CPI da Pandemia

Após fala de Bolsonaro, ministro se reúne com embaixador chinês

Marcelo Queiroga (Saúde) vai conversar com representante do governo da China para negociar mais insumos para vacina; encontro acontece após Jair Bolsonaro insinuar que um guerra biológica foi motivo para criação do coronavírus

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Marcelo Queiroga diz que se reunirá com embaixador chinês hoje
Marcelo Queiroga diz que se reunirá com embaixador chinês hoje (Marcelo Queiroga)

Brasília - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou, ontem, durante depoimento na CPI da Pandemia no Senado, que deve se reunir hoje com representantes chineses, em especial o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, a fim de tratar da disponibilização de insumos farmacêuticos ao país.
O anúncio acontece um dia após o presidente Jair Bolsonaro voltar a veicular teorias conspiratórias, entre elas, a de que o novo coronavírus havia sido concebido em laboratório como parte de uma guerra biológica.
“Vamos continuar trabalhando para manter as boas relações que o Brasil tem com a China no que tange à questão da Saúde. Eu e o ministro das Relações Exteriores Carlos França estamos trabalhando juntos”, disse Queiroga.
“Estou com muitas esperanças de que consigamos ampliar ações com a China independente de quaisquer fatos”, completou.
O senador Humberto Costa (PT-PE), quem perguntava ao depoente, ironizou o otimismo do ministro. "Eu imagino que ajudou muito a fala do presidente. O senhor vai chegar amanhã na Embaixada da China e vai ser recebido de braços abertos", afirmou.
Medicamentos
O depoimento do ministro da Saúde criou um clima tenso na CPI da Pandemia, diante da resistência do auxiliar de Bolsonaro em responder qual sua posição sobre o uso da cloroquina em pacientes da Covid-19, medida defendida pelo presidente da República, mesmo sem eficácia comprovada do medicamento contra a doença.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), elevaram o tom e as cobranças para que Queiroga se manifestasse objetivamente sobre o tópico, enquanto que o ministro afirmou não ser esse o momento apropriado para dar sua opinião sobre o medicamento.
"Não faço juízo de valor acerca da opinião do presidente. É uma questão de natureza técnica. No começo, o uso compassivo (do remédio) foi feito em diversas instituições e já existem (estudos) controlados que mostram que naqueles pacientes mais graves esse medicamento não tem efeito; no intermediário, o medicamento não tem efeito", disse Queiroga, que, no entanto, foi interrompido por Renan, segundo quem o ministro não estava respondendo à sua pergunta.

Terceira onda
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem que a situação pela qual passou o estado do Amazonas serve de alerta para evitar uma terceira onda de contaminação pelo novo coronavírus no país. Segundo o ministro, o momento não é de relaxamento, mas, sim, de ampliar a campanha de vacinação ou aderir às medidas não farmacológicas, como o distanciamento social e uso de máscaras.
"Nós conhecemos o contexto e o que aconteceu em Manaus e no Amazonas com esse número de mortes. Serve de alerta para que estejamos absolutamente vigilantes para que não tenhamos uma terceira onda dessa doença que pode ser muito perigosa para nossa população", disse Queiroga. Entre as medidas, o ministro destacou o preparo de recursos humanos não só nas unidades de tratamento intensivo, mas também na rede de atenção primária e saúde suplementar.

Aglomerações
Queiroga afirmou que "todas as situações de aglomerações" contribuem para a disseminação do novo coronavírus. A declaração foi dada em resposta ao senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE), que o questionou sobre se a realização das eleições em 2020, com o aval da Justiça Eleitoral, teria colaborado para a ampliação do contágio da covid-19.
"Nós temos nessa segunda onda a implicação de uma variante do vírus, essa variante P1, e tem sido alardeado pelas autoridades sanitárias essas questões dessas aglomerações. E não só o processo eleitoral, mas como as festas de final de ano, as férias, o carnaval, então todas essas situações em que as pessoas fazem aglomerações e muitas vezes não adotam as medidas não farmacológicas elas contribuem para aumentar a circulação do vírus", disse Queiroga. l

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