Entrevista

Mandetta critica CPI da Covid e diz que foco deve ser vacina

Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, concedeu entrevista no Programa Ponto Final, da Rádio Mirante AM, e disse ainda que neste mês de abril, o Brasil deverá alcançar 400 mil mortos; ele fez críticas ao presidente Bolsonaro

Gilberto Léda/Da Editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Mandetta falou sobre a CPI da Covid dizendo que se fará investigação porque falta transparência
Mandetta falou sobre a CPI da Covid dizendo que se fará investigação porque falta transparência (Henrique Mandetta)

gilberto léda
Da editoria de Política


O ex-ministro da Saúde e ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta avaliou ontem, em entrevista ao programa Ponto Final, da Rádio Mirante AM, o atual momento da pandemia no país e criticou o que, segundo ele, tem sido falta de foco com a vacinação da população. Ele completou, no dia 16 de abril, um ano fora do Ministério da Saúde.
Durante sua participação no programa, o ex-ministro criticou a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que deve iniciar os trabalhos na próxima terça-feira, 27. O gestão dele - e sua saída da pasta - deve ser alvo das investigações.
"Eu acho que o ideal seria que a gente não precisasse fazer CPI. Que a gente tivesse tudo transparente com todos os dados dispostos à população. Quando você fala em investigação, significa que querem saber coisas que não estão às claras. Acho que, nesse momento, nosso foco deve ser vacina, tem que ser buscar melhor condição de atender o povão, de poder fazer um programa social, poder dar um alento às pessoas", afirmou.
Para ele, o Brasil tem banalizado as perdas de vidas para a pandemia da Covid-19. "As pessoas relaxaram”, disse. O ex-ministro projeta 400 mil mortes ainda em abril - já são 381 mil óbitos registrados.
"Ano passado quando estava lá no ministério, a gente ainda estava trabalhando meio junto. Então, a gente conseguiu pular aquela primeira fase. Lógico que teve dificuldade, perdemos gente, mas ainda tinha uma equipe de trabalho mais organizada. Agora, tá difícil. Os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, tá todo mundo extenuado, fadigado. Banalizou muito a perda de vida. Capaz de nesse mês de abril a gente fechar 400 mil óbitos. É muita coisa", avaliou.

Vacinas
Com mais de 38,3 milhões de doses já aplicadas no Brasil até a tarde de ontem, Mandetta acredita que o desempenho do país na vacinação poderia ter sido melhor se tivesse havido mais empenho, no ano passado, para a compra de imunizantes.
“O Brasil errou em alguns pontos. Vários, eu poderia falar aqui. Mas um que é principal, que eu não consigo entender, nem que alguém queira me explicar, é por que o Brasil não fez o contrato de comprar as vacinas em julho, agosto do ano passado quando elas foram oferecidas? Se a gente tivesse comprado em julho, agosto, teríamos começado a vacinar nosso povo em novembro. E não tinha que ser uma marca de vacina, tínhamos que comprar três, quatro, o que tivesse, e a gente já hoje estaria com isso controlado”, comentou.
Ele apontou o negacionismo do governo federal - e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - como um dos fatores para essa demora nas negociações.
"De repente o governo ficou, naquele segundo semestre do ano passado, nesse negócio de ficar falando que não toma vacina, que vai virar jacaré, conversa que não tinha motivo. Pra mim, o maior erro foi esse. Para sair desse problema é pela ciência, não adianta a gente pensar: "Eu vou tomar remédio tal, tomar cloroquina, tomar ivermectina”. Isso não tira, se tirasse, o mundo inteiro teria adotado", completou.

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