Imunização

Orientação: Maranhão suspende vacinação de grávidas com AstraZeneca

Entrevistadas por O Estado dizem estar com receio de receber dose dessa vacina após morte suspeita de gestante; orientação de suspender é da Anvisa

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Vacina AstraZeneca não está sendo aplicada em grávidas
Vacina AstraZeneca não está sendo aplicada em grávidas (vacina / astrazeneca / covid-19 / pandemia)

São Luís - De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Maranhão suspendeu a imunização de gestantes e puérperas com a vacina AstraZeneca, atendendo às recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A decisão veio após a notificação de morte suspeita de uma gestante de 35 anos que recebeu o imunizante. A orientação do órgão aconteceu na noite de segunda-feira, 10, e a confirmação da suspensão por causa do óbito suspeito ocorreu no dia seguinte. A O Estado, gestantes disseram estar receosas em se imunizar depois do acontecido.

“Foi notificada à Anvisa, na última sexta (7 de maio de 2021), pelo próprio fabricante da vacina Oxford/AstraZeneca/Fiocruz, a Fiocruz, a suspeita de evento adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico com plaquetopenia ocorrido em gestante e óbito fetal”, informou a Anvisa, em comunicado.

A orientação da Anvisa é que a indicação da bula da AstraZeneca seja seguida pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde. A vacina vinha sendo usada em gestantes com comorbidades. Agora, só podem ser aplicadas nas grávidas a CoronaVac e a vacina Pfizer. Segundo a SES, até o momento, não houve notificação no Maranhão de reações adversas a vacinas contra Covid-19.

Receio

As seis grávidas e uma puérpera de 16 dias entrevistadas pela reportagem, se dizem com receio de tomar a vacina contra a Covid-19. Elaine Coelho, de 21 anos, está na sua segunda gestação e afirma que sente incerteza em tomar a vacina. “Saiu a notícia da grávida que morreu após tomar essa vacina, então a gente fica com receio de tomar as outras também, os estudos ainda são poucos, porém eu quero tomar e espero assim ficar prevenida”, destacou.

Já Patricia Rocha, grávida de 29 semanas, optou por não se vacinar, pois para ela os estudos em torno das vacinas ainda não estão totalmente elucidados. “Foi feito em caráter emergencial, sendo assim, ainda não se sabe os efeitos que pode causar a longo prazo, principalmente no bebê, por não ser 100% segura e nem 100% eficaz optei por não me vacinar”, ressaltou. Patricia disse ainda, que a decisão foi conversada com o seu médico obstetra e que vai continuar com os cuidados para evitar contrair o coronavírus, novamente.

“Com 4 meses, eu tive covid, no entanto, cepas novas surgem a todo momento, então a possibilidade de me infectar novamente é grande. Eu trabalho, diariamente, direto com o público, então é máscara sempre, álcool em gel do lado e sempre que possível lavo as mãos”, concluiu.

Juliana Sousa de 23 anos, ainda não tomou a vacina e tem receio de receber a imunização. “Sinto receio de tomar uma vez que toda vacina contra covid não foi inserida nos estudos para gestantes e nem teve teste clínico antes”, afirmou.

O caso da enfermeira Syanne Cutrim é um pouco diferente. Ela foi imunizada sem saber que estava grávida, ela disse que se tivesse sabendo teria receio de ser vacinada, já que não se sabe as reações para quem está gestante. Ela tomou a primeira dose da CoronaVac em fevereiro e a segunda, cerca de um mês depois. “Quando tomei não sabia que estava grávida, nem tinha desconfiança”, disse.

Josileide Lobato de 35 anos, deu à luz há 16 dias e ainda não tomou a vacina. "Até então eu não tinha receio de tomar a AstraZeneca, mais depois do caso da moça que faleceu, e estão suspeitando que foi a vacina, eu fiquei com receio", desabafou.l

Josileide Lobato de 35 anos, deu à luz há 16 dias e ainda não tomou a vacina. "Até então eu não tinha receio de tomar a AstraZeneca, mais depois do caso da moça que tomou e faleceu, e estão suspeitando que foi a vacina, eu fiquei com receio de tomar ela, essa AstraZeneca", desabafou.

Saiba Mais

Maranhense participa de estudo da Oxford sobre efeitos da Covid-19 na gravidez

O Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA) gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), teve recentemente um estudo publicado na renomada revista JAMA Pediatrics. O estudo é coordenado por pesquisadores da área perinatal da Universidade de Oxford e fornece informações detalhadas sobre os efeitos da Covid-19 na gravidez. Chamado de INTERCOVID, ele revela o risco aumentado de formas graves da Covid-19 para mulheres grávidas infectadas e sintomáticas, com SARS-CoV-2.

No Brasil, o estudo foi desenvolvido no HU-UFMA, pela médica neonatologista Marynéa Vale, em conjunto com a médica neonatologista, Patrícia Marques, e as enfermeiras Ana Cláudia Garcia Marques e Rebeca Aranha Arrais Santos Almeida, sob a coordenação da professora doutora Maria Albertina S. Rego, da Universidade Federal de Minas Gerais.

O artigo é fruto do trabalho de mais de 100 pesquisadores e que envolveu mais de 2.100 mulheres grávidas (com e sem diagnóstico da Covid-19) de 43 maternidades em 18 países incluindo os de baixa, média e alta renda, em todo o mundo. O estudo revelou que o risco de complicações de doenças graves, em mães e em recém-nascidos, é substancialmente maior na presença da doença.

“Embora 59,2% dos casos diagnosticados tenham sido assintomáticos, mulheres potencialmente saudáveis, sem comorbidades, que adquiriram a infecção Covid-19 tiveram um risco muito mais alto de evoluir com pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, infecções graves, admissão em unidades de terapia intensiva, evolução para o parto pré-termo espontâneo ou por indicação médica, e morte materna. Mulheres grávidas com diagnóstico de Covid-19 que estavam acima do peso ou tinham diabetes, doenças cardíacas, hipertensão ou doenças respiratórias crônicas tinham quase quatro vezes mais chances de desenvolver pré-eclâmpsia, segundo resultados observados”, afirmou trecho da nota da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Os resultados neonatais refletem a gravidade da doença materna, com risco maior de complicações da prematuridade em recém-nascidos de mães infectadas. Das mães testadas positivas para COVID-19, 12,1% dos seus recém-nascidos testaram positivos, a maioria nas primeiras 48h de vida.

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