Dia das Mães

"Me tornei mãe durante a pandemia"; conheça histórias e experiências

Entenda os benefícios e desafios enfrentados pelas novas mamães neste momento; psicóloga explica riscos e indica cuidados que devem ser tomados para assegurar a saúde mental das genitoras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Carolina Lewis Picolotto e Catarina Lewis Picolotto
Carolina Lewis Picolotto e Catarina Lewis Picolotto (DOM)

São Luís - A experiência de se tornar mãe é vivenciada de forma diferente por cada mulher, mas geralmente é marcada por sentimentos divergentes. Ao mesmo tempo em que, para muitas, é a realização de um sonho e uma grande alegria, também é um momento de fragilidade emocional e física, próprias da experiência.

Essa dicotomia é algo natural, conforme explica a psicóloga Cassiane Amaral. "O período do puerpério é um momento muito delicado, que mobiliza, porque deixamos de ser filhos de nossos pais para nos tornarmos pais de nossos filhos. Muitas mulheres se sentem tristes e inseguras. Existe, muitas vezes, um apelo da mídia que incentiva a amamentação com mulheres maquiadas, plenas e que esquecem de abordar que o início da amamentação é dolorido, difícil e que nem todas as mulheres conseguirão manter este processo e que tudo bem se sentir assim".

E se esse momento é, igualmente, tão especial e delicado normalmente, em tempos de pandemia, tanto os benefícios quanto os desafios podem se potencializar. "A pandemia está afetando todos nós e não é diferente com a maternidade. O que acontece é que a rede de apoio tão importante neste período, está sendo afetada por conta do isolamento social", afirma a psicóloga.

Carolina Lewis Picolotto, que se tornou mãe da Catarina em 4 de outubro de 2020, concorda que o isolamento social foi o seu maior desafio em vivenciar a maternidade durante a pandemia. "O ponto negativo que eu vejo foi o fato de não poder partilhar esse momento com amigos e familiares, da forma como imaginávamos. Quando iniciou a pandemia, que foi bem quando eu descobri a gravidez. Queria que fosse diferente, fiquei pensando 'bem agora que estou vivendo o momento mais importante da minha vida acontece isso'. Lamentei por não poder estar com quem eu amo naquele momento, principalmente quando fizemos o chá de fraldas", desabafa a nova mamãe.

Porém, no caso de Carolina Picolotto, o amor driblou o isolamento e encontrou formas de se fazer presente, mesmo que à distância. "Acabamos nos adaptando, usando a tecnologia, principalmente, para nos mantermos perto de quem amamos", declara.

Cassiane Amaral concorda que manter o contato virtual é uma ótima alternativa: "O uso de vídeochamadas pode amenizar este isolamento. Poder ver um bebê em desenvolvimento, mesmo através de uma tela, nos traz esperança e nos lembra que a vida continua apesar da pandemia", afirma a profissional.

Benefícios que a pandemia trouxe à experiência da maternidade
Para Carolina Picolotto, a pandemia não trouxe apenas desafios, mas também oportunidades e benefícios. A mãe, que divide o seu tempo entre os cuidados com a Catarina, as rotinas da casa e o trabalho na sua empresa de organização de eventos, afirma que a necessidade de reclusão foi positiva.

"Hoje eu vejo o quanto foi importante viver a gravidez mais 'isolada', porque com isso pude curtir mais cada momento, descansar, estudar sobre maternidade, parto e cuidados com o bebê, coisas que eu não teria como fazer se estivéssemos vivendo um momento normal na vida. Como meu esposo e eu trabalhamos de casa, pudemos viver esse momento de forma mais intensa", explica.

Para a mamãe, um elemento muito importante para conseguir ressignificar essa vivência foi sua fé. "Esse momento de pandemia me permitiu fortalecer mais a mente, corpo e alma, principalmente a minha fé. Por conta disso, em nenhum momento me desesperei, nem tive medo, embora a situação fosse propícia para isso. Com certeza, isso me fez muito mais forte e resiliente como pessoa, mas principalmente como mãe", declara.

Refletindo sobre sua experiência, Carolina Picolotto entende que os momentos bons superaram qualquer dificuldade. "Foi uma experiência com muito mais pontos positivos do que negativos, com toda a certeza. Gerar uma vida já é algo único e especial, gerar uma vida em um momento em que a morte estava em evidência, trouxe esperança e força para nossa família, nos fez relembrar que a vida se renova a cada dia", afirma.

Depressão pós-parto e cuidados necessários para a saúde mental materna
A pandemia, certamente, apresenta fatores agravantes para a fragilidade emocional materna. Porém, independente do momento atual, a saúde mental das mulheres que passam pelo puerpério deve ser alvo de cuidado e atenção. Qualquer mulher pode vivenciar momentos de tristeza e até uma depressão pós-parto.

"A depressão pós-parto pode ser leve, moderada ou até grave com risco de vida para mãe ou para o bebê. E existe inclusive a psicose puerperal. Múltiplos fatores podem desencadear uma depressão pós-parto porque é um momento de ressignificação", explica a psicóloga.

E para auxiliar as mamães nessa fase de maior sensibilidade, Cassiane Amaral indica a atenção dos afetos e, se necessária, ajuda profissional: "A rede de apoio social é muito importante neste momento. Existe também uma área da Psicologia que é a Psicoterapia Pais de Bebês que atende pais e bebês de 0 a 3 anos para auxiliar neste período".

Para os familiares e amigos, às vezes, pode ser difícil saber o que fazer para ajudar, mas a profissional orienta que o mais importante é se mostrar disponível: "Coisas simples podem ajudar uma mãe que está em sofrimento mental. Porque nesta fase tomar banho, escovar os dentes e dormir são artigos de luxo. Escute esta mãe, ofereça ajuda no que ela quer. Às vezes o que ela quer é algo simples, mas que irá auxiliar muito", completa.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.