Mulheres vulnerabilizadas

Ressocialização de mulheres em situação de rua e dependentes

Atualmente, 49 mulheres fazem parte do programa de ressocialização no CAPS

Bruna Castelo Branco / Editora do Alternativo / Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Paciente recebe atendimento no CAPS AD
Paciente recebe atendimento no CAPS AD (CAPS AD)

São Luís - À margem da sociedade, muitas mulheres que estão em situação de rua ou são dependentes químicas, são estigmatizadas pela sociedade, e estão mais sujeitas a violências por não serem vistas e tratadas como humanas. Vulnerabilizadas, muitas dessas mulheres precisam apenas de um suporte, apoio, e tratamento adequado para passarem pelo processo de ressocialização. E é pensando nesse projeto, que o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS AD) mantém um projeto voltado apenas para o resgate e atendimento dessas mulheres que estão em situação de risco e vulnerabilidade.

Maria da Conceição Carvalho começou a fazer uso de substâncias aos 22 anos, entre recaídas ao longo da vida, ao chegar aos 40 anos se rendeu ao vício. Ela chegou a praticar atividades ilícitas para sobreviver. Mas com a ajuda do seu sobrinho, que é presidente de um Centro de Atendimento Psicossocial em Goiás, decidiu encontrar ajuda na CAPS AD de São Luís, onde atualmente, comemora sete meses de reabilitação e participa de aulas de profissionalização.

“Eu comecei mesmo a usar drogas com 22 anos, mas sempre que eu tentava parar tinha recaídas, e aí, quando fiz 40 anos eu voltei. Cheguei a morar em bocas e fiz coisas que me arrependo, mas cheguei num ponto que percebi que isso não era pra mim, e decidi receber ajuda do meu primo. Ele sempre conversava comigo e eu dizia que não queria, mas vi que aquilo não era vida. Quando eu cheguei aqui já fui bem recebida por uma psicóloga, e no mesmo dia eu já estava alojada”, relata.

O projeto conta com uma equipe de psicólogas, médicas, enfermeiras e assistentes sociais, todas mulheres, para acolher e dar suporte a essas mulheres que foram, muitas vezes, expostas à violência durante a dependência química e enquanto estavam em situação de rua. Apenas em 2021, o CAPS AD já atendeu uma demanda de 95 mulheres, e dessas, atualmente, 49 estão fazendo parte do acompanhamento.

“Durante o processo de acompanhamento são feitos grupos psicoterapêuticos específicos para as mulheres, uma vez que sabemos que as mulheres têm dificuldade de falar de seus problemas e de suas situações, que levaram a esse momento que elas estão vivendo, na frente de homens, pois muitas vezes eles foram desencadeados por fatores de violências anteriores”, explicou o diretor do Centro, Marcelo Costa.

Além do atendimento médico, psicológico e social, também são feitas atividades direcionadas somente a elas, como oficinas de bijuteria, oficinas de corte costura, oficinas de crochê, oficinas de tapete. Com essas atividades, é possível desenvolver aptidões relacionadas a economia, que são fatores determinantes para a inclusão delas na sociedade.

“Um dos fatores que prejudica a mulher em buscar o tratamento, é a questão do preconceito. É importante a gente colocar para a sociedade que a mulher também pode ter o adoecimento mental, também está sujeita a ser dependente química, e pode estar em situação de vulnerabilidade. Isso é considerado vergonha, mas pelo contrário, é uma coragem. Quando ela busca ajuda, ela se expõe, e a gente sabe que isso é uma dificuldade.”, explicou o diretor, Marcelo Costa.

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