Infectados

Pandemia: Padres do Maranhão são vítimas do novo coronavírus

Dados do CNP mostram que 1.390 padres diocesanos já foram acometidos pela Covid-19 ; no Maranhão, foram 62 casos, com dois óbitos

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Igreja Católica perdeu 65 padres para a Covid-19; 1.390 tiveram a doença
Igreja Católica perdeu 65 padres para a Covid-19; 1.390 tiveram a doença (Igreja católica)

São Luís - A pandemia de Covid-19 (SARS-CoV-2) causou grande impacto em todo o mundo, inclusive na Igreja Católica. Dados mais recentes da Comissão Nacional de Presbíteros (CNP), vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mostram que 1.390 padres diocesanos do Brasil já foram contaminados pelo novo coronavírus, com 65 óbitos. Somente no Maranhão, foram 62 casos confirmados da enfermidade entre padres, com a ocorrência de duas mortes.

João Dias Rezende Filho foi um dos padres que morreu em decorrência do novo coronavírus, no Maranhão. A Arquidiocese de São Luís informou que o presbítero do clero foi acometido pela Covid-19 no final do mês de março deste ano e estava internado no Hospital Universitário (HU-UFMA), no Centro, onde morreu na tarde de quinta-feira, 6.

O corpo do padre foi sepultado, no dia seguinte, no Cemitério do Gavião, no bairro Madre Deus, apenas com a presença de familiares e alguns religiosos. Ele era pároco da Paróquia Nossa Senhora da Luz, localizada na cidade de Paço do Lumiar, desde 21 de março do ano passado e por seis anos esteve à frente da coordenação religiosa da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila São Luís.

O padre José Bráulio Sousa Ayres, de 66 anos, também faleceu devido a complicações da Covid-19, no dia 18 de maio do ano passado. Muito conhecido e querido na capital maranhense, o religioso nasceu em Penalva e foi ordenado sacerdote em 6 de dezembro de 1981. Quando foi acometido pela doença, exercia a função de pároco na Paróquia Santíssima Trindade, localizada na Cidade Olímpica.

De acordo com os dados da CNP, 62 padres foram acometidos pelo novo coronavírus no Maranhão. O registro dos religiosos infectados pela doença foi nas cidades de Balsas, com dois casos; Brejo, 5; Carolina, 4; Caxias, 3; Coroatá, 8; Grajaú, 5; Imperatriz, 8; Pinheiro, 8; Viana, 4; Zé Doca, 4 e São Luís, com 11 casos.

Seguindo o protocolo
O coordenador Arquidiocesano da Ação Evangelizadora Missionária, padre Jadson Borba, disse que as celebrações estão ocorrendo nas paróquias, seguindo as orientações do protocolo sanitário imposto pelo governo estadual, para evitar a proliferação da Covid-19.

Ele contou que a portaria do governo orienta que as organizações religiosas somente podem funcionar com metade de sua capacidade. As igrejas devem retirar bancos e cadeiras até que sejam atingidos os 50% da capacidade e podem fazer marcações, para indicar onde os fiéis devem sentar no horário da celebração.

Jadson Borda informou que as paróquias estão mantendo à distância de dois metros entre as pessoas e evitando aglomerações na entrada e na saída das igrejas. O uso da máscara é obrigatório durante a celebração e o ato de higienização das mãos com álcool em gel.

O religioso declarou que a Arquidiocese de São Luís se solidariza com todas as famílias que estão sofrendo a dor da partida de seus entes queridos e a Igreja continua em oração. “Devemos reascender em nossos corações a fé na vida e na missão. A ressurreição do Senhor é uma resposta da vida sobre a morte”, frisou Jadson Borba.

Dados
Os dados da quantidade de infectados de religiosos no país foram levantados pela Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP) e construído com base em consultas nas 18 regionais da CNBB, que agregam 278 circunscrições religiosas do país entre dioceses e arquidioceses.

Apesar do número alto de infectados, eles podem ser ainda maiores, uma vez que focou somente nos padres diocesanos. Os padres ligados a congregações religiosas não foram contemplados com essa pesquisa.

NÚMERO
62
padres no Maranhão já foram infectados pelo novo coronavírus

SAIBA MAIS

Como a Igreja Católica lidou com as pandemias ao longo do tempo

Peste bubônica: essa enfermidade desencadeou uma pandemia na segunda metade do século XIV e sendo responsável por 75 a 200 milhões de mortos. Nessa época, o discurso de padres era na linha de oferecer conforto espiritual aos enfermos e foi solicitado aos fiéis que rezassem pelos doentes e mortos na privacidade de suas casas.

Gripe espanhola: Em 1918, morreram de 40 a 50 milhões de pessoas no curso da gripe influenza, ou gripe espanhola, como é popularmente conhecida. A doença, que teve os seus primeiros registros nos Estados Unidos, foi denominada de “gripe espanhola", uma vez que o país foi o primeiro a admitir a existência do vírus. No Brasil, a Igreja Católica intensificou sua atuação durante a pandemia da gripe influenza. Em algumas regiões do país, as atividades religiosas foram ampliadas na tentativa de suplicar soluções de cura junto ao sagrado.

Cólera: ocasionou seis pandemias entre 1817 e 1923. A atual, a sétima, começou na Indonésia em 1961. A última epidemia de cólera ocorrida no Brasil foi no ano de 1991 e teve 168.646 com 2.035 óbitos até 2004, com a maioria dos casos em estados do Norte e do Nordeste. A partir de 1855, a doença resultou na proibição de sepultamentos em igrejas (em razão dos “miasmas” que poderiam ser gerados pelos corpos). Foi recomendando a criação de cemitérios fora do perímetro urbano. A medida das autoridades sanitárias mexeu com uma forte tradição, gerando incômodos entre a população.

Gripe Suína: vírus influenza H1N1 foi responsável pela pandemia de 2009. A doença surgiu em meados de abril no México e logo se espalhou para diversos países. No ano de 2016, para evitar o contágio da H1N1, a Diocese de São José dos Campos, em São Paulo, impôs mudanças no ritual litúrgico das celebrações da Igreja Católica no município. O comunicado com pedido de cuidados especiais foi divulgado às paróquias. Em 2009, na pandemia mundial, outras dioceses já haviam proposto as mesmas restrições. Entre as recomendações, estão evitar dar as mãos ao rezar, o fim da saudação de paz e a distribuição da hóstia na eucaristia apenas nas mãos dos fiéis - normalmente é feita na boca. Os párocos também foram orientados a permitirem a máxima ventilação nos templos. Ações semelhantes às observadas na atual pandemia da Covid-19.

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