BRASÍLIA
O presidente Jair Bolsonaro realizou ontem uma reforma ministerial com seis trocas no primeiro escalão do governo. As trocas foram anunciadas pelo Palácio do Planalto.
As mudanças surpreenderam porque, até o fim de semana, a única troca tida como provável nesta semana era a do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Criticado por sua atuação durante a pandemia, o chanceler teve a demissão pedida por deputados e senadores e, no domingo, 28, sacramentou sua saída após um atrito com a senadora Kátia Abreu (PP-TO).
Bolsonaro aproveitou a saída de Araújo para realizar uma reforma maior em sua equipe ministerial. O governo atualmente tem 22 ministérios – a independência do Banco Central aprovada pelo Congresso fez com que a instituição deixasse de ser contabilizada nessa lista.
Saída
Além de Ernesto Araújo, pediu demissão o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Levi.
José Levi estava no cargo desde abril de 2020, quando foi nomeado para o lugar de André Mendonça, que na ocasião assumiu o Ministério da Justiça. Mendonça passou a comandar o MJ após a saída de Sérgio Moro.
Nos bastidores, um dos motivos para saída de Levi foi o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra medidas restritivas adotadas na Bahia, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul.
José Levi não assinou o documento. Ao analisar o caso, o ministro Marco Aurélio Mello, decano do STF, negou o pedido de Bolsonaro entendendo que não cabe ao presidente da República acionar diretamente o Supremo, o que foi considerado pelo ministro "erro grosseiro".
Com a saída de Levi, André Mendonça voltou ao cargo que ocupava antes de assumir o Ministério da Justiça.
Para a vaga de Mendonça, Bolsonaro escolheu o delegado da Polícia Federal Anderson Torres.
Também deixou o governo o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Em carta, ele tornou oficial sua exoneração da pastas.
Mais
Mudanças no governo
Casa Civil da Presidência da República: Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo;
Ministério da Justiça e Segurança Pública: delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
Ministério da Defesa: general Walter Souza Braga Netto, atual chefe da Casa Civil;
Ministério das Relações Exteriores: embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira que estava na assessoria especial da Presidência da República;
Secretaria de Governo da Presidência da República: deputada federal Flávia Arruda (PL-DF);
Advocacia-Geral da União: André Mendonça, que já chefiou a AGU no início do governo e está atualmente no Ministério da Justiça.
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