sobre o ocorrido na cidade. Segundo a PRF, uma equipe de plantão na BR-010 tentou ajudar e prestar auxílio ao rapaz, mas ele teria se recusado a ser atendido.
“Em determinado momento o rapaz entrou em uma área particular e não foi mais visto pelos policiais, pois a escuridão o encobriou”, afirmou nota oficial. A PRF disse ainda, que essa atitude impossibilitou que a equipe ajudasse Luís.
Já a Prefeitura da cidade, divulgou posicionamento oficial, somente neste domingo, 6. A nota disse que assim que tomou conhecimento do caso, entrou em contato com o Comando-Geral do Corpo de Bombeiros solicitando apoio.
“O prefeito Deoclides acompanhou, junto com pessoas da Administração Municipal, familiares e amigos, as providências que foram tomadas para o resgate do corpo”, pontuou a prefeitura.
Na tarde de sábado, 5, o corpo de Luís Carlos foi encontrado sem vida no Rio Tocantins.
Repercussão
Nas redes sociais, muitas pessoas começaram a pedir por “justiça para Luís Carlos”, já que familiares e amigos afirmam que a Polícia foi negligente, já que o viu caminhando pelado até o local da sua morte.
Vale ressaltar, o fato do jovem não ter sido detido por atentado ao pudor. No Brasil, andar pelado pela rua é considerado crime, segundo o artigo 233 do código penal, pois é considerado prática de ato obsceno.
Internautas chegaram a divulgar um vídeo onde um camburão da polícia é visto acompanhando o jovem pelas ruas de Porto Franco. Inclusive, no vídeo, não é possível identificar de qual polícia é o veículo.
O secretário de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), Francisco Gonçalves, se manifestou sobre o caso, neste domingo, 6, ele disse que a SEDIHPOP está acompanhando por meio da Coordenação Estadual da Política LGBT e da Ouvidoria de DH, Igualdade Racial e Juventude, além da Superintendência de Combate à Violência Institucional (SCVI).
Veja alguns dos tweets sobre o caso nas redes:
Luís era amigo dos meus alunos e iria ingressar o curso de pedagogia na UFMA. Ontem caminhou por 2km numa cidade de 30mil habitantes (logo conhecido por muitos), nesse percurso foi escoltado pela polícia, filmado e humilhado. Jogou-se no Rio Tocantins e ninguém FEZ NADA. https://t.co/xMbzwuDiJc
— Mari (@marypisani) June 6, 2021
Luis Carlos é mais uma vítima de uma sociedade indiferente, totalmente acostumada a ignorar pedidos de socorro. O jovem viveu a vida toda sendo discriminado em Porto Franco, sul do MA. Cansado, num surto psicótico, tirou a própria vida. NINGUÉM AJUDOU A EVITAR E ERA POSSÍVEL. https://t.co/Mx8XGuUSgD
— Daniel Lélis 🏳️🌈 (@dannlelis) June 6, 2021
Sobre o caso do jovem LGBT, Luís Carlos, ocorrido ontem em Porto Franco/MA, a Sedihpop acompanha por meio da coord. Estadual da Política LGBT; da Ouvidoria de DH, Igualdade Racial e Juventude; e da Superintendência de Combate à Violência Institucional (SCVI). Minha solidariedade! https://t.co/ktfuLsial3
— Chico Gonçalves (@xicogoncalves) June 6, 2021
Nota oficial da PRF-MA:
"Sobre o caso de um homem que caminhava nu durante a noite de sexta-feira (04) no perímetro urbano da cidade de Porto Franco, sudoeste do Maranhão, fato amplamente divulgado em rede social, a assessoria de comunicação da PRF no estado do Maranhão informa o que se segue:
1 - Uma equipe PRF de plantão na BR-010 adentrou a cidade quando tentou ajudar e prestar auxílio ao rapaz, que rejeitava a ajuda da equipe. Ainda assim, mesmo fora da rodovia, os policiais continuaram fazendo 'batedor' para resguardar a integridade física do mesmo.
2 - Em determinado momento o rapaz entrou em uma área particular e não foi mais visto pelos policiais, pois a escuridão o encobriou.
3 - Na impossibilidade de ajudar o rapaz, que negava ser auxiliado, a equipe PRF, considerando que o local é jurisdição da polícia militar, os PRFs tentaram contato com a PM local, mas os policiais militares não puderam deslocar, pois a viatura estaria em outra missão.
4 - Na impossibilidade de ajudá-lo, face a negativa do rapaz e, tendo em vista que o mesmo desapareceu na escuridão, adentrando uma propriedade privada, os policiais realizaram mais algumas buscas a pé, mas não conseguiram localiza-lo na escuridão. Diante disto tomaram rumo à rodovia e retomaram suas atividades de ronda.
A PRF informa que presta centenas de auxílios diariamente em todo o país. No Maranhão, os auxílios aos usuários das sete BRs que cortam o estado oscilam entre 04 a 18 apoios diários. Por outro lado, quando a pessoa não quer ou não aceita ser ajudado, na maioria das vezes os policias não conseguem fazê-lo, como foi o caso narrado acima.
À disposição para maiores esclarecimetnos.
Antonio Noberto
Núcleo de Comunicação Social/SPRF-MA"
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